quarta-feira, 28 de maio de 2014

Hibisco com pitangas
Hibisco com pitangas. Foto Fernanda Correia Dias

Melhor exemplo ela me entregou e eu quis para praticar. Nela era evidente a disposição para enfrentar todos os dias e todos os seres com alegria, porque foi ela quem me ensinou a sentir que viver é  ótimo. Dela eu tenho a evidencia filial do queixo com o sorriso largo e a confiança que tudo posso mudar em mim. E se isso posso, mudo a volta também. Coragem para renunciar as grandes mas também todas aquelas minimas vaidades. Me ensinou a ficar com o mérito e ceder cada bom-bom e inclusive a caixa para os fracos , frouxos e deprimidos. Preferir as pitangas, as peras e os damascos aprendi assim. Transformar a preguiça em ação, ir, fazer, voltar com o feito, bem-feito e compreender que o cesteiro que faz um cesto, faz um cento. Estar presente, bem perto e bem próxima. Abraçada, de mãos dadas, no colinho e ser muito, mas muito beijada!. A morte é certa . A unica coisa certa o mais é invenção. Vamos inventar o certo para viver o que é certo. Papel, caneta e seda e leveza no coração.
Fernanda Correia Dias
in Conto em conto



Hibisco com pitangas em Búzios II . Foto Fernanda Correia Dias

Ah.. sim... Tem que ter educação. Porque a falta de educação atrapalha todos os instantes. A educação é  a amor. O Amor deve admirar e querer para si aquele comportamento que eleva e pratica constante e autentica harmonia.
Que reúne e agrega por harmonia.Uma sensibilidade. A unica. Aquela que vai deixar um caminho de beleza na memoria da ausência. 
Fernanda Correia Dias
in Conto um conto


terça-feira, 27 de maio de 2014

Hibiscos com pitanga em Búzios . 
Hibiscos com pitanga em Búzios . Foto Fernanda Correia Dias

Vou te contar rapidamente: Gosto de marido! Homem que gosta de viver casado. Que gosta de filhas, família, dormir juntinho, conversar abraçadinho acender ao meu lado a lareira no escuro, assar cebolas e batatas! Andar ao meu lado descalço sobre a  areia e ao longo da praia com a bainha da calça molhada e ter idéias engraçadinhas tais como surfar ou velejar comigo, passar a tarde comigo e o por-do-sol no deck, na biblioteca ou no museu, lembrar de comprar um pincel, de me convidar para ouvir oboés e violoncelos, me passar o prego e o martelo ou me pedir para ligar na tomada a furadeira! Gosto que ele goste de me dar as flores porque sabe que eu gosto de rosas vermelhas, lirios brancos, jasmins,angélicas e magnólias. De me dar livro e peixe que eu gosto. De me apertar contra o peito dele e cheirar meu corpo com o perfume que eu gosto de usar. Me receber com uma taça de água fresca ao abrir a porta ou de me dar um copo de água gelada quando estou na duche quente.
Porque eu... Eu sou menina de campeão, sou muita areia para caminhãozinho dele, sou Lá vem ela...sou miss Brasil 2000, sou morena da praia, sou a moça do corpo dourado, a maravilhooosa...
-A vida é mais, muito mais que bons momentos. Tem todos aqueles mimos mínimos que não vou lembrar porque está caindo uma chuvinha gostosa e entrando um green grass pela janela e me dando um soninho, amanhã te conto.
Fernanda Correia Dias
in Quem conta um conto?





segunda-feira, 26 de maio de 2014

Oitocentos

Palmeirinha . Pintura em Azulejo . Foto e pintura de Fernanda Correia Dias

Oitocentos instantes publicados. Significa que parei para sentar diante do computador escrevi e publiquei.
Me inscrevi no instante da escrita e da publicação. Nesta postagem que é a publicação oitocentos e um, quero escrever estas palavras: Educação, Educação, Educação. Educação para a Educação, Educação para a Saúde, Educação para a Engenharia, Educação...
Aquela mesma e ainda tão solicitada por minha avó Cecília Meireles.
O próximo presidente precisa ser um grande educado bem sucedido. Eu escrevi um educado. Para inspirar com seu exemplo.O exemplo do estudo, leva para o estudo, o exemplo do bem, leva para o bem. O exemplo do bom, leva para o bom. O exemplo dos virtuosos inspira mais virtuosos.
Fernanda Correia Dias
in Educação, Educação, Educação...
O Bichinho clorofila no braço do menino . Foto Fernanda Correia Dias

As estranhas impressões que tenho de pessoas, me faz perceber que eu posso ser o bichinho clorofila sobre o braço do menino e que os pelos não são pelos, nem o braço é braço e tão pouco o menino existe sem perceber que eu é que sou um esquisitíssimo bichinho clorofila  no braço do menino....e que o menino sente pavor e medo e eu não!

Logo eu, que amo encontrar pessoas, percebo em muitas pessoas uma atração por sua antiguidade na minha vida logo no instante do primeiro encontro, algo que sabe que eu sou irmã  delas desde o sempre e que se nunca mais nos reencontrarmos seremos ainda assim a mesma antiguidade. 

Percebo muitas pessoas que adotaram determinadas paixões, verdades, manias, modismos, ídolos,  gurus, etc... e que  deixam elas muito longe delas, mas dentro destas escolhas-escudos-de-si-mesmas e isso é  muito interessante entrar na vibração delas, na viagem delas...No que elas pensam que são para si mesmas (e talvez sejam...)  Entrar, sentir e sair, porque aquilo não me pertence.

Tem um grupo que se identifica com a perfeição, e deseja comandar muitas pessoas, altos cargos, grande poderes, lutas diárias, mas pouco muito pouco, pouquíssimo podem oferecer que não seja o que dizem que trazem: irritação, raiva e bravatas ou isso como a ferramenta do marketing que os afasta da verdadeira liderança, talvez.

Um grupo de sonâmbulos eternamente jovens, rasgam, quebram ou dançam pacificamente, estão mergulhados nos sentimentos... os músculos das asas parecem inexistentes. Talvez estes pudessem ser acordados... Mas quem os acordaria?

Uns bichinhos isolados dançam na praça, fotografam insignificâncias, cantam no coro, trabalham arduamente para a vida ser o possível com beleza e principalmente amor...Amor...Ensinam o que sabem e aprendem sempre. Estudam todos os dias...e não são verdes nem oferecem perigo. Mesmo assim o menino grita. Pode ser mais um daqueles famosos passarinhos em que as penas estão por dentro...ou não.

Fernanda Correia Dias
in Bichos, Bichinhos









sexta-feira, 23 de maio de 2014

Cadeiras
Eu e Eça de Queiros no Vilarino . Foto Fernanda Correia Dias

Cadeira 1.
Levei o Eça para o Vilarino. Comi salame com passas e bebi suco de laranjas enquanto lia.
Pensei em todas aquelas cadeiras e nos encontros dos sentados com os que chegavam.
Costumava frequentar o Vilarino quando criança e adolescente ao lado de minha mãe, a Maria Mathilde.Comprei as caixinhas vermelhas de passas que ela comprava para mim e pedi o salame no pão, para celebrar aquele meu encontro com a mamãe, o espaço, as mesinhas e cadeiras do mesmo chão de pastilhinhas raras. Foi uma tarde de leitura, com um sentimento de afeto transbordante reencontrado e a linda moça da caixinha vermelha de passas igualzinha a mamãe me olhando...

Cadeira 2
Levei a carta do Banco na bolsa para falar  com o gerente. Sentei na cadeira para esperar o atendimento e vi que Vieira estava ao meu lado.A vida tem estas  maravilhosas arrumações onde pessoas que você nunca mais soube por mais de quarenta anos, onde andaram e onde andam, um belo dia estão sentadas ao seu lado.
Então eu cedi meu lugar ao lado de Vieira para a senhora que chegou. Fiquei em pé. Mas subitamente a cadeira do outro lado de Vieira, ficou também vazia e todos me olharam esperando que eu sentasse. Sentei. Num único dia, sentei duas vezes ao lado de Vieira e resolvi dizer para ele que eu sabia que ele era ele. Ele que um dia, quando eu tinha 15 anos, me informou :Você que é tao inteligente e talentosa deveria fazer o vestibular da Puc para estudar Desenho Industrial academicamente... E me avisou que a Puc tinha aberto um vestibular isolado e com prova de português eliminatória.Eu já fazia peças de acrílico, roupas, bolsas, sapatos, moveis quando ele me informou isso, mas por toda a minha vida profissional estive ao lado do Vieira porque passei naquele vestibular isolado. Inclusive as minhas filhas que também são designers e que nunca viram o Vieira, sabem que ele me deu aquela informação. Falei isso para ele, e ele que não se lembrava disso ainda ouviu: Qualquer dia tomaremos um cafe com as meninas e elas vão te dizer que você, Vieira,  sempre esteve entre nós.

Cadeira 3
Querida, querida, (levantando-se da cadeira que eu sentaria para testar o óculos) tenho que ir para a minha aula de canto, porque hoje é dia de cantar no meu coral, foi o que disse a tia da balconista da ótica... 
_E onde você canta tem lugar para mais uma? Perguntei.
_Tem, vem, vamos e eu fui! Eu canto porque o instante existe*...
Peguei o óculos e parti. Sou soprano.
Perguntar  é ótimo.
.* Motivo de Cecilia Meireles

Cadeira 4
Eu gosto quando os rapazes que me acompanham me oferecem as mãos para descer de alguma escada, o braço para subir ou que ofereçam a cadeira.
Eu gosto da minha educação que pratica gentilezas e se tem alguma coisa na minha vida que eu nunca me arrependo é  de ser gentil. A gentileza é  a pratica do humanismo. Mas nem todos sabem.
Deviam saber.

Fernanda Correia Dias
in Cadeiras







sábado, 17 de maio de 2014

Cartas do Paraíso . FCD

Cartas do Paraíso . FCD . Fernanda Correia Dias .
 Foto Kenya Correia Dias . 2004

Por este sol, por este mar e por toda esta brisa
lembre-se da espuma, do sal e da areia.
É deste mesmo mistério que é feita a vida...
_divirta-se!
Fernanda Correia Dias
in Cartas do Paraíso . FCD
Fernanda Correia Dias

OBS
Gaya Correia Dias vestida em poema e Kenya Correia Dias  fotógrafa da poesia
O ano é 2004, a praia é Ipanema. Cartas do Paraíso. FCD (iniciais de Fernanda Correia Dias).
Assino os poemas que escrevo e estampo em roupas desde criança mas as Cartas do Paraíso iniciei em 1990.
Conheço colecionadores destes produtos. Faça as contas! Vinte e quatro anos...
Beijo pessoas!
FCD



Ovos de lagartixa
Ovos de lagartixa . Foto Fernanda Correia Dias

Filomena deixou dois ovos. Lindos perfeitos, branquinhos, aqui estão ampliados, mas não passam de um centímetro cada um!
Filomena deixou os ovos bem escondidos, eu pensei que eram continhas de colar e peguei, coloquei na caixinha-de-continhas-de-colar-cor-branca. Filomena não deve ter entendido nada. Com certeza não me perdoa...
Mas eu quero te dizer, Filomena, que a vida é assim. Traz umas mudanças imensas nos nossos destinos!
Estamos felizes progredindo e trabalhando em nossos ideais, sem fazer nenhum mal à ninguém e uma mão misteriosa, maior que as nossas vidas, nos desloca para um lugar que desconhecemos. Que nunca estivemos. Que nada sobre aquele lugar sabemos. E tome polca!
Polca é uma dança popular da região da Boêmia... Se não sabe dançar, aprenda Filomena! É animado.
A vida tem que prosseguir. Vamos nos desenrolando por ali, por aqui, mesmo sem saber por que estamos aqui ou ali. Vamos! 
Eu já passei por várias mudanças imensas no meu destino e foram tantas que eu estou especialista, mas Filomena, não acredite que você possa ser uma especialista imbatível em mudanças e que nada novo possa te surpreender, porque aquilo que está de ruim, ainda pode ficar pior! E aquilo que está ótimo, pode chegar à Excelência máxima! Portanto, tudo que posso te dizer é mantenha-se com a cabeça em cima do pescoço porque depois do primeiro, quarto ou enésimo golpe virão outros!
O mundo dos seres humanos está repleto de seres equivocados, distribuindo juízos sobre tudo e sobre todos! As vezes, até errando acertam, quando é para acertar... E nem sabem o que fizeram.
Foi o que aconteceu comigo. Separei as bolinhas brancas para fazer o colar com outras e quando retornei encontrei quatro casquinhas de dois ovinhos abertos.
Filomena, você é mãe de mais duas lagartixinhas! Parabéns!
E eu para você sou um monstro...
Filomena... Você não usa óculos... se usasse ia perdoar a audácia das minhas mãos em mudar seus filhotes de lugar...Ia compreender. Mas compreender Filomena... Quem quer compreender? É tão fácil blá-blá-blá!
Cuidado Filomena com o que você vai dizer por aí...Pode estar errando. Os seres humanos esqueceram-se de serem humanos.
Fernanda Correia Dias
in Lagartixas.




Revista Portugal . Eça de Queirós . 1880
Revista Portugal  . Eça de Queirós . 1880 . Foto Fernanda Correia Dias

É possível que você perceba que já existiram autores muito superiores em idéias e conclusões que aos de hoje?
As Editoras de livros pagam dez por cento do preço do livro aos autores e ficam com noventa por cento para si, está errado? Está certo? Os dez por cento é obediência a lei dos Direitos Autorais, está certo? Está errado? Todas Editoras cumprem a Lei dos Direitos Autorais indubitavelmente, está certo? Está errado?As máquinas impressoras fazem quarenta mil livros em dez minutos e cada livro sai pelo custo de dois reais, está errado?  Está certo? Os livros são vendidos por vinte e cinco reais, cinquenta e cinco reais, noventa e cinco reais, está errado? Está certo? As editoras precisam de autores com excelência, está certo? Está errado? Autores com excelência brasileiros são raros, está certo? Está errado? As Livrarias não podem comprar livros, está certo? Está errado? As livrarias trabalham com livros consignados, está certo? Está errado? Livros com excelentes autores vendem muito, está certo? Está errado? Livros com excelentes autores não encalham nas vendas, está certo? Está errado? O povo brasileiro é muito culto, está certo? Está errado? O povo brasileiro lê vinte e quatro livros por ano, está errado? Está certo? O povo brasileiro lê um livro a cada dois dias, está certo? Está errado? O povo brasileiro compreende tudo o que lê, está certo? Está errado? Os simpósios de filosofia estão superlotados de audiência, está certo? Está errado?Autores não merecem receber pagamento por seu trabalho, está certo? Está errado? O povo brasileiro é muito sabido e não precisa ler, está errado? Está certo? Livros excelentes são excelentes sempre, está errado? Está certo? Autores excelentes devem ser publicados, está certo? Está errado? Livros antigos nada ensinam, está errado? Está certo?
Sugiro que você leia Eça de Queiros e se possível numa edição como esta de 1880. Muitas perguntas como estas você mesmo encontrará suas próprias respostas.
A Lei do Direito Autoral Brasileira ainda é melhor que nada, mas não é a Lei ideal. precisa proteger mais o autor, a obra, etc.. .Para ficar melhor o autor brasileiro precisa pensar e para pensar deve ler. Muito. Alargar os horizontes. Pode começar por livros antigos. E depois de ler, agir para tudo ser e ficar melhor. Só quem pensa é capaz de mudar de pensamento. A excelência não é um ato, mas um hábito...(Aristóteles)
As Editoras de livros devem buscar a Excelência e devem ser Exemplares. Isso só já seria o início de uma uma boa mudança, certo ou errado?
As Editoras de Livros deveriam praticar com lisura a Lei do Direito autoral.

Fernanda Correia Dias
in  Todos os Direitos Reservados







Frutinhos 
Frutinhos da Palmeira . Foto Fernanda Correia Dias

Aquele casal ia na minha frente, brigando e a criança no carrinho.
No corpo dele uma raiva e no dela vários gritos.
Aquela criança em estado de espanto vez por outra trocava olhares comigo e eu ficava imediatamente com uns três anos de idade e piscava meu olho para ela.
Ela percebeu em mim alguma sabedoria. Eu percebi que eu nada sabia que não fosse fazer companhia, assim, com amor no olhar. 
Aquele pai com raiva talvez não amasse mais aquela mãe e a mãe aos gritos não amasse mais aquele pai.
Era o que eles diziam. Expressavam. Gritavam.
Nunca entendi porque os seres humanos não conseguem praticar o amor justamente nesta hora, quando é deste amor que todos os três mais precisam, ainda que seja, para que os três fiquem definitivamente separados. Os Frutinhos da Palmeira ensinam estas pequenas sabedorias. Somos todos interdependentes. Estamos todos interligados.Vamos amadurecendo e deitando no chão de terra. Somos tudo e somos nada.
Mas enquanto somos tudo, vermelhinhos e vivos, somos principalmente o amor, o amparo, o socorro, os amigos, os irmãos, as mães, os pais, os primos, as primas, os tios, os sobrinhos, os avós... Estamos todos interligados. 
Fernanda Correia Dias
in Frutinhos da Palmeira





sexta-feira, 16 de maio de 2014

Frutinhas da Palmeira

Frutinhas da Palmeira . Foto Fernanda Correia Dias

Você passa todos os dias por aquele lugar e a palmeira esta ali.
Você olha a linda palmeira e ela conversa com você: Bom dia!
Seu coração fica alegre  e responde, Bom dia palmeira linda!
Mas tem um dia, que você não acredita no que esta vendo...e você esta vendo...
A palmeira esta coroada de frutinhas, verdes e vermelhinhas e é uma festa. 
O tom do verde e do vermelho é especial...
A luz do dia esta perfeita...
Seu coração fica repetindo: Que beleza... Que beleza...Palmeirinha linda...
Agradecida por esta felicidade...

Fernanda Correia Dias
in Palmeiras e palmas
e este teclado sem acentuação

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Água

Água na sombra . Foto Fernanda Correia Dias

Vou deixar meu boi na sombra. Então eu pensava no seu boi e via a sombra onde ele estava. Isso me transmitia a gerencia da sua psique. Você estava me dizendo que ia aguardar o desenrolar dos dias...das ideias, das reações. E uma áurea de paz envolvia seu boi na sombra e quando eu te olhava eu via o seu boi deitadinho sobre um pasto verdinho e sob uma arvore fresca e com a copa bem larga.
Vem pela sombra filhinha, vai pela sombra Fernandinha!. E eu escolho o lado da calçada com sombra e vou lembrando de você e desta delicadíssima orientação que sempre me traz sua companhia. E porque sempre estou pela sombra, sempre estas comigo.
Dou um boi para não entrar e uma boiada para não sair. E era isso mesmo. Ao termino, vencidos, traziam as honrarias e depositavam aos seus pés com os infinitos pedidos de perdão e desculpas.Fazem isso ate hoje, quando percebem que estão sendo massacrados por suas próprias consciências
O boi é  meu amarro onde quero. Sempre com disciplina e harmonia. Sem perturbar, fazia seu lacinho na pontinha da corda, olhava para mim e sorria. Eu sinto ainda a mesma e  imensa alegria interior de te ver me olhando e sorrindo depois de me ensinar a dar o lacinho na pontinha da corda prendendo o boi!
Primeiro vou dar água para o meu boi, depois vou ver o que faço e se sigo o caminho.
Eu via você passando com o boi bufando, sedento e você guiando o boi para o riacho...Pra la ia o caminho...
Meu boi esta todo furado! Teus olhos cheios de lagrimas olhavam para mim e eu sentia no meu peito a covardia que fizeram com você e te levava para dentro do meu abraço.
Estou exausta de tanto tourear! Uma tourada! Sua elegância espiritual acima de todos. Uma excelência para os poucos.Uma luminosidade atingindo a tudo.
Água na sombra! Sombra e água fresca!Refrescante pensar na água na sombra... E naquela moringuinha com copinho que você me deu. Muito companheira e sua companhia, mummy! Ve quanto estamos juntas?

Fernanda Correia Dias
in Boi, boi, boi e água na sombra



terça-feira, 13 de maio de 2014

Cores

Cartela de cores atlânticas . Foto Fernanda Correia Dias

No dia das mães comprava uma caixa bem bonita e colocava dentro dela, tudo o que eu achava que você precisava. Uma cafeteira moderníssima, um novo travesseiro de plumas, Lençois e fronhas bonitas e sedosas, roupinha elegante, prendedores e arcos de cabelo com flores, esmalte e tesourinha de unha, sandália de couro e pedras...Livros, filmes e lindos cadernos para você escrever suas poesias. Travesseiro de bom-bons. Bouquet com duas duzias de rosas e cartõezinhos com palavrinhas minhas e das meninas.Amarrava com fita e flores e você abria ficando sempre muuuuuiiiiiiitttooooo feliz.
Eu sabia que estava. E em seguida saiamos. De preferencia para bem longeeeeeee. Por exemplo, Búzios!
Fernanda Correia Dias
in Ver-te e rever-te




Verde
Bicho verde no fundo amarelo . Foto Fernanda Correia Dias

Na fotografia como está ele é seis vezes menor que este tamanho, mas tão pequeno e tão expressivo com o olhar, que é  mesmo um grilhinho falante. Delicadíssimo. Iridescente.Sobre o amarelo do plastico da mesa, uma vidinha de pele verde para lembrar como a vida articula bem suas idéias minimas. 

Fernanda Correia Dias
in Vida minha vida 


quinta-feira, 8 de maio de 2014

Algarve
Flores do Algarve 2000 . Portugal . Aquarela e fotografia Fernanda Correia Dias

Pega assim este instante entre as mãos,
Faz assim uma conchinha com cada uma.
Trata com carinho o instante.
Como eu tratei quando vi estas exuberantes flores.
Quatorze anos passados e elas ainda vivas estão aqui,
diretamente daquele instante.

Fernanda Correia Dias
in Instantes


terça-feira, 6 de maio de 2014

Auto-ajuda
Olavo Bilac no Passeio Público . Foto Fernanda Correia Dias

A que conclusão chegaram os intelectuais brasileiros sobre os efeitos dos livros de auto-ajuda na multidão leitora, passados 20 anos???
A sociedade ficou melhor? Estamos mais  fortes? Habilidosos? Competentes? Sadios? Espiritualmente? Intelectualmente? Emocionalmente? E nossos filhos? 
O lucrativo ramo editorial de Auto-ajuda agora investe em mais auto-ajuda ou mudou o foco? Está publicando Olavo Bilac?
Olavo Bilac criou a letra do Hino à Bandeira. Alguém sabe cantar?
Se soubesse já era uma ajuda em tanto! E como era! E como é!
Fernanda Correia Dias
in Conclusões?

domingo, 4 de maio de 2014

Caráter
James . Desenho e foto Fernanda Correia Dias

Ser por si. Ser por que é.
Ele se banha sozinho, se leva para comer e beber água sozinho.
Se deita e dorme sozinho, sem que tenha convivido com nenhum outro gato, para aprender como ser gato.
Como deitar-gato... Sentar-gato....
Apenas é sendo. 
Tenho uma admiração imensa por ele e quando ele me adotou e passou a tomar conta de mim, delicadíssimo, percebi que ele trazia uma preciosidade no olhar: Me olhava com o olhar da minha mãe. Era o gatinho dela. Me olhava como se fosse ela. Impressionante.
Então, passei a piscar para ele e ele a piscar para mim. Como um espelho. Tal qual fazia com ela e para minha surpresa ele faz igual. Igual.
Piscando compreendi que ele me via e distinguia o que era eu olhar para ele e o que era eu piscar para ele.
Compreendi que ele me observava e prestava atenção em mim. Minha mãe sempre conversou comigo por olhares ou com o olho... apontava com o olho... confirmava, desconfiava, avisava...
Quando soube que 20 minutos antes de chegar em casa ele já está miando para avisar que sabe que eu estou próxima, fiquei mais emocionada.
Ele é um gato muito pequeno, se comparado a outros siameses enormes que eu conheço. Tudo nele é muito delicado. Os cílios. Os bigodes. A ponta do rabinho. Ah... a ponta do rabinho é uma antena, uma quinta perna, um chicote, uma mãozinha suave movida por pensamentos tocando meus braços, minhas pernas, me acarinhando tal qual minha mãe fazia. Precioso.
Fernanda Correia Dias
In Precioso


Silencio
James . Desenho e foto Fernanda Correia Dias
Compreendo. Temos por aqui um silencio, um silencio baseado numa teoria. Compreendo. Mas o fato é que não sei qual é a teoria nem do que se trata. Desconheço. Ao ignorar a teoria, nem posso me perturbar com o silencio. Sugiro que você fale e me comunique o que desejas que eu conheça com silencio.
E simples. Porque eu sou como as crianças, abraço a tudo e a todos com muito carinho e ate pelas costas. Poucos podem fazer isso. Eu posso.
Fernanda Correia Dias
in Bom dia Vida!


Consciência tranquila

James IV - Desenho e fotografia de Fernanda Correia Dias

Vou te explicar, assim: Quando o meu relógio interno diz: vai para a caminha eu vou e durmo.Nem sonho. Durmo com minha consciência tranquila. Durmo mesmo e acordo dizendo Bom dia mundo! Bom dia vida!
Com uma disposição invejável, eu sei. Mas a inveja dos outros me faz muito mal. Eu sinto que me subtrai vitalidade. Depois da subtração eu tenho que me dizer: este mal não me pertence, estou devolvendo a você e me despeço desejando que Deus te devolva multiplicado por mil tudo o que me desejares, Amem! Pode ter certeza que sempre penso isso quando me despeço de alguém. Faço isso imediatamente em pensamento. Meu amigo percebe a inveja. Vejo o quanto ele se ofende.Ontem ele escreveu num guardanapo assim: Teorias são fantasias frias. Vive-vivendo acharas o que busca - e na busca vem o achado. Procura... p/ F.C.D. Ele é muito sensível. Minha amiga Helena também é, e logo me afasta daquela energia me ensinando a pensar: E o boi lambeu!
Gogoia bloqueia a presença da pessoa invejosa com o corpo. Vira de costas para a pessoa e de frente para mim. Faz como minha mãe fazia.
Eu amo qualquer pessoa, porque é  pessoa. Vou e volto com minha consciência tranquila. E durmo, nem sonho! Vivo, procuro e sou encontrada.

Fernanda Correia Dias
in Bom dia vida!


sábado, 3 de maio de 2014

Pensando bem.
Pensando bem . Foto Fernanda Correia Dias

Na minha pre-adolescência eu era a solista do coral da escola. Me lembro quando a maestrina classificou a minha voz como solista soprano. Eu tinha que me colocar quatro passos a frente do coral no palco e ao lado do piano de calda quando estávamos ensaiando no auditório. Cantava Carolina/Chico Buarque, Sabiá de Chico Buarque e Tom Jobim lindamente porque eu sempre me emocionava com os primeiros versos e encontrava um timbre especial nas cordas vocais. Em particular as Sabiás viviam na casa da minha Avo Cecilia Meireles de quem eu tinha muitas saudades. Cantava Travessia de Milton Nascimento e soltava a voz.

Na adolescência eu cantava musicas que meus amigos escreviam e musicavam e os músicos da nossa banda tocavam. Ganhamos o primeiro lugar no Festival de Musica do Colégio.
Porque ganhamos o primeiro lugar do Colégio fomos para o Festival Inter-estudantil concorrer com os outros colégios, levando a mesma musica. Então ganhamos novamente o primeiro lugar nos destacando dos demais Colégios.
A minha voz era uma voz limpa, alta e sensível. Uma soprano.

Antes de entrar na faculdade eu cantei com outros músicos, mas nesta fase eu escrevia as letras para as musicas que nossos músicos compunham. Tocávamos em Colégios, nos fins de semana, tínhamos um publico que nos acompanhava, enchíamos auditórios de Colégios e ganhávamos um trocadinho que pagava o aluguel das mesas de som, kombi, etc...Cantávamos em Colégios em outras cidades. O publico levava gravador de fitas K-7 á pilha e gravavam nossas performances.

Trabalhando como Diretora de Arte e Criação convidei os músicos Goldmacher, Verocai, Terra, para gravar em seus estúdios jingles que criei a letra e que eram reproduzidos em rádios. Minha voz era boa para gravar as musicas e os speakers.Criava os jingles para complementar a criação de Campanhas Publicitarias impressas, ao que chamávamos de mídia impressa e eletrônica...

Vendo as propagandas de cigarro das revistas, comprei cigarro charm e passei a fumar.
Aos poucos fui sentindo muita dificuldade em cantar por exemplo as Bachianas de Villa Lobos que eu adoro cantar bem. Não conseguia mais.
Hoje, canto Villa Lobos, Vivaldi,  Puccini, etc... e a minha voz esta ficando todo dia melhor.
Não fumo mais de ano e meio. A voz esta ficando clara. Eu fiz isso comigo.E você não parou de fumar por que?
E mais fácil que você imagina. Beba água quando sentir vontade de fumar. Se eu soubesse que era tao fácil tinha parado e não teria fumado tanto tempo.
Ainda escuto a voz de minha mãe Maria Mathilde ao me ver naquele tempo com um cigarro na mão dizer: Pense bem filhinha... pense bem. Você e tao saudável, vai estragar sua saúde meu amor!
Fernanda Correia Dias
in Pensando bem.


sexta-feira, 2 de maio de 2014

Auto-retrato
Auto-retrato V Fernanda Correia Dias

Harmonia, Paulo, pensa nisso. Harmonia. Eu sou a  Harmonia. A palavra-chave é Har-mo-nia. É isso que leva a gente para o futuro. Falei com uma flor na orelha direita e um chapéu de palha clara e aba larga na cabeça. A maçã na mão, na boca, na mão, na mordida, .Um dia lindo e ensolarado como hoje. Azul kodakcolor. Nessa temperatura. Eu acho que era uma época como esta, um maio, um começo de mês, Hoje essa é ainda a palavra: Harmonia! Bom humor é Harmonia. Não falo palavra sem sentido.Não escrevo para desperdiçar.

_ Você?Você pratica uma elegância particular  e peculiar porque é só sua. Você é elegante naturalmente não fosse você uma expert em cores! Você sabe combinar a cor com a luz do dia. Você é isso essa cor desse mês, esse dia, essa temperatura, uma pessoa redonda, fechada nisso aí
O resto é poeira de vento que você limpa e segue alegre.Eu sempre te achei uma pessoa especial
A maçã dentro da bolsa de palha enorme, cheia de livros, cadernos, canetas, papéis e o chapéu.

Vestida de mim, como as árvores, visão clara, solidária. Tinha encontrado a Harmonia como estrela e norte. Eu, a disposta a todas as mudanças era então e para o meu sempre a pura estrela norte de mim.

Fernanda Correia Dias
in Solucionado está
Desenho
Desenho do James VI . Fernanda Correia Dias

É fato. Desci. Olhei para cima e li: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em letras brancas sobre uma placa enorme marrom. Sorri e fui na direção que apontava. Entrei na portaria e perguntei: É aqui o Instituto? Está aberto ao público? Resposta: Está aberto ao público, hoje tem reunião e a portaria a senhora encontra virando a esquina no numero 8. E estes livros nestas vitrinas? É ponto de venda, a senhora pode adquirir. Livros interessantíssimos! Agradeci, dobrei a esquina e estava naquele lugar que eu já conhecia e que nunca mais fui... E fiquei me perguntando sobre o que fui lá fazer, com quem estava, quantas vezes estive ali, enquanto o elevador subia e eu entrava por uma porta e sentava diante da palestra e palestrantes. O assunto era Marinetti. Pensei nele dando liberdade às palavras, dadaísmo, concretismo, tipografias... Pensei, mas um autor explicava sobre o livro, a pesquisa, o pesquisado. Explicava ilustrando com fotografias e falava bem e calmamente. Amei estar ali. E veio o seguinte palestrante e falou sobre o acervo do Outeiro da Glória e da publicação.Perguntei à Lira e ela me indicou Victorino que me explicou que as palestras são abertas ao público. Para visitar o museu é preciso agendar visita. Próxima palestra será em 14 de maio às 15 horas.
Se não tiver compromisso vou estar lá. Fiquei fascinada pela paisagem e pelos cantos dos pássaros às 5 da tarde no ultimo andar.No ultimo andar é  mais bonito. Do ultimo andar se vê o mar. É la que eu quero morar./ tudo parece perto no ar.*
*Cecilia Meireles - O ultimo andar- Ou isto ou aquilo

Fernanda Correia Dias
in Decisões admiráveis



Auto-retrato III Fernanda Correia Dias

Tenho me perguntado sobre os meus retratos. Numa montanha de caixas e caixas de fotografias, apareço raramente. Sou sempre a que está fotografando. Quase nunca a fotografada. Aos 9 anos pedi e ganhei da minha mãe uma máquina fotográfica de nome TUCA. Essa máquina tinha um botão vermelho e muito duro para clikar. Até que meu dedo afundasse sobre o botão a foto já estava toda estremecida. Controlar meu pulso e respiração para dar estabilidade na foto foi uma tarefa árdua, porque tive que treinar também meu dedo para ter força e direção no instante de apertar o botão. Pode parecer simples hoje quando nas câmeras dos celulares ao tocar no ícone a câmera dispara... Mas naquela maquina era trabalhoso! Além do mais a minha mão e dedo eram pequenos.
A máquina era praticamente um pin-hole em matéria de recursos. Mas foi um divisor de águas na minha vida.Era a minha segunda companhia.Mudava o nome para Xeretas, Instamatics... Kodaks, Tarons, Canons, Hasselblads, rolleiflexs...Pentaxs...Mas era sempre uma máquina fotográfica que eu trazia na mão, na bolsa, no pescoço...A primeira companhia era um caderno bonito que eu ganhei da minha Avó Cecília Meireles, com dedicatória para escrever as minhas poesias e onde eu já tinha escrito meus primeiros poemas.
Relendo o que escrevi acima compreendo que por todos estes anos sigo sendo a mesma, fotografia e escrita ou. fotografar e escrever e escrever e fotografar. desenhar e escrever, escrever e desenhar...
Mudaram as máquinas, só as letras são as mesmas. Este alfabeto que a gente junta letra, bolinhos de palavras, frases de linhas em que as letrinhas vão dando as mãozinhas umas às outras, como nas agulhas de crochê e de tricot e vamos escrevendo diferentes e parecidos uns com os outros as mesmas histórias de todos e dos tempos. As mesmas. A vida é a dona da nossa capacidade de dar afeto. Me pergunto por que só a minha mãe lembrava de tomar a máquina da minha mão e tirar ao menos uma única foto minha com todos ou sozinha...Talvez porque ela conhecesse muito bem esse assunto. Era também sempre ela a faltar na foto que ela era a fotógrafa...e porque foi ela que me deu a primeira câmera, sabia muito bem o que me estava dando... Uns fotografam porque sabem e outros sabem por quê estão fotografando. Maravilhosa.
Fernanda Correia Dias
in Geografia familiar