sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

O Rio de Janeiro . 450 anos . Foto Fernanda Correia Dias

Eu sou carioca, filha e neta de carioca!
Neta de carioca morando no Rio de Janeiro é raríssimo!
Numa enquete rápida, que pratico continuamente numa razão de 15 para 1, eu sou a única carioca. Os demais sequer são filhos, que direi netos!!!
Aprendi a amar esta cidade e me ensinaram com amor, minha família.
Pais, tios, avós e amigos! Cariocas sempre incluem os amigos da família como família!
Todos contribuíram com seus trabalhos para ser esta Cidade a Inteligência, o Amor, a Simpatia, a Hospitalidade na prática. No dia à dia. Do nascedouro da Universidade do Estado do Rio de Janeiro onde meu pai, Helio dos Santos é o engenheiro civil que provou com cálculos que o famoso "esqueleto" abandonado na Maracanã, abrigaria e é a UERJ, ao Tio Edward Harold Strang com científica visão ecológica e mundial de 360 graus que tanto se interessou pela Conservação da Natureza do Brasil e do Rio de Janeiro! À minha mãe Maria Mathilde protegendo e ensinando os autores e artistas com a prática exemplar e notável do  Direito Autoral; sua mãe Cecília Meireles em sua arte de Poeta magnífica, imensa e maior, Educar, Noticiar, Desenhar, Pintar, Traduzir...Pioneira na criação da primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro... Pioneira em valorizar o carnaval e a educação carioca, a poesia e o folclore externando em conferencias internacionais e nacionais... ao tio Gallon, Diretor da TV Tupi com o teatrinho Troll na tv para as crianças!Tia Elvira Diretora do IBBD *, o fantástico serviço de  pesquisa internacional para todos os elevados estudos e intercâmbio de bibliografias e documentações! Tia Fernanda e o  fabuloso Teatro de Shakespeare onde ela estudou em Londres...E o Irrivalizável Fernando Correia Dias, meu avô materno que dedicou vinte anos de vida artística a enaltecer e expor continuamente a beleza desta cidade em natureza e fauna, criando e sintetizando o skyline da cidade quando ainda nem existia o Cristo Redentor em cima do Corcovado!

Todos me ensinaram a amar a Cidade do Rio de Janeiro onde eu nasci!

Num livrinho muito simpático cujo título é FLORESTA DA TIJUCA  impresso pelas Artes Gráficas Gomes de Souza S.A. Rio - São Paulo e executado pelo Centro de Conservação da Natureza Rio de Janeiro 1966, quando o Estado do Rio de Janeiro ainda era Estado da Guanabara leio este texto:"A Floresta da Tijuca acha-se estreitamente ligada ao problema do abastecimento de água da Cidade do Rio de Janeiro. Tôda sua fase inicial é um retrato bem vivo e significativo da luta que então, como hoje, se travava para a obtenção da água, cada vez mais escassa para o consumo da crescente população carioca, a se expandir pelas fraldas dos morros e as baixadas." 

"... para uma população  calculada em 400 mil almas no início da segunda metade do século passado, necessitando de acordo com estimativas, de 60.000.000 litros, todos os encanamentos da cidade produziam tão somente 8.000.000."

"Das matas do Corcovado vinha o Rio Carioca que, atravessando canalizado o aqueduto do mesmo nome, hoje Viaduto dos Arcos, abastecia a população pelo chafariz do Largo da Carioca. Quando seu fornecimento se tornou insuficiente, voltaram-se as vistas para a Tijuca, que ainda possuía inúmeros cursos sem aproveitamento, como o Maracanã. Em 1824,1829,1833 e 1843, a cidade foi sucessivamente assolada pela sêca. Em 1844, contrataram-se  serviços de engenharia para estudar a canalização do Rio Maracanã."

"Tendo sido a própria Cidade do Rio de Janeiro, o berço dos cafezais brasileiros (1760), isto é, o ponto de irradiação para todo o Brasil,não admira pois, que a partir de 1760, as encostas das montanhas fossem paulatinamente cobertas de plantações"
... Derrubava-se a mata furiosamente no afã de plantar mais e mais café. Soma-se a tudo isso o trabalho do machado e do fogo, no comercio da lenha e do carvão...

"o deplorável estado das matas..../... era o responsável pelo precário estado das águas, o café rendia somas apreciáveis às arcas do Tesouro. Da Tijuca saía o melhor café da Côrte...Em torno da Cascatinha da Tijuca (Taunay) estabelecera-se verdadeira colonia de nobres franceses plantadores de café."

A 15 de junho de 1850, o govêrno sancionou uma lei sobre a desapropriação dos terrenos "generativos das fontes", em especial os da Serra da Tijuca, onde nascem o Maracanã e seus afluentes.....
Severas ordens eram expedidas aos chefes de Polícia da Côrte para fazer cessar o abuso das derrubadas nos terenos próximos às nascentes...

"Nosso primeiro-ministro da Agricultura, Manuel Felizardo de Souza anuncia, no dia 11 de dezembro de 1861, as "instruções provisórias". aprovadas por D.Pedro II, sobre o plantio e conservação das florestas da Tijuca e Paineiras. Estava assim criada a Floresta da Tijuca."
Em Janeiro de 1862, Archer ( Major M. Gomes Archer) deu início aos trabalhos de reflorestamento da Tijuca. Cita-se o dia 4 de janeiro como o plantio da primeira muda."

"Em 1870 a Cidade do Rio de Janeiro é abalada por uma das mais calamitosas crises de água..."
Ah... 
Ao fim do livrinho mapa da floresta para os passeios turísticos; desenhos maravilhosos e coloridos de fauna e flora da Floresta da Tijuca...
Armando Salgado Mascarenhas  escreveu a Introdução onde leio " O desmatamento, com todas as suas consequências, é motivo de calamidade nacional." e termina assim:"É dentro desta ordem de idéias que êste volume é entregue ao grande público, para cujos interesses, e com a maior satisfação, trabalham e se dedicam aquêles que, do próprio público, receberem essa grave missão."


Fernanda Correia Dias
in 49 anos atrás!
450 anos do Rio de Janeiro
Compilando atualidades publicadas em 1966
São ainda colaboradores do livrinho: Fuad Atala, Carlos M. Bandeira, Henrique F.Martins, Adelmar F. Coimbra Filho, Creuza M. Chaves. R.Tamara, Jorge P.P.Carauta, Estanislau K.P. Silveira e Maria Célia Vianna.O Diretor de Recursos Naturais é Francisco Carlos Iglésias de Lima e N. Cavalcanti contribui com xilogravuras reproduzidas na capa e miolo.
* IBBD - Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação, fundado em 1954 como  órgão do Conselho Nacional de Pesquisas - CNPq 



Nenhum comentário:

Postar um comentário