terça-feira, 13 de julho de 2010

Fernanda Correia Dias - Alfabeto do Algarve - Portugal 2001
Cartas do Paraíso
Fernanda Correia Dias


1-
Assim.
Encontro milhares ao chão...
Umas redondas outras longas
morenas, vermelhas , negras, brancas...
Lisas como peles humanas
Dormindo em indizíveis seivas
Concentradas em ordens subcutâneas.
Todas na minha mão.

Esta? A mais alta palmeira!
Esta? Cepa de mil anos!
Esta? Folhagem rasteira!
Juntas? Silencio e solidão.

Surdas sementes.
Surdas sementes.

Sopradas, chegarão a outros continentes
Esquecidas, germinarão.
Sozinhas em si mesmas...

Surdas sementes
Surdas sementes.

Apontarás:
Aquela? A mais alta palmeira!
Aquela? Cepa de mil anos!
A outra? Folhagem rasteira!
Surdas, cada qual em seu reino
de heranças genéticas
Apuradas em cada folha, flor, fruto...
Lançarão ao chão
Renovados ciclos de
surdas sementes
para renovados ciclos de
silencio e solidão.


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