sábado, 19 de setembro de 2015

Rock in Rio 1985 . 2015 - 30 anos!

Coleção Rock in Rio 1985 . Fernanda Correia Dias designs

Rock in Rio está na edição de 2015 sem Freddie Mercury, mas com um cantor cantando as canções que ele cantou e o público cantando junto. Trinta anos desde daquele dia em que cantei com Freddie.
Trinta anos é tão próximo como o dia de ontem:
 18 de setembro de 2015.
 A vida passa feito um filme.
Creia. Você é ator e expectador.
 Faça. Sempre faça. Agora. Faça agora. Vá.
Fernanda Correia Dias
in A vida começa agora



terça-feira, 15 de setembro de 2015


Feliz Aniversário!!!
Foto Fernanda Correia Dias

Estás entre nós e estás entre todos. 
Noventa e um anos.
Eu te vejo e observo a reverencia que recebes continuamente
 por ter sido assim, naturalmente assim, leal.
Estudiosa. Natural. Inteira.
(Responderias ao ler isso aqui: Ah... Que lindo! Você aprendeu meu amor...!)
Tu que és a natureza e estás em tudo e dentro de nós como a árvore na floresta,
vê?Crescem nestes dias pequenos botões anunciando a Primavera.
Verde, falante, com estas mãos verdadeiras
folheias, folheias e lanças a caneta sobre a mesa me dizendo:
Nunca! Jamais.Não! Isso não!
Isso está errado, só assino a última folha de um contrato, se nela estiver explícito o objeto do contrato.Aquilo que motivou o contrato deve estar na mesma folha da minha assinatura ou da assinatura de vocês, porque é golpe muito antigo. O conhecido golpe do grampo! 
Se houver apenas o parágrafo final assim: e as partes elegem o Foro.... 
Não assino. Não assinem. Ouviram? Não assinem. 
Exijo que  a  última folha do contrato tenha explícito o objeto do contrato ou que venha com a continuidade  do texto quebrada do assunto. Nunca um único parágrafo inteiro que sirva para qualquer contrato...
Não compreendeu? Torno a explicar, filhinha:
O  contrato chega em duas ou mais vias para você assinar, você lê o contrato e assina  a última folha de cada contrato, e cada contrato está unido por um grampo.
Nas folhas que você assina diz apenas: e as partes elegem o Foro.... 
 e vem o espaço para as assinaturas das partes e das testemunhas...
Se for assim, não assine. Por que?
O mal intencionado desgrampeia a folha onde colheu sua assinatura coloca as folhas que ele quiser na frente, com o teor que ele quiser e torna a grampear. Então...aquela que você assinou pensando que estava relacionada com aquelas clausulas, agora está relacionada com outras e até outro assunto.
Compreenderam?
Se vier assim, é má fé. Não assinem.
Façam como a mamãe: não assinem.


Fernanda Correia Dias
in Observação importante e útil.







quinta-feira, 10 de setembro de 2015


Fernanda Correia Dias . 
Para a minha mãe Maria Mathilde antes do aniversário dela.


Foto Fernanda Correia Dias , Cúpula da Bananeira

Qualquer dia vou entender melhor, por ora anoto. Pode ser compreensível amanhã, talvez..
O fato é que eu pensando nela, meti a aliança no dedo mindinho. Aliança que ela me deu. Aliança de ouro sem nenhum nome por dentro e no meu dedo mindinho ficou. Reparei que socialmente a aliança perturbava. Uns me perguntavam qual o sentido, quem era a pessoa, por quê eu resolvi usar a aliança, lá, lá , lá...
Eu mesma com estas perguntas me perguntei  e me respondi: Porque eu não quero ver aquele pensamento da minha mãe tão longe mim. As alianças são mesmo pensamentos, memórias... Elas nos associam lembranças, olhares, mãos, palavras, sentidos profundos de verdades, ecos, ressonâncias e vozes... Principalmente essa que é uma aliança com a própria vida, segundo ela, a minha mãe. Acontece que todos sabem que um anel, sempre usado,  mesmo quando no dedo mindinho, acaba por deixar imperceptível sua presença, seu peso para quem usa e após a adaptação sente-se como parte do corpo, do organismo. Mas se nos falta, se escapa, se perdemos,  faz uma dor imensa... Onde estará? Porque saiu? Eu tirei? Onde está...?
Quem não quer perder o objeto, mantem a guarda e a vigília. Foi o que fiz. Não queria perder o pensamento.Mas...
Precisava tirar toda aquela roupa da máquina de lavar e fui pegando e virando e desvirando do avesso, pendurando e depois de tudo pendurado fui arrumar livros....Então vi o dedo sem a aliança!
Ah... não... Onde estará? Um lugar com muitos livros, tapetes, pastas, papéis... não é o lugar para se perder uma aliança... mas estava perdida! Estava? Um à um foram revisados os livros, os lugares, os tapetes, as pastas, os papeis... até a roupa do corpo saiu do corpo na esperança que pudesse estar numa dobrinha do tecido, talvez caiu no bolso do calça, da blusa, etc... mas não... Não estava! Então na máquina de lavar roupa? e na roupa que vai sair da máquina...será?
Uma por uma, e revistas todas as roupas alguém dentro de mim dizia: Desiste, você não vai encontrar. é apenas uma aliança de ouro perdida... Deixa isso para lá... e eu só pensava nela. Na minha mãe.Vários sacos de tecidos em torno da máquina de lavar roupa provenientes dos forros dos sofás e cortinas e meus olhos procurando a aliança... então sacudindo tudo eu disse: Mãe! Me ajuda! Onde? E olhei para o saco de cortina que estava coroado com a aliança, meti no dedo e fiquei uns dez minutos sob o impacto de... se eu tivesse desistido, a aliança poderia cair dentro do saco das doações e by,by...
Não ter desistido da aliança me reencontrou com ela e principalmente com a força da persistência... Do persistir. Do não desistir. Virtude.
Mais uns cinco meses e estava lavando as lindo molho de alfaces crespas quando li que as gotinhas de higienizar alfaces estavam com prazo vencido... Melhor desistir de lavar alfaces e meti num saco e o saco na geladeira. Entrei no duche e saí apressada para me vestir e partir para o meu compromisso... Depois de experimentar possibilidades e me definir por umas roupas, percebo que não tenho a aliança... Tiro toda a roupa e sacudo... nada. Sacudo tudo o que experimentei e nada...Preciso sair para o meu compromisso e desistir de achar a aliança, mas parei e disse: Mãe! Me ajuda! Onde ? Cadê? E nada...Abri a geladeira, olhei para o saco com as alfaces crespas e resolvi sacudi-las e saiu rolando a aliança feito um aro de ouro desfilando no mármore da pia.
Passeia a mão na minha bolsa e parti com a aliança no dedo pensando nela, na insistência, persistência e em não desistir.
Não desistir nunca daquilo que pode estar perdido. Você acha.
Fernanda Correia Dias
in Não desista. Persista.


terça-feira, 8 de setembro de 2015


Tia Elvira . Viruchinha . Viruska
7 de setembro 1923
               Hoje eu queria te ligar e cantar pelo telefone como eu sempre fiz: Elvira do Ipiranga às margens plácidas de um povo heroico o brado retumbante nesta data titia, muitas felicidades, muitos anos de vida!
Você dizia meu nome e ria, e ria, como ria! Sinto falta de você rindo, tia delicada, que me amava. Que buscava o livro na biblioteca para me explicar qualquer coisa que estava me contando...Mostrar um desenho, uma fotografia, ler um verbete...O desenho havaiano de um vestido Mu-Mu... As caixinhas de fósforo japonesas com palitinhos coloridos....O fecho interessante de uma pulseira, o equilíbrio de uma tribo africana de latão onde íamos empilhando homens sobre fios...E fios sobre pratinhos e homens...
Que lia em japonês e traduzia para os meus sentimentos os Haicais impressos em paninhos azuis que você prendeu nas venezianas do biombo na sala... com prendedores de roupa de madeira que pintou de azul...Saudade de jogar Palavras cruzadas com você, sobre o tabuleiro, dados e letrinhas de madeira...De fazer origamis de peixinhos, Tsurus da sorte, capacetes de samurais naqueles papéis especiais de cores e texturas  incríveis para dobraduras...Vontade de jogar crapot e você me ensinando que eu estava "bobiando, ali, ali e lá..."Fico pensando naquele seu vestido lindo listadinho de verde e amarelo que a vovó trouxe para você dos Estados Unidos ! Vestido que me ensinou que verde a amarelo é uma combinação espetacular! Muito linda, fresca e alegre! Que deveria ser mais usada na roupa e na decoração. Fico pensando no seu pai português , meu avô, sendo pai pela primeira vez e na sua mãe sendo mãe de uma filha nascendo no dia que os brasileiros comemoram a independência do Brasil de Portugal... Seu Savoir faire, chic, com estilo , ajudando com sensibilidade sem esperar nada em troca. Fico pensando quantos nasceram em  datas comemorativas na nossa familia...Uma quantidade enorme de crianças nascem no mundo entre 7 e 15 de setembro porque  seu pais se amam nove meses antes, nas festas do fim de ano...Que lindo! Ah... Você lembra que em 7 de setembro de 1963 os Beatles estouraram no primeiro lugar de todas as rádios com a musica She loves you ? Você comprou o disco e ficamos dançando Yê-Yê-Yê no tapete vermelho da sala!
Mas todas nós te amamos! Te cuidamos. E você ficou tão dodói! Não te deixamos ficar tão sozinha! Paulo Autran também nasceu em 7 de setembro...Era tão bom ator! Com uma voz fluindo musica...A universidade federal do Rio de Janeiro também nasceu em 7 de setembro de 1922...A primeira transmissão de rádio no Brasil, com discurso do Presidente Epitácio Pessoa ,no Centenário da Independência do Brasil,  também foi feita em 7 de setembro de 1922...Ah... Hoje eu queria ligar e cantar pelo telefone e te agradecer tanto amor que você me deu em vida! Leu para mim o horoscopo chinês e me mostrou o meu signo de macaco...E me explicou como era o macaco...Depois me explicou o seu signo. O signo de porco...Porco! Porquinho diria a mamãe... Tenho até hoje muita dificuldade de te associar a imagem do porquinho... Você é sempre linda, lânguida, esquálida, elegante, morena, inteligentíssima, divertidíssima com um sorriso muito branco e grande e umas mãos compridas com unhas longas e um cigarro na mão, igual ao seu pai...Vovó não gostava do cigarro não...Mamãe também não... e foi o cigarro que levou você tão cedo...Ontem eu li que seu bisavô Manoel dormiu para sempre debaixo do Manacá com uma flor de cada cor em cada olho...Uma lilás e uma branca...Que o cachorro bravo estava por perto desesperado querendo acordar Manoel,  mas Manoel nunca mais acordou deixando a Jacinta sozinha para cuidar da filha e da Vó Cecília...
Grave foi não me dizerem que você tinha dormido para sempre. 
Não me disseram porque eu estava grávida e acharam que eu ia sofrer tanto que ia perder o bebe... Mas eu sofri duplamente e muito quando soube duas semanas depois que não fui te ver porque me esconderam. Você me pediu para dar o nome de Carolina para a Kenya... Impossível esquecer você, tia Elvira!
Gelatina na geladeira, café na panela de café com a colher de pau do café para mexer antes de subir a fervura ...Xicrinhas brancas pintadas com botões de flores vermelhas... As quatro estações de Vivaldi e os sambinhas que você conhecia muitos e sabia tocar, cantar e dançar no violão!!! Ensinou o Aoki a cantar sambinhas e quando ele voltou ao Brasil procurando você para despedir-se, ele também me contou que não pode vir da Grécia naquela ocasião e que sofria muito por este motivo...  E nós dois, nos socorremos da tristeza e saudade e andamos pelo Rio, trinta anos depois,enquanto Aoki cantava todos os sambinhas que voce ensinou para ele não esquecer.
As piadas! Quantas piadas você me contou e eu guardei a mais surrealista:
Um homem compra um carro maravilhoso, grande e espaçoso de cinco marchas e vai testar numa estrada. Põe a primeira marcha e zum, a segunda marcha e zuumm, a terceira e zummmm e a quarta e a quinta e está à toda velocidade...O homem vê o ciclista na sua frente e ultrapassa o ciclista... Então o homem vê o ciclista vindo de costas na direção dele e em cima da bicicleta...e depois ele vê pelo retrovisor o ciclista indo longe de costas...E... ele vê agora o ciclista vindo de frente e passar por ele à toda...O homem pisou no acelerador e ultrapassou o ciclista...E lá veio o ciclista e ultrapassou o homem... e mais tarde novamente de costas... O homem para no posto para abastecer e vê o ciclista indo de frente e voltando de costas, indo e voltando de costas até parar  e pedir ajuda ao homem e desembaraçar os suspensórios que ficaram presos no espelho do carro....Moral da história: Atenção com suas intenções e velocidades, você pode ficar preso sem querer...
Fernanda Correia Dias
Para a Tia Elvira no dia do seu aniversário
e para as minhas filhas Kenya e Gaya