quarta-feira, 24 de abril de 2019

São Paulo . Pic-Nik na relva . Foto Fernanda Correia Dias

São Paulo . Pic-Nik na relva . Foto Fernanda Correia Dias

Fui educada para ser independente, livre pensadora, dona do meu próprio nariz, não depender de amigo, namorado, marido, ter o meu próprio sustento e saber fazer tudo que fosse relacionado ao meu bem estar, minha vida, além de três faculdades e diversas especializações e cursos. Respondi às expectativas, no mínimo em 170% por cento,com excelência. Não tem problema se você não acredita no que escrevo, mas anota aí para seu conhecimento, que o que eu estou dizendo é possível com você, porque foi comigo. Tive as melhores notas escolares e acadêmicas, o emprego mais bem pago, os trabalhos mais expressivos entre as autoridades nacionais e internacionais e diversas vezes recebi prêmios e indicações. Mas o meu foco segue sendo o mesmo: qualidade na excelência da minha entrega.
    E certamente, por tudo isso e mais o ainda, o que eu não escrevi, também me tornei especialista em atrair e compreender as maldades humanas. As covardias. As armadilhas. Os prejuízos impensáveis. A irracionalidade. A inveja, a ira e o ódio silenciado, escamoteado, dissimulado.
    Tornei-me também especialista em assistir o mal se embaraçando nas linhas da minha vida, mas tombando nas próprias linhas e diante dos meus olhos. Dos problemas que enfrentei nenhum deles, parecia crível. Todos irmãos de engenhosidades e mau caratismos humanos impensáveis. Mas existiram.
    Muitos ao meu redor não acreditavam que eu ainda tivesse minha cabeça sobre o pescoço. Muitos metiam os pés na própria história, em atitudes de vencedores de si mesmos. Tudo, mentiras! Falsidades ideológicas. Práticas de covardes.
    Não saí ilesa, porque gato escaldado tem medo de água fria,  e quem sofre o mal em gratuidade, nunca mais esquece de passar a chave. Não deixei de tomar as providencias possíveis e as cabíveis, não me omiti, não engoli nada. Não digeri nada. Não cultivo. O mal, não está em mim. Ninguém sabe tudo. O mundo é velho, nós é que somos jovens. Para merecer o lado bom da moeda em excelência, você deve estar preparado para o lado oposto da moeda. Existe um volume imenso de seres humanos medíocres inconformados. Aprenda a reagir naturalmente com inteligencia e sensibilidade. Mantenha a sua moeda brilhante nas duas faces. A morte que chega para todos, não te levará desavisado. Agora eu te avisei, você leu isso aqui, você sabe.
    Mantenha o habito do Pic-Nik na relva. Leve a cesta, o poema, a garrafa de água. A toalha. O mais, é céu azul, as vezes, nuvens brancas, pássaros, borboletas, esperanças ou um avião passando! De longe, por trás de vidros e espelhos, sempre haverá um coelho, dois ou vários, te observando. Eles sempre querem participar. Trarão estratégias e psicologias.
    Pratique, Pic-Nik na relva, assim mesmo ou não hesite em indagar, estudar, investigar, discordar quando achar que contradiz o claro argumento do texto e tome a decisão de levantar acampamento e ir se divertir como por exemplo, num gostoso restaurante japonês com rashis e haicais.

Inazuna no
kaima wo karan
kusamakura

*empresta-me seus braços,
rápidos como trovões,
para um descanso em minha jornada

Hendrik Doeff (1764-1837) holandês, primeiro haicai ocidental.


Fernanda Correia Dias
in Pic-Nik na relva
*hashis - varetas/palitos ultilizados como talheres confeccionados em  
bambu, madeira, metal ou marfim.
*haicai, haikai ou haiku ; hai= bricadeira, gracejo. Cai= harmonia, realização




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