terça-feira, 4 de julho de 2023
domingo, 9 de maio de 2021
sábado, 17 de abril de 2021
Eu lembro quando cheguei à São Miguel e Orísia me levou para entrar na
igreja em arquitetura gótica, eu ainda tinha no paladar o gosto das Queijadas
de Vila Franca, o aroma das amêndoas e atrás dos meus olhos aqueles arcos da
praça que atravessamos.
São exatamente 20 anos passados.
Eu ainda tinha uma imagem de São Miguel vencendo o dragão. E eu senti a
praça Gonçalo Velho, bem pequenina com seu tapete de pedras portuguesas espremido
entre os carros. Atrás de mim estava a mais linda linha do horizonte da minha
ilha ancestral, minha Ilha de Nanja que herdei de minha avó poeta, filósofa, magnífica escritora Cecília Meireles. E
ela de sua mãe Mathilde e sua avó Jacinta!
Oh.... Soube recente que as autoridades de São Miguel vão ampliar o tapete de pedras e criar uma linda e ampla área para encontros nacionais, internacionais, públicos, tais como ballets, concertos e que isto poderá reunir meio mundo em São Miguel, ampliando a economia e visibilidade do Reino da Poesia que Cecília Meireles criou e fundou com Armando Cortes Rodrigues e outros poetas, ali para o bem de todos!!!
Ah... deem o nome que quiserem, para mim será a consolidação deste Reino! Este tapete de pedras ligando ruas, gente, terra, mar, céu e vista de horizontes é o símbolo que ninguém deve passar pela vida sem conhecer pessoalmente O Reino da Poesia e que ele fica em São Miguel, no Arquipélago dos Açores.
Se você não foi ainda, vá. É mesmo precioso e aquela
gente, a mais alta estirpe humana de sensíveis, amáveis e adoráveis seres,
ampliarão a praça com o tapete de pedras e certamente plantarão uma árvore com
o nome de Cecília e outra com o nome de Armando e outras com os nomes dos
poetas da Ilha, como justa homenagem a todos que sempre ali estiveram com seus
corações, penas, memórias, inteligências, livros e poesias!!!
Vida eterna aos inteligentes, aos magníficos de São Miguel!
In O Reino da Poesia de Cecília Meireles
criado por ela e fundado com Armando Cortes Rodrigues
terá um tapete lindo de pedras, logo ali nos arcos da cidade!
Me contou minha amada amiga e eu amei!!!
sexta-feira, 2 de abril de 2021
Onde
estavas, toda vestida de cinzas?
_Ali
naquele fogo, para onde me jogou Angelina
depois
que escreveu no poema que o soldadinho
de chumbo
foi morto por mim, A bailarina!
_E onde
está o soldadinho? Ali dentro?
_Sim, foi
em chamas derretido
Não
sobrou nem pensamento!
Você,
Hans Andersen, o matou
para
consolidar um sentido...
_Sim,
criei o Gênio, o Mau Gênio...
Para que
afastasse o soldadinho da bailarina
E para as
crianças sentirem que nada é mais forte
que o
Amor, que tudo une, nem Angelina!
Queimei o
soldadinho,
mas foi o
vento que soprou,
por ordem
do Amor terno e eternamente,
para
perto dele, você, bailarina!
Fernandinha
Meireles . A ressurreição.
02 de abril de 2021 .
19:05
Dia
Internacional do Livro Infantil
quarta-feira, 20 de janeiro de 2021
Foto de Maria Mathilde
Li ainda agora o Renato de Almeida citando Rodin :" a arte é uma magnífica lição de sinceridade".
E é.
A arte é... como as filhas! Como as filhas são feitas de sinceridades. Tudo ali por dentro em unidade de carne e espirito e por fora, até o sorriso e o pensamento: sinceridades.
É espantoso que sejam assim, as sinceridades reunidas num único ser. Uma excelência!
Está na escultura dos lábios, das mãos, do rosto e também na textura da pele, dos cabelos e dos olhos...
Na massa cefálica e nas sinapses, no repertório das imagens e na afeição ao vocabulário.
Está no movimento do corpo, no timbre da voz, na reação de atração ou de indiferença aos espetáculos dos mais banais aos mais sutis da vida...
E nada mais amigo que a verdade. A implacável verdade que tudo vê e tudo é, para quem é Amor.
O surpreendente é perceber que a sinceridade é a presença do espírito na carne. Esta centelha fugaz que faz parte da carne e que não é carne, mas é também...que move e remove respostas até identificar a mais perfeita e única possível em estado de sinceridade.
Escreveu Henri Bergson: "Sendo o cérebro o conjunto dos dispositivos que permitem que o espírito responda à ação das coisas com reações motoras, efetuadas ou simplesmente nascentes, cuja adequação assegura perfeita inserção do espírito na realidade."
A sinceridade é a evidencia do espírito.
Um sopro verdadeiro tal como filhas! Sopros de espíritos! Arte de sinceridades onde tudo é autêntico em si mesmo! Só quem foi mãe alguma vez pode compreender o que escrevo e a profundidade onde está meu pensamento.
E só quem é sincero percebe a sinceridade na arte do que eu digo.
Minha filha Kenya é sopro de muitas vidas, na dela mesma.
Tal como eu, como você e como a Gaya.
Sopros da arte da sinceridade de gerações: uma excelência espiritual evidente.
Fernanda Correia Dias
in "A arte é uma magnífica lição de sinceridade. Rodin"
Para Rodin, Kenya e Gaya.
Renato de Almeida, escritor, filósofo, ensaísta, critico, jornalista e folclorista.
segunda-feira, 9 de novembro de 2020
Cecília Meireles é Filósofa-Poeta, com clarividência de ter sido a sua própria vida o exemplo real da solidão humana universal e compreensão e vivencia das verdades.
Cecília Meireles tem certeza que à criança só devemos entregar o ótimo. O ótimo é o Amor.
Serão indivíduos maravilhosos, os que tiverem recebido Amor em qualquer idade, mas na infância, principalmente. E se a Ternura é uma espécie de socorro, imagine o que é a Educação! Ela acredita inabalavelmente na Educação.
Faz parte de sua biografia que após perder toda a sua família, avô, pai, três irmãos e mãe, antes dos 3 anos de idade, ela foi educada pela única sobrevivente, sua avó materna, Jacinta e os livros de sua mãe Mathilde que fora professora.
“ E minha avó cantava e cosia. Cantava
canções de mar e de arvoredo, em língua antiga.
E eu sempre acreditei que havia música em seus dedos
e palavras de amor em minhas roupas escritas.”
A excelência humana agrega seres humanos no Amor pelos simples motivos de serem humanos. Não é condição sine qua non participar de qualquer religião para exercer e praticar o Amor. E vice-versa.
O Amor está acima de todas as religiões.
Esse é o fio precioso de seu caráter de livre-pensadora.*
O mundo precisa contínuamente de pessoas boas e interessadas em excelência humana. Então virão desdobramentos multiplicados de autênticas excelências.
Ela propõe em sua consistente e coerente obra é que o ser humano seja ele mesmo o Amor: A distribuição e a prática em excelência do Amor.
Foi isso que eu vivi como neta, foi isso que suas filhas, e entre elas, minha mãe Maria Mathilde praticaram, foi isso que aprendi com meu pai, é isso que eu pratico e foi também o que dei e recebi em vida: A excelência da vida: o Amor
Os livros pertencem ao reino do Amor! Trazem pessoas vivas.
Leia. Leiam.
Para todos, Cecília Meireles.
*Cecília Meireles definiu-se livre-pensadora, publicamente, em 1919, aos 18 anos.
sábado, 7 de novembro de 2020
Vou descrever a presença física, parada e em silencio, de Cecília Meireles, minha avó materna, hoje, no dia de seu aniversário de 119 anos. Ela está aqui neste instante. Ela é uma pessoa hipnotizante.
Eu não sei
se ainda existem pessoas vivas que se
lembrem da presença física dela, mas eu estou viva e me lembro muito bem. Eu
sou a neta e a afilhada dela e foi ela que
me disse pessoalmente, que escreveu os poemas A Bailarina e Ou isto ou
aquilo para mim.
Estamos diante dela. Sou sua primeira neta, depois de dois netos meninos. No dia do aniversário dela, ela me levou para me batizar como minha madrinha na igreja que ela fora batizada. Então hoje também é aniversário do meu batismo.
Mas o
fenômeno que vivo diante da presença dela neste instante, e vivo toda vez que a
encontro, é assim: fico olhando, não paro de olhar para ela e quero olhar mais.
Estou hipnotizada e atraída pelo
contraste dos dois olhos grandes, preciosos e íris verdes, muito verdes. Duas
esmeraldas transparentes e brilhantes cravadas em porcelanas brancas, em
contraste com a pele dela, morena e
perfumada, como a madeira de sândalo. As duas íris verdes, cristalinas, preciosas me hipnotizam e o hipnotismo é o
mesmo de quando você encontra uma pessoa negra de olhos azuis. Você fica
imantada ao raro, belo e incomum.
Simultaneamente ela exala e eu sinto o
aroma de um bosque de seda e algodão e percebo o sândalo fresco do colar ou do leque indiano.
Vem acompanhado do perfume da magnólia, do jasmim e do damasco. E esses aromas
chegam antes do perfume de ocasião: O que eu mais gosto na pele dela é o L’ Interdit de
Givanchy que ela usava em 1957, quando eu nasci.
Mas o que ela faz quando ela percebe que
estamos hipnotizados por ela? Ela Sorri. E eu e você aspiramos o aroma de
cravos da Índia, do seu sorriso e aparecem uns dentes muito brancos
contrastando com a pele morena. É um sorriso longo e gentil. São muitas pérolas bonitas, seus dentes
brancos que estavam guardadas em seus lábios. É um estojo de um joalheiro, um
mistério maravilhoso, a delicadeza do seu sorriso.
Então agora ela é um sorriso e ela vai
falar comigo e com você e você vai ouvir uma voz bela. O que é uma bela voz? É
aquela que você escuta todas as palavras com clareza dos sentidos. “O sentido
está guardado no rosto com que te miro” como ela escreveu. E o que ela diz é
visível numa sonora harmonia e musicalidade. Tudo gira e você está ali comigo,
hipnotizado e escuta: “Como está você?”
É ela que está falando comigo. E você pensa: estou girando num mundo e ela fala! O que ela diz não é o que você ouve, mas o que faz você ver! Não há desperdício de som. Essa musicalidade nos faz girar mais ainda e giramos sorrindo de dentro para fora.
Ela fica
do nosso tamanho e tem a nossa idade,
quando ela quer. Mas você aprende com o que ela escreve que ela é a sua irmã te
contando a verdade: Desperte do teu sonambulismo!
Agora ela quer, então passeia conosco pela casa. Apresenta-nos a nós mesmas ao espelho. Faz-nos ver o jardim e os pássaros através da grade de ferro da porta, em círculos ou conversamos com a estátua da Primavera na subida da escada e deitamos sobre o leão da varanda. E lá está “o lagarto entre o muro e era, a cigarra e a sua canção.” Tudo o que ela nos apresenta é a verdade. Tudo o que ela escreve é a verdade. E nos inspira verdade pela contemplação, leitura e escrita.
O relógio de casa, na sala de almoço, tem um
cuco que sai de dentro de uma portinha de hora em hora para cantar cuco-cuco em
quantas horas forem necessárias; o termômetro mostra uma casa e um casal de
holandeses que visitam a paisagem da
varanda quando o tempo está bom e nos acena; nas estantes estão brinquedos
folclóricos nacionais e internacionais; os livros contém páginas pop-ups e montam
outras estruturas como carrosséis, jardins zoológicos, teatros, bandeiras de
vários países e casas.
Poeta, filósofa,
cientista da pedagogia e da psicologia, escritora, cronista, ensaísta, professora, pedagoga,
desenhista, jornalista, tradutora, folclorista, conferencista, oradora, editora, ilustradora, pesquisadora, radialista, cronista, pintora, mãe de
três filhas órfãs, ela mesma filha órfã de pai e mãe, criada por sua avó materna,
única parente que restou após a morte de todos de sua família , incluindo ainda
seus 3 irmãos que antecedem seu nascimento, seus pais e seu avô materno.
Ela mesma, a mesma Cecília que aos 13 anos fez campanha para que os meninos também pudessem comer na escola o mesmo que as meninas comiam.
Leia Cecília Meireles. Aos 119 anos, não há nada mais urgente, atual e moderno que não seja o Humanismo, a Educação através do Amor ao próximo.
Fernanda Correia Dias
in Festa de aniversário para os 119 anos da Poeta e Filósofa Brasileira e Universal Cecília Meireles . Para minhas filhas Kenya e Gaya
Seguem as homenagens dos que chegaram à tempo das comemorações
Deusa
é o que escreve Carlos Drummond sobre Cecília Meireles.
É Artur da Távola que cita os comentários do querido Carlos Drummond de Andrade sobre Cecília:
"Cecília, não é, por excelência, rotulável. Nem
modernista, nem simbolista, nem intimista. Cecília é livre, é poeta. Seus
versos tocam os limites da música abstrata. Ela é a própria poesia".
Arpad Szenes quando pintou o mais famoso retrato, e é o de Cecília, deu o título :
“A Poesia.”
O poeta Bruno Tolentino disse que a presença de Cecília Meireles “era a mesma que a de uma Deusa. Uma perfeição, principalmente ao expressar o que pensava.”
“não me parecia uma criatura inquestionavelmente real; por mais que aferisse os traços positivos de sua presença entre nós, marcada por gestos de cortesia e sociabilidade, restava-me a impressão que ela não estava onde nós a víamos, estava sem estar, para criar uma ilusão fascinante, que nos compensasse de saber incapturável a sua natureza.” C.D.A, 1964 Jornal Correio da Manhã/Carlos Drummond de Andrade
" libérrima e exata", foi o que escreveu Manuel Bandeira sobre Cecília.
"Todas as pessoas têm um quê de frágil e de mortal, Cecília Meireles, não. Havia, nos seus mais delicados gestos, uma firmeza, uma decisão, uma força que nunca houve quem visse ameaçada. Força de quem sempre escolheu viver num outro plano, força de quem nunca se esquivou àquele imperativo de renúncia que há na construção de uma obra, de modo que sua figura, bela e tranqüila, onde se espraiavam vagas ondas nuns olhos muito verdes, tinha a consistência de uma fortaleza" Poeta e Jornalista Marly de Oliveira