Fernanda Correia Dias . Fotógrafa . A Beleza das grades
"Renda de ferro, guarda corpo na arquitetura."
Dedicado à Professora Arquiteta Vera Dias
Apesar de ser a filha do pai engenheiro, especializado em calculo estrutural e concreto armado e protendido,
sabendo distinguir precocemente
gruas de
sapatas e betoneiras, quando sorvi pela primeira vez a palavra
guarda-corpo, eu estava dentro do Navio Escola Brasil.
Estava ao lado do querido Almirante que me ensinou que
guarda-corpo era o nome da proteção a meia altura que resguardava as faces laterais da ponte-escada por onde eu subi no navio.
Lembro de ter gostado de conhecer aquela expressão tão óbvia e tão humana, como algumas outras auto-explicativas, mas nessa expressão tocava-me a poética da proteção, da conservação do outro, do cuidado... Repeti baixinho:
guarda-corpo, guarda corpo... que lindo! Prima daquela outra, auto-explicativa também: Corrimão!
Podia ser balaustrada, grade, gradil... Mas,
guarda-corpo é especial, porque é cuidadosa e ampliei meu vocabulário.
Para as grades de ferro eu volto meus olhos para todas as grades que me fazem pensar.
O trajeto da evolução do pensamento de quem construiu e de como todas as grades conversam comigo.
Raciocínios estão conservados ali.
Muxarabis, cobogós...Também...Vão expondo rapports, grids, módulos de estamparias...
Vão e voltam com seus raciocínios estéticos inimagináveis guardando os olhares...
Hoje, com calor que faz eu sonho com muxarabis filtrando a luz intensa destas janelas, aqueles mais simples das conversadeiras de Ouro Preto...Ventilando sombras...
Conversadeiras... outra expressão da arquitetura que é auto-explicativa...
Mas a Vera escreveu :
Renda de ferro, guarda-corpo na arquitetura.
Que lindo! Pensei quando li, vi imediatamente o feminino da arquitetura de como ela escreveu.
Arquiteta escrevendo com arquitetura.
Beijo Vera!
Fernanda Correia Dias
in A beleza das grades