terça-feira, 4 de julho de 2017

Fernanda Correia Dias. Fotógrafa. Gaivota

Não voltarás mais.
Nem que te cubras de brumas
Ou brisas suaves de espumas
Nem que surjas das pedras
dos corais, das linhas de pesca, das redes
Nunca mais retornarás.
Nem em forma de vento, alento, arrependimento
ou sedento.
Se abrires os olhos, não verás.
Nem apalpando o escuro, desenhando ou abrindo, absorto, absurdo,
contornando palavras de veludo
abotoando pernas, mãos ou braços,
Não te esperará mais, nem deserto,
ilha encoberta, Estrela Vésper,
Aurora, tarde, noturno.
Nem uma canção fará você ouvir
como antes, tocando as cordas do seu espírito,
vibrando na sua dor de garganta uma cor, várias, um grito, não virás.
Nunca mais.
Como antes
Por que por não ser eu mais a mesma
não te reconhecerei, não abrirei os braços, não acenarei ao longe, não correrei sorrindo ao seu encontro, não me alegrarei
 Por eu não ser mais a mesma, mesmo que te conserves eras e eras, como eras,
não encontrarás em mim, o antes. Minha beleza interior, preciosa, brilhante.
Nunca mais. De ti não quero nenhuma lembrança. 
Não te guardo e ao balbuciar meu nome e repetir mil vezes para si mesmo a musicalidade do meu nome ; Fernanda; dobre a língua. Fernanda significa aquela que propõe a paz.

Fernanda Correia Dias
in Gaivota

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