sexta-feira, 30 de junho de 2017

Fernanda Correia Dias. Fotógrafa . Seiva

Mais de 50 anos na minha vida eu nunca vi nem ouvi algum adulto dizer a um ser humano, principalmente a crianças e adolescentes, o que ouvi centena de vezes da minha mãe, avó  e tias dizerem .. Aquilo que elas mesmas chamavam de ladainha, porque ouviram diretamente da Mãe delas! Elas nos ensinavam a alcançar imediatamente a consciência se tivéssemos, momentaneamente, perdido... Elas diziam ao meu irmão e primos quando eu e minha irmã estávamos chorando: _Vocês gostariam que elas fizessem em vocês o que vocês fizeram com elas? Então? Se arrependam logo do que fizeram e peçam desculpas!  É fácil fazer chorar e difícil fazer sorrir? Vá lá e peçam desculpas! Digam que estão arrependidos. Elas não sabem perdoar? Sabem sim! É difícil perdoar, mas elas sabem perdoar. É difícil dizer? Mas nem tudo é fácil na vida! Digam o que sentem. Elas não vão querer escutar? _ Vão sim! Digam o que vocês sentem. O que sentiriam se fizessem isso com vocês? O que gostariam de ouvir? Também não é fácil ouvir as desculpas quando estamos machucadas.O que vocês gostariam de ouvir se elas tivessem feito isso que vocês fizeram com elas? Pensem bem! Contem até 10 antes de fazerem. Vocês devem ser amigos, ajudar individualmente e juntos, uns aos outros, estarem sempre unidos, se amarem.  Sempre transformar o amor e a amizade em realidade. Praticar isso. Sempre. Para sempre.
Andem! Realidade! Já!
Fernanda Correia Dias
in Ladainhas e Cantilenas


domingo, 25 de junho de 2017

Foto Fernanda Correia Dias . Grade . Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro

Assim, na passagem, para a respiração entre o interno e o externo, entre o muro de pedra e o ar livre, a grade! Sem dizer a ninguém: _Não ultrapasse, ela explica com harmonia, que o teu limite é ali. Que o teu limite termina quando começa o dela.
Portanto pare de desrespeitar a si mesmo com essa certeza obscena e obcecada que todo e qualquer limite tem que ser ultrapassado, aviltado, desrespeitado, etc.... Eu te aviso: Não faça isso com você. É evidente que você não se respeita quando não respeita o seu limite próprio... Mas o do outro? O que será de você para você? Não se envergonha, não?
As pessoas perderam o respeito humano? Imponha com suavidade e clareza. Mas antes, respeite a si mesmo, para não cair naquele ditado que te desmoraliza..." Faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço..." Quem vai acreditar em você? Eu não sou você. Eu sou eu. Eu faço o certo por mim. Sempre fiz. Os outros que façam certo. Todo dia eu me esforço em aprender algo novo e correto. A praticar. Ser exemplo construtivo. Agora aprendi a usar o cloro ativo, e não tenho mais nada à minha volta com limo...Aponto e aperto o gatilho do espirro do cloro diretamente na direção do limo e depois passo um paninho e tudo fica claro. Bem claro. Evidentemente claro. E como a clareza faz bem! Eu lembro quando você andava atrás das portas e janelas, com o ouvido encostado nas madeiras, quando eu te flagrava na posição de escuta, colado nas paredes ou te assistia chegar pé ante pé, para ouvir o que diziam os outros de você, na sua ausência... Eu não sei o que eu pensava estarrecida, mas eu sei  que eu sentia um constrangimento imenso de não saber o que fazer com o que você fazia de você. Que você estava devendo a si mesmo honestidade e para com os outros e por consciência pesada, espreitava se alguém já sabia das suas mentiras! Ah foram tantas!!!
Como alguém se permite viver dentro de mentiras, omissões, inverdades?? A lesar os próximos? Não sei. Não sei. Assim dizia a mulher que encostou na grade para o ar livre, enquanto eu esperava minha amiga me buscar.
Quando minha amiga chegou me perguntou: Quem era?
Não sei, respondi, mas o que ela dizia serve para quem couber a carapuça!Não é? Você não acha?
Fernanda Correia Dias
A Grade da Escola de Belas Artes