terça-feira, 22 de julho de 2014

Confraria dos Velhos Marinheiros
Ida e volta ao mar. Foto Fernanda Correia Dias

 Em 1996 a Confraria dos Velhos Marinheiros criada pelo humanismo de João Rosauro, me transformou por meritocracia em Confrade Emérita e Amiga da Marinha- SOAMAR -Sociedade dos Amigos da Marinha-  diretamente das mãos do Comandante de Esquadra Maximiano, autor da presença das mulheres na Marinha Brasileira. O que eu fiz? Depois de criar, produzir e entregar os uniformes da Equipe Olímpica de Vela Brasileira para as Olimpíadas de Atlanta, recebi o telefonema de um aspirante da Escola Naval, solicitando que eu criasse para o Grêmio de Vela da Escola Naval / Ilha de Villegagnon um uniforme bonito como aquele que eu criei para a Equipe Olímpica de Vela Brasileira para as Olimpíadas de Atlanta. Explicou que sofriam quando participavam de campeonatos nacionais, eram identificados pelos competidores concorrentes como os irmãos metralhas, porque as camisas que usavam nas competições eram listradas. Então eu criei uma camisa e um agasalho com a carta náutica do Rio de Janeiro estampada e a Ilha de Villegagnon no meio do peito e sobre a ilha,  as bujas do tradicional símbolo do Grêmio da Vela, da Escola Naval. Depois da Regata o mesmo aspirante me ligou para me informar que foram eleitos Os mais bem vestidos no Campeonato de Ilha Bela litoral de São Paulo.  Levei o uniforme  para o New York Boat Show e Miami Boat Show ao lado da Coleção que criei especialmente para a brand New York Boat Show e o uniforme ganhou visibilidade internacionalmente, divulgando o nome da Escola Naval da Marinha Brasileira para o mundo. Comandante Mozart Cardoso, o Conca Arnon, Areias, Palmer, entre outros maravilhosos pedagogos e comandantes, foram fundamentais na valorização do Grêmio de Vela para a História da Marinha Brasileira e para o estimulo e exemplo do esporte da Vela no Brasil. Mas quem vai escrever sobre essa história e quando?
Por que?
Somos um País com uma costa imensa, água, mar... salgada e doce... Temos que fazer mais. Temos que insistir na criação de escolas para armadores. A Educação pela Vela. Mais que jogar futebol a nossa juventude deve ser estimulada nas comunidades para criar os novos barcos brasileiros, as novas frotas e esquadras. A proteção da fauna e flora. Compreender a importância da disciplina. Desenvolver as habilidades, competências e  ampliar professores, mestres para estes talentos e ofícios. Poderia existir uma Escola para Armadores, imediatamente no Porto Maravilha, não é o local propício? Desenvolver barcos à beira d´agua?  Descobrir o próprio design e designers brasileiros?
E toda a sequencia  para armar, saber como armar um barco. No Porto do Rio? Não? Onde mais? 

 Ainda este ano ouvi  pessoalmente o Comandante de Esquadra Palmer, iniciar seu discurso em 30 de abril de 2014 no Aeródromo São Paulo, lembrando que o pai estava sempre trabalhando muito. Sempre embarcado. O filho ainda muito pequeno tendo visto tantos oficiais, todos uniformizados, não sabendo onde estava seu pai, perguntou a três oficiais reunidos, qual deles era o pai dele...Mesmo assim, com muita saudade e amor pelo pai, ele encontrou o exemplo para seguir sua vocação. Porque o vocare, o chamado é sempre o encontro com aquilo que você sabe que pode fazer consigo mesmo. E assim por si, estará fazendo por si e por todos e inspirando com sua trajetória mais admiração ao fazer, ao agir e à beleza do ser exemplar.

Naqueles anos eu e Torben fomos os Destaques da Confraria dos Velhos Marinheiros e Soamar. Eu, Mulher Mar e Torben,  Homem Mar. Eu, pelo uniforme que criei para a Equipe de Vela Brasileira em Atlanta onde o Torben conquistou medalha de ouro para o Brasil com Marcelo Ferreira na classe Star. Olimpíada em que Scheidt também foi medalha de ouro no Laser; Lars Grael e Kiko Pelicano de bronze no Tornado.

Inspiramos nossos filhos, amigos e desconhecidos porque fomos inspirados por nossos avós, pais, amigos, familiares. Inspirados a localizar o nosso Vocare. O chamado. Precisamos de mais. De muitos. Dos que comandam e se interessam pela educação neste nosso país. E isso pode começar por esta fotografia de ida e volta ao mar. Nesta fotografia está o exemplo do meu tio Harold Strang criando a Reserva na praia da Barra da Tijuca e cercando para proteger a desova das tartarugas no Rio de Janeiro; a minha avó materna e sempre inteira e renovada Cecília Meireles, com o livro maravilhoso Mar Absoluto (Leia! Não deixe de ler!); os meus pais estudiosos e apaixonados por barcos, cálculos, alunos, gente e muito mar; e tudo o que inscrevi neste texto.
Feliz Aniversário Torben Grael! Hoje 22 de julho!

Fernanda Correia Dias
in Ir e voltar ou Confraria dos Velhos Marinheiros ou
Palavras da Confrade Emérita da Confraria dos Velhos Marinheiros, Fernanda Correia Dias nos dezoito anos da Confraria ou nos dezoito anos da Heroica Camisa Escola Naval 
do Grêmio de Vela da Escola Naval..





Nenhum comentário:

Postar um comentário