sábado, 7 de março de 2015

A Cica Phoenix de grande altura da Rua Garcia D´Ávila.
 Foto Fernanda Correia Dias

Passados dez anos, ninguém lembra da maioria dos artistas que fizeram, o cinema, a televisão, o teatro e da cena, o grande artista, aquele inesquecível....Com dicção perfeita para alcançar o espectador da última poltrona sem soar o texto como berros...Modulando a voz e o corpo para o tempo do texto, da hora, da importância...da luz...Com expressão corporal irrepreensível e de tamanha introjeção da persona que é a naturalidade, é o próprio rei.! Rainha. Crocodilo, Esquizofrênico, Dragão, Surfista... Tão bom que se fosse o Rei, sentia-se mesmo que era o rei em pessoa que nos ensinava como era ser um rei tão perto de uma platéia, tal a beleza dos detalhes na postura exemplar...ou nos defeitos e imperfeições... Só na memória de quem viu e viveu vai ficar aquilo que viu e sentiu. E vai perdurar enquanto viver... depois da ausência do ator e da  ausência do último que viu, acaba aí o grande ator? Talvez para a maioria...Jornais e  revistas antigas, daquelas que reproduzem lindas fotografias em preto e branco, não servem para trazer aquele ator ou atriz antigos em cena quando ninguém mais lembra dele e da importância deles. Mesmo as revistas coloridas não deixam ver nem sentir o que eram os grandes...Os grandes Atores! Até os filmes fracassam em reter esta memória, porque é preciso mais que o Ator, para que tudo fique em permanente estado de maior beleza. É preciso o interessado profissional sensível  que reconheça valor de grande e imperdível, que arranque da mídia anacrônica e atualize nas mídias vigentes, como aconteceu com os filmes mudos de Charlie Chaplin que ganharam a televisão, quando foram criados para o cinema com sala escura e depois para dvd, internet, etc...Ah...as mãos e as cabeças daqueles que reconheceram o valor em preservar e salvar os grandes atores, as grandes interpretações dos grandes textos...Ah... Julie Andrews em The sound of Music...Os grandes atores! Suas obras não tem o mesmo tempo que os grandes autores. Os grandes autores cruzam cem, quinhentos, mil anos...Ah... Os grandes atores... São corpos, vozes e intenções em exercício de expressão...Entregando à cena e à persona a efemeridade da sua inesquecível interpretação... a dramaturgia e o drama de saber-se em toda a arte, talvez o mais provisório e frágil de todos e o mais forte. O mais substituível  e o inesquecível.
Ah... os atores são os que vivem profundamente a importância do agora no agora e que mergulham no tudo que passou, passa e passará.
Que dedicam-se à esta percepção de pertinência, urgência..evidência...mastigando os textos frágeis e os poderosos... repetindo mil vezes antes, durante  e depois. Aos atores, ao tempo e à importância de promover a reflexão e o pensamento, sinto sempre a reverencia. Aquela mesma da cabeça aos pés de quem é capaz de ler, reler, questionar, apurar e como qualquer um  levantar-se outro e reunir uma platéia em torno de si para o melhor entendimento dos humanos sentimentos, nas palavras e das idéias no mundo.
Fernanda Correia Dias
in Atores...Grandes Atores





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