sexta-feira, 9 de outubro de 2020

 

Calma . Foto Fernanda Correia Dias


 Maria Mathilde A Intransponível Inteligência.

Considerada por seus contemporâneos e familiares  A Perfeição.

Portadora de várias inteligências evidentes! 

Identificada e reverenciada por todos os inteligentes como :

 Maria Mathilde A Intransponível Inteligência.


Com ela, aprendi muitas inteligências.

A mais valiosa?   Ação. Agir.

Sempre leal e honestamente em excelência.


 A primeira inteligência: Me ensinou que a inteligência estava dentro de mim e que existiam muitas formas de acessá-la. Me fez perceber um acesso, quando me ensinou a ler as horas! A conhecer e reconhecer a abstrata, a minha inteligência em mim.

Se eu tenho quatro anos de diferença do meu irmão que estava aprendendo a ler as horas, com ela,  eu era bem pequena, quando ela me ensinou as horas! Quantos anos eu teria? Não sei. Nunca mais esqueci e tenho hoje,  mais de 60 anos.

Eu era louca para saber, porque quando  perguntavam na rua ou em casa, ela lia no relógio de pulso ou da parede a hora e dizia num lindo sorriso para quem estava perguntando: Tantas horas! E todos  agradeciam e sorriam para ela em resposta ao  mais lindo sorriso!

Mas...como?  Como? Como ela lia a hora na caixinha do  relógio?? Como que faz para ler a hora? Eu queria muito aprender! E eu  disse que eu queria que ela me ensinasse. Era tão honesto e eu era tão pequena, que ela me ensinou. O menino morreu de rir de mim, menosprezando pelo meu tamanho, minha capacidade de aprender  e ela seriamente, olhando dentro do meu olho, mostrando admiração e respeito por mim, me ensinou a ler a hora e simultaneamente ensinou à ele, a respeitar meu interesse em saber. Pegou o relógio de papel que  estava usando para ensinar as horas para ele e me mostrou que ali havia dois ponteiros de papel, um grande e um pequeno, presos ao centro com alfinete. Me explicou que o ponteiro pequeno dizia a hora enquanto o ponteiro grande ficava com um braço levantado no 12.

Fui lendo o pequeno: um... ela disse é hora, é uma! repeti, uma...e em seguida ela apontava para eu ver o ponteiro grande com o braço levantado e dizia “hora” ! E dizia para eu fazer o mesmo, dizer em voz alta  o que estava lendo.

E agora era o numero dois... dois/ hora... não, ela me corrigia para o feminino e plural: horas!  Duas horas e explicava que dois eram mais que um...E três/horas!... e ela sorria apontando o quatro e me incentivando a levar o ponteiro menor adiante até chegarmos ao número 12/ horas, quando o pequeno apontava para o 12...E ambos estavam juntos! Eu entendi a dança, mas queria entender como é que ela dizia 13 ou 14 horas e até 18 horas se aqueles números não estavam no relógio??? E a hora do meu aniversário, 24 horas? E ela me mostrou que depois do 12 eu tinha que somar o 1,2,3,4 para falar que já passavam das 12hs... ou do Meio do Dia e íamos chegar ao Meio da Noite... Às 24horas...

Compreendi  o abstrato da hora formada com a soma, para chegar às 13, 14, 16 horas, 23 horas... era sempre o 12 mais a hora que o pequeno estava marcando... Isso trouxe uma luz interna de saber como formar o número. Experimentei essa luz em mim. Inclusive com a subtração, e enxergar a hora que estará marcando no relógio... Dezenove menos doze, sete horas...Dezesseis menos doze, quatro horas. Compreender os minutos foi uma simples decorrência do que eu já sabia. Isso foi tão "para sempre" e definitivo na minha vida,  que eu leio as horas assim até hoje. Com esse modo de aprendizado definitivo, inesquecível e transmissível.

Aprendi a viver a inteligência em mim e a praticá-la. Também aprendi que inteligência é transmissível e que não depende do seu "tamanho". Ensinei a minha irmã a ler as horas.


A segunda inteligência: ler a tabuada e conhecer o óbvio da lógica!

Assim também foi com a tabuada... quando tenho dúvida do numero que digo de forma automatizada, faço dupla conferencia perguntando se para ser 64 tem ali realmente  oito vezes o numero oito, no numero sessenta e quatro!

Você que me lê, percebe a diferença de ensinar definitivamente alguma coisa? Entregar uma inteligência? Percebe essa inteligência?


A terceira inteligência: Me enxergar! Perceber a minha própria Significância , meu Valor para mim!

Generosa, ela sempre foi na minha vida e na de todos, uma biblioteca inteira de raciocínios, lógicas, conceitos, práticas filosóficas, experiências verdadeiras, entregas sinceras, festas cognitivas,  reencontros associativos, salvamento de emoções,  i n e s q u e c i v e i s ! Vivemos 51 anos uma ao lado da outra, e me ensinou a praticar essa inteligência:   “Você não se enxerga não?"

Reflitam sobre essa expressão que é o olhar dentro.

Estando  dentro de si mesmo olhar para o dentro de si! É de um ser que pensa. É uma conversa entre o iluminado e o iluminismo! Não é conversa com a luz, mas com a sua própria clarividência. O estado que a luz faz com você. Balança as ideias cegas. É uma inteligência de se enxergar e de querer bem a si mesmo, antes de todos. Se não me amo, não me tenho e quem gosta de mim, sou eu!. 

As vezes somos muito e nos desvalorizam. As vezes não sabemos o que fazer conosco e nos enganam. Olhe para dentro de si mesmo. Veja onde você está, o que está fazendo consigo, por quê está fazendo, para onde está indo, o que está levando, o que está deixando, o que sabe de si? "Tenha confiança em você lembrando que só você e mais ninguém pode gostar de você de forma verdadeira."

Eu tenho essa pergunta que ela me deu! Uma inteligência que eu faço para mim: "Você não se enxerga não?" e logo me encontro quando me respondo: "Quem gosta de mim, sou eu!" ou" Tenho confiança em mim porque só eu posso fazer por mim o que preciso fazer".


Quarta inteligência: lembrar da palavra Perfectível! E de tudo o que está em torno dela!

Essa palavra que ela me deu, sangue do seu sangue, do dela e do meu, veio junto com o conceito que tudo pode e deve ser aperfeiçoado continuamente na direção da excelência. Perfectível, palavra inteligente e autoexplicativa.

 É claro que tudo  pode e deve ser aperfeiçoado continuamente e principalmente nós mesmos. Tudo em nós  é suscetível de ser aperfeiçoado, em constante reforma, conforme o caráter mudando, a  percepção menor para a maior,  ampliada e ampliando,  aperfeiçoando esse raciocínio de estar sempre mudando para melhor, na verdade da paz. Ser hoje melhor que ontem. Aprimorando ideias, conceitos, práticas, ações e estudando continuamente.

Inclusive, a minha própria formação como bailarina, designer, ilustradora e escritora, que são  exercícios práticos e do continuo aperfeiçoamento, o exercício de fazer melhor, a cada instante, os mesmos exercícios sempre, praticar o aperfeiçoamento.

 Estudar muito e sempre a filosofia, as letras, as técnicas  e as artes, colocar o melhor de mim em tudo o que faço. Assim tudo terá uma evidente beleza, uma evidente excelência, porque é aprimoramento contínuo. Viver em estado perfectível.


Quinta Inteligência: O Amor é uma inteligência em estado de ação. Tem uma radiação imensurável, atinge distâncias inimagináveis é a maior força humana, tudo ilumina, aquece, acolhe, liga e reúne.

"sem Amor não somos nada, nada!"

Fale a palavra, pratique o verbo consigo e com todos. Pensará melhor, mais e  grandiosamente, pensará altivo, em estados mentais mais altos.  Mais elevados, mais acelerados. É um oceano de abundancias de qualidade de vida quando é Amor. Não há nenhuma forma de alcançar a felicidade verdadeira se não for através do amor verdadeiro. Ele não está no outro. Está em você. Isso é viver a inteligência do Amor. Transforma  a pedra árida, na mais polida, na mais brilhante pedra mental.


Sexta Inteligência: A reflexão

Ela me ensinou que a falta de convivência humana, falta de relacionamento, afasta muito o ser humano de si mesmo. É preciso termos motivos para nos aproximarmos e a arte, o artista e a ciência, nos aproximam da nossa condição humana de ver o outro, buscar o entendimento. Quando compreendemos o outro nos afastamos do ódio, da inveja, da raiva e nos unimos. A união nos protege e nos fortalece em mais reflexão.

 Uma das questões mais preocupantes e penso que sempre foi, é: Até aonde nós conseguiremos ser humanos. Isso: ser um humano ser humano, já que o computador já está dentro do nosso corpo, já existem várias placas na pele, no coração... O computador já entrou no corpo humano. Até que ponto  nós vamos precisar mesmo de sermos humanos ou de sermos apenas uma extensão da máquina... Não sei. Eu sempre olhava para aquele assunto de " Eram os deuses os astronautas?" Aquele  filme, aquele  livro, aquelas bibliografias relacionadas, todas e também aquelas imagens esculpidas em idades remotas em civilizações que chegaram até a  momentos que desapareceram e conversava com ela. Eu inventava que uma elite técnica construiu uma nave e partiu do Planeta Terra para habitar outro luar no universo. Isso era uma reflexão.

Hoje isso é uma possibilidade real uma vez que a fortuna está na mão de  3 ou 5 indivíduos mais ricos do mundo, que podem  decidir entre si, que são mesmo os únicos donos  mundo...Quais valores essa elite praticará, sendo eles, humanos mortais... ou a esta altura já serão extensões de máquinas... ou as próprias máquinas? Ou já são?

Para isso serve a pesquisa e a riqueza?

Se  estudar alguma coisa com o Marcelo Gleiser físico, que comenta que  o Planeta Terra é o único Planeta que tem vida humana e que é uma raridade no Universo e que deveríamos cuidar melhor do Planeta para cuidarmos de nós mesmos, aquela minha referencia de que eram os deuses os astronautas faz mais sentido ainda.  Em algum momento o homem chegou a tal nível de ciência, tal como nossos dias, que acabou dando uma volta no Universo de aeronave e retornando ao Terra... recriando novas civilizações...aqui mesmo no Planeta Terra com os eleitos... assim caminha a humanidade quando não se destruiu com guerras ou pestes. Para dar sempre uma nova voltinha no Universo e retornar ao Planeta Terra e construir nova civilização... Parece que faz isso há muito tempo, porque basta cavar... e...

 Então talvez tivéssemos que aprender também com isso, logo e imediatamente, como quando compreendemos a ler as horas ou raciocinar na tabuada e praticar o  Perfectível e o Amor. Talvez tenhamos que ter uma arqueologia e antropologia mais dedicada para rever esses conceitos todos  e o homem enxergar cientificamente a  responsabilidade por ele e pelos demais.

Que não basta ser só essa ciência, ou extensão e inteligência artificial anunciada de descontrole próximo...Essa tecnologia  autodestrutível, mas conhecer as sabedorias, esse acumulo de riquezas! O estudo das sabedorias dos povos mais antigos, dos índios, das civilizações anteriores,  e aprender tudo sobre o humanismo. Visualizar, tomar as providencias imediatas e salvar o homem e o mundo do pior de si mesmo.

Não é?


Sétima Inteligência: A Ação . Agir.

  No livro Cânticos minha avó Cecília Meireles tem ali  26 poemas filosóficos universais, e num deles,  avisa para multiplicarmos os nossos olhos  para vermos mais. Viver nessa multiplicação dos olhos e vendo mais, é o Estado de Ação. É o Agir.

Elaborar novos raciocínios para as mesmas coisas e agir ! Ação gera novas visões.

Não importa que as regras existam, o que importa é se você tendo conhecimento de todas, no maior numero possível, obtenha a melhor decisão possível entre tudo o que você estudou e concluiu e que entre imediatamente em ação!

 O Sol, a Lua e a Verdade são as únicas coisas no mundo que não podem ser escondidas. Não por muito tempo.*

Você aprendeu? Aprendeu essas inteligências? Aplique. Já.

Fernanda Correia Dias

in intus=dentro; lègere=recolher ou Inteligência, ou 13 anos de saudades.

Para a minha mãe maravilhosa Maria Mathilde, mulher extraordinária

 de múltiplas e intransponíveis inteligências..

Para minhas filhas Kenya e Gaya

*Buda