sábado, 15 de junho de 2019

Flor da Palmeira. Foto Fernanda Correia Dias
O Amor é a Perfeição da Consciência. Cecília Meireles

Estou cheia de historias que não se repetem, porque assim é a vida, e a cada folha da mesma palmeira, uma nova folha, semelhante, mas nunca a mesma! E é assim, que a palmeira vai alcançando a Perfeição. Tudo de uma palmeira tem valor. É a arvore da vida. Assim , toda vez que vejo uma palmeira ou desenho, penso na Consciência que o Amor alcançou.
Mas você precisa aprender que o Amor é a perfeição da consciência, tal como Cecília Meireles e Tagore alcançaram! Essa perfeição da consciência que Jacinta, avó de Cecília Meireles, praticou com a neta e as bisnetas. Disso somos feitas aos dias de hoje. Cecília ampliou quando percebeu o Amor na Clarividência, percepção direta pela alma. Minha mãe Maria Mathilde era implacável clarividente. Se eu telefonasse para ela, com a intenção de informar, antes mesmo de qualquer explicação, ela me dizia com Amor:" Já sei!  Você está grávida!"O mesmo viveu a minha irmã, que ligou semana seguinte e ouviu: "Já sei! Você também está grávida!" Mas isso aconteceu também na segunda gravidez, três anos depois. Na minha e da minha irmã, e em muito mais! Ela nos amava tanto e tinha sua alma tão presente, que tinha premunição, pressentimento, advertências, avisos, respostas, presságios. Uma sobrenaturalidade espontânea, que unânimes , todos reconheciam. 
Forte sentimento. Convicção. Ela também previa o futuro. Sendo sempre procurada, por alguém que precisava de uma palavrinha. Eu reconhecia nela uma eterna jovem brincalhona portadora de um espírito muito antigo e tremendamente experiente. As saídas para impasses, eram brilhantes, surpreendentes e impensáveis.
Essa Perfeição de Consciência, uma raridade, encontrei nas minhas tias maternas, mas elas mesmas insistiam que minha mãe, era Hors Concours!  Ela era a própria Perfeição. Era completa. Incapaz de exercer qualquer malvadeza, crueldade ou desvio de caráter, enquanto estive ao seu lado.Uma mulher linda.
Não foi uma criança fácil, enquanto interna na escola, por não conviver com facilidade com a injustiça e o desequilíbrio. Com a falta de valor da palavra. Não concordava com ouvidos moucos, visões turvas, faltas com as verdades e era confundida com rebelde. Mas a Perfeição passa pela Consciência de Justiça, do Equilíbrio e da Harmonia. Assim, estava sempre de castigo injustamente.
Um exemplo? Ganhou um jogo de raquetes e bola, de ping-pong de sua mãe para jogar com as irmãs na escola. As colegas pediam para jogar um pouquinho e não devolviam. Não tinha a chance dela jogar com as irmãs. Dava o sino, encerrado o recreio, precisava retornar para a classe, mas pedia ajuda ao coordenador, para que devolvesse a ela o ping-pong que confiscou.. O coordenador pela conversa e sucessivo atraso, lhe suspendia no recreio do dia seguinte, mas entregava às colegas jogo de ping-pong dela. Nem as irmãs podiam jogar!. No dia possível, ao ver a cegueira da justiça na coordenação da escola, ela dava sua própria solução: Na primeira oportunidade, sumia com a bola. Na segunda, quebrava as duas raquetes. Retida no fim de semana, por castigo pelo ocorrido,  dormia sozinha no dormitório do internato. Solitária, triste e insone com as injustiças, costurou todas as pernas e mangas das calças dos pijamas das colegas malfeitoras internas e no dia seguinte estava de castigo para o próximo fim de semana! Novamente, sem direito de sair para visitar e passear com sua mãe.
Os bilhetes que escrevia explicando para a mãe e irmãs o ocorrido, não lhe dava chance de reverter a prática de sucessivas injustiças dos educadores. Havia sido matriculada pela mãe, no Instituto La-Fayette, em regime semi-interno, aos 11 anos. Ela e as irmãs. Porque seu pai, em novembro de 1935, cometera o suicídio e sua mãe concentrava-se em produzir receita para o pagamento dos estudos das três filhas órfãs. Na época, essa era a escola melhor equipada, a mais moderna e avançada.
Num dia, apaixonou-se por um filhotinho de gatinho que trouxe da rua , perdido, para salva-lo do abandono. Guardou o gato num dos vasos gigantes de porcelana, da ante-sala do Diretor. Deu leite ao gato. Descoberto o mini-gato no vaso - porque ambos miavam, ela e o gato, no corredor - perguntaram para ela se ela sabia quem tinha posto o gatinho dentro do vaso. Respondeu que foi ela." Para salva-lo." Mostrou que deitava o vaso para o gatinho entrar e para ele sair... até que escapou o vaso do apoio da mão, e quebrou, enquanto demonstrava ao Diretor. Nesse mesmo dia,  o Sr. La-Fayette pediu que ela comparecesse ao seu gabinete para conversar, em particular e pediu para que ela prometesse para ele, que nunca mais faria "artes". Que foram várias! Que ela estava sempre de castigo! E perguntou o por quê? Ela explicou ao Sr. La-Fayette,  das injustiças que os coordenadores cometiam diretamente com ela e que ela não podia prometer nada para ele, nem mesmo para ela mesma, para a Consciencia dela. Porque ela poderia falhar. E com promessa não se pode falhar, mas que ela iria conversar diretamente com ele, toda vez que alguém cometesse alguma injustiça com ela, para que ele não deixasse ninguém puni-la por conclusões injustas.
Assim fez, assim nos ensinou, que devemos confiar na Justiça. No Equilíbrio e na Harmonia.


Fernanda Correia Dias
in O Amor é a Perfeição da Consciência.
Babaçu, buriti, carnaúba, pupunha,
árvores da vida, palmeiras onde
 tudo se aproveita







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