domingo, 4 de maio de 2014

Caráter
James . Desenho e foto Fernanda Correia Dias

Ser por si. Ser por que é.
Ele se banha sozinho, se leva para comer e beber água sozinho.
Se deita e dorme sozinho, sem que tenha convivido com nenhum outro gato, para aprender como ser gato.
Como deitar-gato... Sentar-gato....
Apenas é sendo. 
Tenho uma admiração imensa por ele e quando ele me adotou e passou a tomar conta de mim, delicadíssimo, percebi que ele trazia uma preciosidade no olhar: Me olhava com o olhar da minha mãe. Era o gatinho dela. Me olhava como se fosse ela. Impressionante.
Então, passei a piscar para ele e ele a piscar para mim. Como um espelho. Tal qual fazia com ela e para minha surpresa ele faz igual. Igual.
Piscando compreendi que ele me via e distinguia o que era eu olhar para ele e o que era eu piscar para ele.
Compreendi que ele me observava e prestava atenção em mim. Minha mãe sempre conversou comigo por olhares ou com o olho... apontava com o olho... confirmava, desconfiava, avisava...
Quando soube que 20 minutos antes de chegar em casa ele já está miando para avisar que sabe que eu estou próxima, fiquei mais emocionada.
Ele é um gato muito pequeno, se comparado a outros siameses enormes que eu conheço. Tudo nele é muito delicado. Os cílios. Os bigodes. A ponta do rabinho. Ah... a ponta do rabinho é uma antena, uma quinta perna, um chicote, uma mãozinha suave movida por pensamentos tocando meus braços, minhas pernas, me acarinhando tal qual minha mãe fazia. Precioso.
Fernanda Correia Dias
In Precioso


Nenhum comentário:

Postar um comentário