Fernanda Correia Dias. Fotógrafa.
Sandálias de pérolas que eu fiz para a minha mãe Maria Mathilde.
A Bailarina e o Astronauta
Dia 20 de julho de 1969 e eu estava sentada no sofá vendo
televisão com a minha irmã.
Minha mãe telefonou da rua e eu me levantei para atender ao
trim-trim-trim....
Minha mãe me disse ao telefone:
Filhinha, ligue a televisão! O astronauta vai pisar na lua!
É... estamos vendo isso...respondi enquanto coloquei a minha
perna direita sobre o armário de louças onde estava o aparelho telefônico e a
televisão . Um aparelho em cada extremidade.
Eu fazia demi-pliê com a perna esquerda, enquanto a perna
direita estava sobre o móvel em andeór...
Meu pé descalço e suado, colou no tampo... o móvel estava
vazio... eu ouvia o locutor traduzindo o que Neil Armstrong dizia: Este é um pequeno
passo para um homem e um salto gigantesco para a humanidade... enquanto minha mãe falava: Que lindo! Que lindo....Fernandinha...Na
lua...filhinha... o homem está pisando na lua... Olha... A bandeira...é incrível...e então resolvi tirar o pé, o móvel vazio e longo torceu e a
televisão enorme foi direto ao chão!
Saiu uma fumaceira imensa e um barulho aterrorizante. Ficou uma
caixa oca e muitos vidros no chão. Pedi para a minha mãe esperar um pouquinho, coloquei
tudo dentro da caixa e a caixa sobre o móvel, e falei para a minha mãe... Este
barulho? Este barulho é porque a televisão caiu no chão e quebrou toda! Andei até
lá pisando entre os cacos e coloquei tudo para dentro daquela nave...Tirei a
tomada da parede...Que nave Fernandinha? A Apolo onze...
A mamãe perguntou: Você quebrou a televisão? ??Quebrei... meu pé
colou no móvel...a televisão aterrizou no chão na hora que o astronauta estava dando o salto da humanidade
foi quando eu tirei meu pé do móvel... Saiu fogo? Não... saiu uma luz e uma
fumaçada... mas já tirei o fio da parede...e minha mãe me acalmando..Hum...E vocês viram o astronauta
pisando na lua?
Vimos... Mas, agora não podemos mais ver nada porque a
televisão é uma caixa vazia...e não tem nada dentro! Nem astronauta, nem lua...
Você se machucou? Não... ...
Se vocês não se machucaram, sentem no sofá, não pisem no
chão, fiquem quietinhas, que nós já estamos chegando...
Olhei para a minha irmã que estava no sofá e ela começou a
rir...de pânico...e me perguntar... E agora? E agora?
Respondi: A mamãe falou para ficarmos sentadas no sofá e não
pisarmos no chão. O homem pisou na lua e a gente não pode pisar no chão... Quando
a mamãe chegou com o papai, encontrou eu
e a minha irmã sentadas no sofá e perplexas conversando sobre a inexistência de
qualquer vida dentro daquela caixa...Que estranho! Nem gato Felix...Nem o Comandante da Apolo 11, Neil Armstrong...nem a bandeira...nem a lua...
Fernanda Correia Dias
in Geografia familiar
História mágica! Linda demais...!
ResponderExcluirOutro beijo ♥
Telma,
ResponderExcluirObrigada!
As minhas histórias são a versão mais realista que consigo trazer de mim.Um sincericídio.
Quando relatadas por escrito,dão a aparência de um poço sem fundo de pura ficção. Mas eu não sou uma ficcionista.A vida... Ah... a vida! Sou a testemunha. Se eu mesma não tivesse vivido ou vivendo, eu mesma não acreditaria.
Beijo!
Fernandinha
Fernandinha :e incrivel o que aconteceu no momento exato em que o homem pisou na lua!Seus pes de bailarina quiseram dancar para mostrar como estavam felizes com esse acontecimento mas a tv nao podia colaborar e se foi ao chao e com ela toda a descricao do homem na lua mas voce jamais esqueceu nem esquecera esses momentos tao belos e dramaticos pq nem voce nem sua irma nao podiam mais pisar no chao !e tiveram que aguardar a chegada dos pais refletindo sobre o que era agora essa caixa vazia Bjos
ResponderExcluirMarta maravilhosa, isso mesmo, foi um grande reflexão sobre a virtualidade das realidades e os vazios! Voz da mamãe por telefone, homem na lua por tv e a realidade da caixa vazia e muito vidro no chão, e eu e minha irmã no sofá com 9 e 8 anos, nos questionando sobre o vazio e os personagens. A bailarina que eu sou, sempre me salva e saúda a bailarina divina, que você é!!! Beijo, Marta querida!
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