sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Maria Mathilde e Fernandinha . Copacabana . 1960

Então vamos comemorar seu aniversário assim: o dia com Maria! O filme Mary Poppins ainda nem tinha sido lançado no Brasil, mas você já chegava com sua famosa bolsa que nós dizíamos que era de Mary Poppins e ia tirando abatjour, sapatos, chapéus, casacos, biquines, bolas de plástico de praia para assoprar, espelho e nos ensinava truques que praticávamos num estalar de dedos,em colocar todos os brinquedos em ordem, num passe de mágica, para trocarmos de roupas e irmos para a praia com você, acompanhadas daquela pergunta: Pernas para que te quero?!!!! Vamos!!!! Que aventuras teremos hoje?
Uma felicidade! Você conversava com sabiás, bem-te-vis, pardais e conversava com sua sombra, com as nossas ou com sua imagem no espelho e com as nossas e ria de você, dizendo gracinhas! Dançava na praça conosco,nos ensinando passos que repetíamos até acertarmos o ritmo e nos ensinava palavras enormes como anticonstitucionalissimamente e explicava o significado: oposto à constituição!
E constituição??? você nos dizia_ Conjunto de leis que regulam a vida, como por exemplo: Bento que bento é o frade, Frade! Na boca do forno, forno! Faremos tudo que seu mestre mandar?Faremos todos! E se não fizermos? Ganharemos um bolo!!!
 E nos ensinava a falar ao contrário, de trás para frente: etnemamissilanoicutitsnocitna, e explicava como ler de trás para frente, encontrando outra som daquela outra palavra...para nos surpreender nos ensinava que arara, ovo, osso, asa, rir e reler de trás para frente e de frente para trás, lia-se igualzinho e era a mesma coisa e o mesmo som... Eram Palíndromos!
Se tivesse um quadro negro com giz e apagador, pegava um giz em cada mão e simultaneamente escrevia seu nome completo em várias versões: 1. Mão esquerda começando pela última letra do nome, (ia escrever de trás para frente) e mão direita ia escrever seu nome pela primeira letra; então começava com as duas mãos juntas e terminava com os dois braços bem abertos. 2. As duas mãos escrevendo simultaneamente para a mesma direção: tanto da primeira letra para o final, quanto do final para a primeira letra; 3. Ia escrever seu nome com os braços abertos tipo Cristo Redentor e ia terminar simultaneamente com os dois polegares se encontrando num único ponto central !
Era um show! Nós tentávamos, mas... só você conseguia! 
Você brincava nos desafiando ao mais impossível quando você conseguia tocar a ponta do nariz com a ponta da língua e todos nós tentávamos em vão!
Eram muitos risos! Muitos!
Por onde andava distribuía amor com seu sorriso lindo e seus olhos de espelhos verdes e cinzas, assim aprendíamos a gostar de ver vitrines, escolher o que houvesse de mais bonito na vitrine, fosse do que fosse... sapatos, bolsas, luvas, lenços, louças, canetas, doces... Aprendíamos a gostar de passear em cavalinhos de carrossel, entrar dentro das pinturas de paisagens e passear ali dentro das tintas e imagens, conversando sobre o que estávamos vendo e em seguida sobre o que tínhamos visto...o... um algo inesquecível.... que tínhamos que nos lembrar e contar para quem encontrássemos, o que e como vimos! E sempre tínhamos novas  palavrinhas para trocar, mesmo com os recém-conhecidos, que nos julgavam simpaticíssimas,, inteligentes  e com excelentes diálogos !
Perfeccionista você nos dizia:  Bem começado já é meio trabalho! ou bem iniciado, quase terminado.ou...Faça certo de uma vez,  para não fazer duas vezes! e se reclamávamos de estarmos cansadinhas, você nos animava e ainda nos anima: Cesteiro que faz um cesto, faz um cento!
Talvez todos quisessem comentar suas inumeráveis qualidades, num único instante, e como não conseguiam, diziam: A Mathilde é muito inteligente, é incrível! A Mathilde é maravilhosa, A Mathilde é a Super-Mathilde, e todos comentavam  sua beleza e disposição. Esse enfrentamento da vida com lealdade  e espontânea coragem. Tão raro, mas, tão raro que depois da praia, do museu, da galeria, do banho, do almoço, das brincadeiras você nos avisava: Levantar acampamento! Tchau Viruchinha, vou com meu bando, minha tropa, para o cine-hora ver o gato e o rato e o Charles Chaplin, depois prometi que íamos ao Parque Lajes, antes dos portões fecharem! 
E fácil, fácil, levantávamos acampamento alegres, repetindo brincadeiras sonoras, com você, assim: No reino da Mafagafa, mafagafavam cinco mafagafinhos, quando a Mafagafa, mafagafava, mafagafavam os cinco mafagafinhos...
Beijo, única!
Te amo!

Fernanda Correia Dias
in Expiatório para a educabilidade através da delicada beleza ou
Supercalifragilisticexpialidocius de Richard e Robert M. Sherman para Mary Poppins . Disney

 .

6 comentários:

  1. sem palavras... muito amor! lindo demais! <3

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  2. Ohh...! Como está você, Telma? Como está seu trabalho? E as traduções deliciosas dos poemas? Quais são as novidades?
    Conte-me, conte-me! São sempre notícias lindas! E várias!
    Ah... Que bom que você sentiu esse extraordinário amor! Muito mesmo!
    Somos privilegiadas e com tanto não podemos ser menos que Amor, não é?
    E se não somos Amor, não somos nada!
    Assim disse S. Paulo, o apóstolo, para quem minha Avó Cecília Meireles teria o sonho de escrever uma ópera, decidindo para isso, ingressar no Conservatório de Musica do Rio de Janeiro...
    Telmaaaa! Muito bom, não é?
    Amor é tudo!
    Supercalifragilisticexpialidocius, segundo Mary Poppins, é o que dizemos quando ficamos como você escreveu: sem palavras...!Beijooooo!!!

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  3. I love tio
    Mary Poppins!!
    Supercalifragilisticexpialidocius

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  4. Respostas
    1. Claro que sim , Fafá! Essa é nossa Mãe!!! Beijo, Mafagafinha!
      Fernandinha

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