terça-feira, 31 de março de 2015

Chafariz da Pracinha do Alto da Boa Vista .
 Grandjean de Montigny
desenho de Fernanda Correia Dias

Gabriela Mistral, Prêmio Nobel de Literatura 1945 morou no Rio de Janeiro, Brasil, na Pracinha do Alto da Boa Vista - Alfonso Viseu. Na casa que está ao lado direito de quem desce para a Tijuca tão logo sai da pracinha e depois é encosta verde.
Foi a primeira escritora latino americana a receber esta honraria.
Lá morou com seu filho.
Faleceu Gabriela em 10 de Janeiro de 1957 e em 10 de janeiro de 1971 faleceu Coco Chanel a estilista francesa.
Estas coincidências vão sendo sobrepostas à todas as vidas passadas e às futuras.
Minhas tias e minha mãe moraram com Gabriela Mistral quando a mãe delas, minha avó materna estava viajando de lua de mel em segunda nupcias...
Era minha avó e madrinha Cecília Meireles casada com meu padrinho e avô, o professor de fitopatologia e engenheiro agrônomo Heitor Grillo.
São lindas e mui divertidas as histórias que a mamãe conta da Gabriela, das irmãs e do
Yin-Yin (Jin-jin) Juan Gabriel Godoy... O filho de Gabriela: "No tocaré fondo de estabilidad mientras no entenda el absurdo".
Ray Charles está cantando Georgia*.
Geooorgiaaaaá.

Other arms reach out to me
Other eyes smile tenderly
Still in peacefull dreams I see
The road leads back to you
(*1959 gravou Ray Charles; Georgia On My Mind dos 
compositores Hoagy Carmichael and Stuart Gorrell)
Fernanda Correia Dias
in Gabrielas



Bananeira . Foto Fernanda Correia Dias

Gosto de encontrar Antonio porque ele resolve uma lista de problemas oferecendo imediatamente uma quantidade imensa de soluções ou estudou o assunto e avisa que não tem solução. É insolúvel. Avisa para o sujeito virar a página.
Quantos você conhece que trazem soluções??

Mayer me ensinou que sempre pode existir mais uma carta. Uma explicação. Uma revelação que muda todos os fundamentos e os sentidos depois de 38 anos de gastroenterológicas. Inclusive o que pode ser compreendido por neurônios: No hotel (em português) x No hotel (em inglês). Em lindas fotografias, filmes e memórias do próprio Anton.

Frank está cantando: _And if I can make it there/ I ´m gonna make it in anywhere/  it´s up to you/ New York, New York, New York! Eu Não precisava fazer sucesso em Nova Iorque para saber que estava certa quando comecei todos os meus trabalhos no Rio, mas é bom lembrar todo o meu sucesso em Nova Iorque como designer também! Obrigada querido!

A Duda não esqueceu que o skill de cada um é determinante para o trabalho.

A Regina me diz que vai aprender a nadar no mar porque sempre quis nadar no mar enquanto a Marta vai para dentro d´água (Peixinha) antes de voltar para Porto Alegre e nada! Eu vim encontrar com elas na beira d´água de salto e short para consolidarmos as Mosqueteiras mosquetando com oito olhos ! O último par de olhos é da quarta mosqueteira a Marina que nos une! Para quem entende e nos sabe como somos, estas linhas em síntese são deslumbrantes!

Imensidão do céu debaixo do sol sobre cadeiras e cangas na  areia. Três mulheres no Celeiro! Constantin escreveu para a Rê, "Morri.Adeus."Rimos porque Constantin depois estava vivo dizendo Alô coração! e fazendo a Rê sorrir!

A Shin me deu um ramo de flores com estrelas de cristal e ainda repete sorrindo em japonês três vezes que eu mereço... A Shin fica assim para sempre...Conceição quer que eu seja para sempre a amiga dela, o exame da ressonância magnética da lombar tinha som de metralhadora, buzina, apito... o que é aquiloooo dentro daquele tubo? Ana vai receber o livro que minha amiga vai levar, a Bia ainda está procurando a Duda no meu telefone? Não respondi ontem? Você não sabe que a Duda é a Ana Lúcia, mas vai saber. Irmã da Cristina, do Luís e da Sonia!Bia a Duda já deve estar em Campinas!

A galinha dos ovos de ouro colocou trinta ovos, vou fazer uma grande fritada!
Estou ouvindo...Ouvindo de ovo... Forever in love, de Kenny G  e o sax dele saiu da sala e chegou até aqui...tocou meu ouvido...
Zizi Possi está cantando em italiano Per amore. Concordo Zizi: Per amore!

Tão masculino ele me explica a temperatura labial do chocolate em banho-maria e eu vou fazer exatamente como ele me ensina e misturo a chocolatrice da minha mãe, que sabia tudo e muito sobre bom-bons, recheios, licores e cho-co-la-tes!
Amêndoas ao leite? Nozes no damasco?

Eu sei que muita gente lê este blog diariamente, não deixa escrito nenhum comentário mas  liga para comentar a postagem, me felicitar pela escrita, assunto, etc. São pessoas bárbaras! Amo vocês.
Outros ficam em silencio. Comentam pontualmente sobre o que leram ou quando nos encontramos pessoalmente e dizem que gostam, gostaram, leram, viram, querem mais...Adoooram!

Mas se você está me lendo você precisa saber que eu sei que você lê este blog pelo que você comenta comigo quando me encontra e me diz que não sabe que eu escrevo neste  blog ou que nunca leu o blog que eu escrevo...
É porque você sabe muito mais de mim, que eu sei que você leu. Ficou com muitas dúvidas. Quis continuar a saber. Quando me encontra pergunta e não percebe que você não poderia saber sobre aquele assunto se não tivesse lido na Casa da Sereia.... Pensa que eu não vou perceber. Eu percebo e te respondo sem te lembrar que estão no blog...Todas as respostas estão quietas e em mim, assim como estou aqui agora. 

Ben E. King está cantando John Lennon neste instante... Stand by me, mas Toquinho já diz que descolorirá.

Andrea Bocelli acrescenta:

E sarebbe come se tutto questo mare annegasse im me*
(É como se esse mar todo se afogasse em mim!)
Fernanda Correia Dias
in Todo ser humano tem um conjunto único de habilidades 
que não podem ser subestimados sob a gravidade do indivíduo 
ficar condenado à morte espiritual.


Árvore no Céu azul. Fernanda Correia Dias

Atenção. Sinceramente atenção.
Você já deve ter entendido que a harmonia faz toda a diferença. 
A harmonia. A harmonia é uma espiritualidade. Não tem carne e nem osso.
A harmonia pode nascer de qualquer fonte e inclusive da sua memória se você não faltar com a sinceridade.
Pode nascer das suas atitudes se você quiser o bem. Fazer o bem. Encontrar o bem.
Você já deve ter entendido. Abra a janela e deixe o bem entrar. O bem estar.
Faça o simples e continue fazendo.
Perdoe todas as suas burradas reconhecendo que foram equívocos ou distrações e reconstrua o certo. Faça o certo. Queira ser melhor para si mesmo.
Fazendo por si e para si, estará também atingindo à todos.
Pedra n´água. 

Fernanda Correia Dias
in As palavras vãs.
Céu na tarde escura . Foto Fernanda Correia Dias
Click na imagem.

Não sei seu nome mas estive diante de você na calçada onde ao seu lado no chão, estava uma mala muito velha e lindíssima aberta com moedas e cédulas de valores baixos espalhados por dentro sobre um veludo caramelo. Nas suas mãos o instrumento maravilhoso que minha mãe tocava sorrindo e que eu percebia como era difícil conciliar a mão direita do teclado fazendo um movimento com aqueles 120 baixos da mão esquerda fazendo outro e a puxada do fole! Aquele acordeon que minha mãe ganhou da mãe dela era um instrumento magnífico criado por Silvio. Um acordeon Scandalli! Da fábrica que Silvio Scandalli fez com a família dele. Harmônica? Minha mãe não dizia harmônica, ela dizia: _Toco acordeon! Adoro! Toco meu acordeon Scandalli, preto e lindo!

Mas você vai dizendo para mim enquanto canta: _ Sorrindo e querendo chorar, feliz assim olhando para mim, que nunca deixei de te amar*** que foi muito cantada por Gallhardo, o Carlos!
Olhei para seus ombros e vi os cintos que você improvisou para segurar o instrumento próximo ao seu corpo. Suas mãos bem brancas, o cabelo ruivo e dizendo ao termino da música ao tenor que quis te dizer para cantar mais baixo e não forçar a voz: _Estou cantando alto para abafar este instrumento que está desafinado. E o cantor observava que você cantava com muito sentimento e que era melhor o cantor que cantava com muito sentimento que aquele que cantasse gritando...O cantor tinha um bom sapato, um cabelo penteado e uma mulher. Estava alimentado e queria ensinar.
Quando você tirou sua mão dos baixos vi sua mão esquerda tremendo muito involuntariamente.
Percebi no seu olhar que você tinha fome. Que o cantor idoso estava esquecido de perceber o instante submerso naquele instante que é tocar um instrumento com uma mala vazia aberta no chão. 
Eu não quis dar nenhuma palavra, nem fazer qualquer comentário, apenas tirei da carteira um dinheirinho e deitei na mala, mas você com o olhar acompanhando a minha comoção cantou delicadamente Bate outra vez, com esperanças o meu coração...Entendi, acenei e parti
Levei no peito outra canção na voz da minha mãe:_Vai boiadeiro que a noite já vem, pega o seu gado e vai prá junto do seu bem!* E em seguida lembrei também: _Encosta sua cabecinha no meu ombro e chora e conta todas as suas mágoas todas para mim, quem chora no meu ombro eu juro que não vai embora, não vai embora porque gosta de mim.**
Fernanda Correia Dias
in Aviso aos navegantes
*de Luiz Gonzaga
**de Paulo Borges
***Bodas de Prata de Roberto Martins e Mário Rossi 


sábado, 28 de março de 2015

Ponte Rio Niterói - Fernanda Correia Dias

Raymundo, com ipsilone conforme ele mesmo ditou, dirigia e ia dizendo continuamente:
Tudo o que você precisa está dentro de você.
Vir à ser é intocável.
O futuro ainda não é.
O passado já passou.
Você é. O agora!
Você tem o hoje.
Você sempre foi você sozinha.
Se beber água, dormir e ficar em pé o resto do tempo vai viver muito e com saúde.
Não sei nada estou aprendendo com o seu silencio.
Tratar com muito carinho o seu monstrinho, dar atenção e colo.
Trabalho meu caráter com auto-aceitação, auto expressão e auto realização. Meu monstrinho é impiedoso.
Ah... não...!!! Ficar sozinho dói!
Essa é a Teoria Energética Bipolar!
É?
Não sei, nada sei. Escutei. Nada sei da Energética Bipolar!
Fernanda Correia Dias
in Raymundo ou como ele prefere ser lembrado:  Ray e o Mundo pensando a Teoria Bipolar em voz alta.

quinta-feira, 26 de março de 2015

Folhas sobre o tronco . Fernanda Correia Dias

Chegou sim. Duas folhas dobradas. Uma bela e merecida homenagem à Cecília Meireles!

Exemplar da Edição Histórica do Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro /Poder Executivo/Ano XXVIII/ N231/Domingo/1 de março de 2015 - Aniversário de 450 anos da Cidade do Rio de Janeiro, trazendo a notícia que o Prefeito Eduardo Paes inscreveu no Livro dos Heróis e Heroínas da Cidade do Rio de Janeiro a Magnífica Poeta carioca Cecília Meireles, Pedagoga, Jornalista, Escritora, Pintora, Cronista!. A Magnífica Poeta que nasceu e viveu no bairro do Estácio até os 20 anos, quando casou e foi morar na Tijuca, depois Leme, Botafogo e Cosme Velho.
Toda a sua vida na Cidade do Rio de Janeiro, quando ainda era Estado da Guanabara e capital do Brasil.Cecília Meireles mundialmente amada é a autora do Romanceiro da Inconfidência. Para o poeta Manoel Bandeira que era pernambucano Cecília Meireles é A exata! Para o mineiro Drummond, Cecília Meireles é A Deusa. Para o gaúcho Quintana "O mundo não estará perdido enquanto lembrarem seu nome, Cecília!"Quando o Rio de Janeiro completou 400 anos, Cecília Meireles escreveu a belíssima e histórica  CRONICA TROVADA DA CIDADE DE SAM SEBASTIAM NO QUARTO CENTENÁRIO DA SUA FUNDAÇÃO PELO CAPITAM-MOR ESTÁCIO DE SAA, que foi publicada pela então Livraria José Olympio Editora em 1965 com 83 páginas!
Você já leu?
Oh... É lindíssimo!
Começa assim:
"Entre o Pão de Açúcar
e o cara de Cão,
com duzentos homens,
nosso Capitão
fundava a cidade 
de S. Sebastião."

Saudações ao Prefeito Eduardo Paes e ao Secretário Municipal de Cultura e Presidente do Comitê Rio 450, Marcelo Calero,  da filha Maria Mathilde, da neta Fernanda Correia Dias e das bisnetas Kenya e Gaya.


Fernanda Correia Dias
in Se Bandeira, Drummond e Quintana 
escreveram que Cecília Meireles é A exata, 
A Deusa e que seu nome não poderia ser esquecido
cá estamos! Eu a neta de Cecília Meireles,
 o Prefeito Eduardo Paes e o Secretário Municipal de Cultura, Marcelo Calero  para lembrá-la.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Nuvens caminhando no céu . Foto Fernanda Correia Dias

São oceanos e rios suspensos viajando no céu...Para onde?
Lagos pequenos, lagoas enormes...Mares evaporados.
Condensados.
Ovos mínimos, em gotas levam peixinhos.
Peixinhos!
Levam projetos de sementes.
As vezes chove fininho. 
Tudo síntese da síntese exposta ao ar, 
ao sol, ao azul do céu e caminhando. Carneirinhos.
Ao meu olhar o invisível visível.
Sou a  centelha que ama cada nuvem e cada sombra
porque sou água, mas ainda não sou completamente 
a minha própria matéria evaporada.
Serei rio, lago, lagoa, mar...Oceano.

Farei parte de outro ser.
Sou um por enquanto.

Fernanda Correia Dias
in Para Ana Maria Lisboa de Mello


Chama . Foto Fernanda Correia Dias



23 de março de 1884...  Musica Brazileira? 
Brazileira é assim que leio nas revistas Careta e Revista da Semana...
Ontem nasceu meu tio-trisavô Glauco Velásquez?
Tio-trisavô por parte paterna de minha Avó materna? Foi o que me disse o bom Mariz. O Vasco!
Estaria Velásquez com 131 anos? Viveu até os 30 anos.

Você ficará maravilhado com a musica de Glauco Velásquez, o compositor maestro!
Com mérito reconhecido pela vanguarda em vida, estreou publicamente em 1911, compunha em politonalidades e passagens atonais e de forma moderna retomou o contraponto com audácia harmônica.
Patrono da cadeira 37 da Academia Brasileira de Música, o acervo de Glauco Velásquez está na Escola de Musica da UFRJ, antigo Instituto Nacional de Música. Este acervo se originou da Sociedade Glauco Velásquez, organização criada por amigos e admiradores de Glauco Velásquez. Encontrei hoje na Revista Careta o seguinte:
O maestro Glauco Velásquez morreu moço, deixando uma vasta obra musical inédita.Os nossos mais reputados críticos de arte e os nossos melhores artistas de música, em afirmação unânime asseguram que o compositor possuía predicados geniais e tentou inovações que não foram compreendidas. Os seus admiradores, cujos nomes, pela significação artística de cada um deles, bastam para glorificá-lo, quiseram salvar do olvido a sua obra e hoje, as 9 horas, no salão do Jornal do Commercio, apresentarão ao público a sociedade fundada para divulgar as musicas de Glauco Velásquez e da qual são fundadores: Paulina D´Ambrosio, Adelina Alambary, Stella Paroddi, Rosita Corbinno, Maria B Ferreira, Dagmar Chapot Prevost, Amelia Mesquita, Alberto Nepomuceno, Rodrigues Barbosa, Henrique Oswald, Azevedo Pinheiro, Francisco Braga,Frederico Nascimento, Guedes de Mello, Albuquerque Costa, Alfredo Gomes,Nascimento Filho, Luciano Gallet, Virgilio Octaviano Gonçalves e Rubens Figueiredo. A directoria da Sociedade que hoje se apresenta, ficou provisóriamente constituída: Presidente, Azevedo Pinheiro; Presidente honorário- archivista, D. Adelina Alambary Luz; Director Artístico, Francisco Braga;Secretário, Luciano Gallet; Thesoureiro, Lino José Barbosa. O concerto que hoje se realisa obedece ao programa seguinte:I- Suite I para Quartetto; II- Elegia Valsa (Violoncello) III-Mal Secreto, Casa do Coração, Virgem Santíssima(Canto) IV-Palestra de Sebastião Sampaio explicando o intuito da Sociedade V- Trio II para piano, violino e violoncelo.
Você ficará maravilhado com a musica de Glauco Velásquez!
Luciano Gallet era seu interprete predileto?

Darius Milhaud, secretário particular do embaixador francês Paul Claudel (irmão de Camille Claudel, a escultora) no Brasil e encarregado de propaganda cultural e que viveu no Rio de Janeiro como adido, sabia da importância da obra de Glauco Velásquez. Fez uma conferencia tão logo chegou no Rio de Janeiro, no Liceu Francês e começou assim:
_Você ficará maravilhado com a música de Glauco Velásquez. Estas palavras me foram ditas pelo meu mestre às vésperas de minha partida da França. Em seguida ele sentou-se ao piano e tocou-me algumas melodias. Alguns compassos foram suficientes para eu sentir pelo caráter tão expressivo da linha melódica que Glauco Velásquez pertencia a raça dos grandes músicos."


Darius Milhaud tocou a Segunda Sonata para violino e piano em vários concertos e ocasiões inclusive  no Teatro Municipal em 14 de Julho 1917 na festa nacional francesa. Também fez a estreia mundial ao violino do Quarto Trio de Glauco Velásquez e tocou várias vezes! Tinha predileção por uma das fantasias para Cello e Piano: o inicio do segundo ato da ópera inacabada de Soeur Beatrice no  trecho intitulado Cântico de Beatrice.
Você ficará maravilhado com a humanidade poderosa e irresistível de Glauco Velasquez?
Então veja ou ouça a execução de Paulo Brucoli ao piano, Fabio Brucoli ao violino e Mauro Brucoli ao violoncelo!
E de Emmanuele Baldini, violino e Karine Fernandes, piano.
Glauco Velásquez  fazia musica na casa de Paulina D´Ambrosio?

Milhaud em abril descobre em Paquetá, ainda à lápis um quarto trio do Velasquez que ele se propõe a restaurar. Um segundo documento está na Biblioteca Roberto Nepomucemo datado de outubro 1917 e do punho de Luciano Gallet  revela a descoberta da  manuscrito de abril e que em setembro estava completamente concluída a restauração que foi supervisionada pelo Maestro Francisco Braga.

Xavier H. Napoleón Leroux / Compositor francês, início sec XX :
"Sempre que houver na Terra, seres que terão gemido sob a dor - estremecido de esperança e incendiado de paixão - haverá para a música de Glauco Velásquez ouvintes que gemerão e se exaltarão com ele" 

Você ficará maravilhado com a música de Glauco Velasquez.
É o moderno em 1911 e hoje contemporâneo, porque atual.

Cecília Meireles tocava violino.Minha mãe lembrava da mãe tocando.
Seria o violino de Glauco Velásquez?
Que diferença faz o violino para a magnífica e evidente musicalidade  e robusta síntese poética de Cecília Meireles se ela encontrou nas letras o instrumento da sua Música?
-Desenrolei de dentro do tempo a minha canção: não tenho inveja às cigarras, também vou morrer de cantar. Cecília Meireles in Aceitação/Livro Antologia Poética-

Muito jovem, Cecília estudou música e quis escrever e musicar uma obra para São Paulo... Aquele de quem lembramos: Ainda que eu falasse a língua dos homens, e falasse a língua dos anjos, sem amor, eu nada seria...
Ela também tocava violão.
Maria Elvira, irmã da minha Mãe, ficou com o violino.
Quando minha filha Gaya aos 4 anos pediu ao Papai Noel um violino e no dia seguinte queria um professor...Noel trouxe o violino pequenino para criança de quatro anos e o maravilhoso Maestro Alexandre Guiamares... Mas antes, entre o violino e o maestro Alexandre, Gaya entrou na Sala Cecília Meireles com o pequeno violino, assistiu a um concerto e ao termino pediu para falar com o maestro do concerto e os músicos. Abriu a caixa do seu violino, (1/4 de violino) passou breu nas cordas do arco e eles rodearam Gaya encantados. Ela disse:_ Também tenho um violino e posso tocar com vocês. Lá pelos 12 anos de idade e novamente na Sala Cecília Meireles, subiu no palco e sozinha tocou para a mãe, a avó Mathilde, a irmã Kenya que sentaram na platéia vazia para quem Gaya tocava seu violino lindamente enquanto todos os que porventura passavam vinham ouvir atraídos pelo som do palco, quem tocava.

Fernanda Correia Dias
in Chama

Mathilde, Fernanda e Kenya também estudaram e tocam violino.
O Historiador e musicólogo Vasco Mariz soube do parentesco por Cecília. Os Maestros Lutero Rodrigues, Andre Cardoso, Ernani Aguiar e o musicólogo Manoel Corrêa do Lago, entre outros, pesquisam, estudam e perpetuam a obra de Glauco Velásquez.












terça-feira, 24 de março de 2015

Alinhamento na quadratura. Água, Terra, Fogo e Ar . 
Foto Fernanda Correia Dias

Quando me  vejo no espelho ou num reflexo de alguma superfície polida sempre me leio como estas placas com as quais me identifico muito e que encontro no caminho: Em obras,Trecho em obras, Em construção, Desculpe o transtorno estamos trabalhando para o melhor...Sou dinâmica em contínuo estado dinâmico. E lembro das sugestões que aprendi com minha mãe e dela mesma praticando e me dizendo: _...Todo dia examino o que sinto, o que fiz, como fiz...Me perdoo e me esforço para praticar o ótimo. Logo, logo! Executo o ótimo!Faço um exame de consciência  e depois uma higiene mental. Mente sã em corpo são. Somos o que comemos e o que pensamos. Elimino da minha cabeça os maus pensamentos, as maldades que fazem comigo. Não faço maldades com os outros para não ter que pedir desculpas.

Assim também sigo eu, nesta quadratura exemplar de Água, Terra, Fogo e Ar: Pensar no que digo, escrevo, faço...Querer compreender.Pesquisar, pensar e tirar conclusões. Querer a excelência e o melhor para o próximo e para mim. Me aproximar do magnífico com amor e eliminar do pensamento tudo o que não é saudável. Sempre é possível e é o que devemos perseguir! Se não fazemos a higiene mental os pensamentos que também obedecem as leis da natureza e ficam maduros, perdem o frescor e morrem, acabam nos intoxicando. É para eles mesmo que me dirijo, eliminando e repondo minhas fruteiras de pensamentos frescos, novinhos de novas curiosidades pela vida, palavra, atitudes...A nova música que estou amando, o grande compositor que eu ainda não tinha ouvido tudo, determinado tom de turquesa que está me fazendo um bem enorme misturado com amarelo canário e verde folha, os últimos e maravilhosos quatro livros que estão me esperando e ainda os dezoito que estou lendo, a casa que está ficando linda, o exercício que Mestre Hou me ensinou e que me entrega saúde mental e corporal... A água deliciosa, o copo, o perfumado banho! O gatinho da minha mãe dormindo de barriga para cima e boquinha aberta no meu colo,...A delícia do algodão na pele, a minha voz no eco do corredor e da sala de pedra, o pássaro cruzando meu rosto em diagonal e lançando meu olhar em seta onde leio: Tamarindo!
Viver é realmente lindo.
Fernanda Correia Dias
in Exame de Consciência e Higiene Mental.





sexta-feira, 20 de março de 2015

A Bela Bola na Praça. Foto Fernanda Correia Dias

Assim como uma linda bola vermelha aparece numa praça iluminando os olhos de uma criança nas manhãs  verdes no Alto da Boa Vista... Nos dias de chuva e frio, meu coração dançava aquecido e contente enquanto Mohammed El-Bakkar and his Oriental Ensemble cantavam e tocavam em alta fidelidade estereofonicamente na vitrola da minha Mãe... E ela nos ensinava a dançar dançando conosco! Batendo palmas, subindo e descendo os braços e nos ensinando à curvar as costas para trás,Mover as  mãos e os dedos falantes alegremente e cantar ao exemplo das odaliscas que estavam na capa do long-play...Era uma capa maravilhosa escrita Sultan of Bagdad e o disco era o cenário em que sentíamos que estávamos habitando naquelas lindas horas até a noite escura nos abraçar! Nossa Mãe era a própria Sharezade dentro da vida das nossas vidas nas histórias que ouvíamos...
O que ele está dizendo? Ouvi Habib... Não é amor? Então ela contava a história do Amor...E agora ele está dizendo Fátima....o nome da minha irmã! E ouvíamos a historia de Fátima...e ele não vai dizer meu nome? Já disse! Habib! Amor, meu amor! Nunca soube o que ele dizia sobre winta, Ana Winta... Mas eu sabia cantar uma parte bem difícil que começava les, les...  les..les... Uns pratinhos para os dedos! Cimbalos! E o sorriso da minha Mãe nos iluminava profundamente! O disco de tanto ser ouvido estava arranhado, mas nos divertíamos muitíssimo! Ali sentia que a Sharezade nos cercava de amor e de histórias e que era fácil, muito fácil entender todos os idiomas...Eu soletrava ... Sultan... ela traduzia explicando é o mesmo que sultão. Sultan é inglês...of... de...Bagdad... é Bagdá... Eh Bagdá! Ela sonhava... Parecia que estava lá todas as vezes e  muitas vezes! 
Mais tarde, ela que gostava muito de estudar resolveu aprender a falar e escrever árabe. Era impressionante seu amor em fazer aquelas letras falarem com a voz dela desvendando as ondulações, os pontinhos de trás para frente... Falando árabe e escrevendo palavrinhas para aprendermos. Era amor.  Sempre amor. Ficava divertido o encontro com as quatro! Quatro mulheres maravilhosas...Todas cantando conosco Frère Jacques, Sur le pont d´Avignon... em francês...Ten Little indians  em inglês, My Bonnie Lies Over The Ocean...bem escocesa...A outra falando japonês e nos ensinando origami e haicais... E minha avó Cecília que era poliglota, explicando que já estava até ficando amarela de tanto estudar chinês...
E aquele gesto que parecia o Nemastê... A minha centelha divina saúda a sua centelha divina,,,Com meu coração, minha alma e a minha mente...Ou...com meu pensamento, minhas palavras e meu coração...
Muitas vezes estávamos sempre em Bagdad, fosse Copacabana, Cosme Velho, Lagoa, Curva do Joá, Floresta da Tijuca! Céu, montanha, mar... Muitas vozes, cores e musicalidades nos despertando a alegria de viver e de nos entendermos com amor, Habib!


Fernanda Correia Dias
in Hoje é o dia do Amor
Para a minha família e para Olguinha também.




terça-feira, 17 de março de 2015

Árvores não são palmeiras. Foto Fernanda Correia Dias

Ainda hoje museólogos, pesquisadores, críticos e historiadores discutem o controle do que é História Brasileira do Agora, História Brasileira do Presente... Coisa que qualquer um ainda pode testemunhar. Imagine o desserviço  que fazem museólogos, críticos e historiadores com o desatento controle do passado recente... e do Passado-passado então...! Da História Brasileira do Passado!
Ainda não temos o curso de História da Arte Brasileira nas escolas e universidades brasileiras, temos? Temos Historia da Arte... mas... História da Arte Brasileira? E por que não temos? Ainda temos os maravilhosos amigos das Artes? E o clientelismo na cultura, nas artes e nas preservações dos patrimônios? Ainda temos? Certamente. Tudo ainda existe como sempre existiu e sempre se combateu e sempre persistiu!
Livros homenageando celebridades ocas e desconhecidas...Ah... E como temos! Livros que faltam com a verdade da história! Mas quem? Quem está preocupado com isso?
Quem lê? Quem gosta de ler? De tudo querem fazer o filme? A imagem? Onde está o culto ao poder da palavra em dar clarividência?  Em fixar com a letra?

Da História Passada, ainda que existam os documentos para a pesquisa honesta ou a coisa feita diante dos olhos, a arquitetura palpável ainda falta o estudo. E estou apenas me restringindo na observação ao que ocorre no Brasil, o que não é o mesmo que dizer que isso também não ocorra em outros países, mas eu estou interessada no Brasil. No Brasil são raríssimos os indivíduos que estudam espontaneamente um assunto brasileiro e buscam a especialidade e a excelência para comunicar ao Brasil, ao universo, ao mundo!. Seja literatura, ciência, arte, medicina, futebol, escola de samba...Raros mesmo! Os pouquíssimos  e maravilhosos seres que estudam, apoiados por injustas e escassas verbas e patrocínios culturais ensinam que antes de estudar devem afastar a arrogância, porque estão em constante e interminável aprendizado. Alguns até sabem que o Brasil já foi conhecido como Pindorama, Terra das Palmeiras porque reúne rica variedade na paisagem das plantas palmáceas... Ah... melhor escrever sobre as palmeiras...Por que o último livro reunindo a historia  na vitrine...

Morfologicamente as palmeiras são bem diferentes das árvores, porque não apresentam crescimento lateral de galhos e o caule é cilíndrico, lenhoso e coroado por penacho de folhas.
Próximo a sessenta milhões de flores sustenta uma única palmeira talipote - Corypha umbraculifera-. Burle Marx plantou várias em homenagem à Cecília Meireles no Parque do Aterro do Flamengo / Parque Brigadeiro Eduardo Gomes em 1965, quando contava 56 anos de idade sabendo que  provavelmente não teria tempo em vida para conhecer a  floração que ocorre uma vez apenas, entre os quarenta e oitenta anos de idade desta palmeira. Depois da exuberância das sessenta milhões de flores e dos frutos a talipote morre.
Dá para ver de muito longe uma talipote que pode ter um metro de diâmetro e vinte de altura...

Ah... quando penso numa palmeira penso na mais alta mesmo!
Porque a mais alta é sempre a poeta Cecília Meireles! Da altura de vinte metros com sessenta milhões de flores e frutos. Poucos seres humanos são mais valiosos para o pensamento humano que Cecília Meireles...Assim como poucas plantas são mais valiosas para o homem que a palmeira: Óleos, canoas, chapéus, telhados, alicerces, caibros, pontilhões, jangadas, vassouras, esteiras, graxas ceras,sabões, cestas, palmitos...jarinas, botões, águas de cocos!
Árvores não são palmeiras. Não perca tempo, vá direto ao estudo! Quando você quiser compreender algo realmente pela clara evidência da palavra exata e da imagem, sugiro que procure a obra poética, a obra em prosa ou os desenhos de Cecília Meireles e tire suas conclusões.Se você gosta de música, você gosta de poesia, de síntese. Leia poesia. Hoje. Já. Agora. Não perca seu tempo comigo. Não perca tempo com autorezinhos de ficções e romancinhos nacionais e estrangeiros...Não gaste seus olhos em vão! Não fique para trás, enlaçadinho em labirintos esquizofrenicozinhos... Vá direto à saúde mental.Ao assunto! Alcance a resposta inteligente por dentro! Viva a solução. Tenha a certeza do incerto. Conheça o provisório. Perceba o permanente. Aprofunde-se na vida com a excelência de Cecília Meireles como fazem os gigantes que estudam, pesquisam e os que traduzem a obra de Cecília Meireles para todos os idiomas... São Geniais. Especializa-se. Só quem pensa é capaz de mudar de pensamento e oferecer o ótimo. Aproxime-se do magnífico.
Ela vai te dizer com segurança como disse para mim: "Não faças de ti um sonho a realizar: Vai." *
* in Cecília Meireles, Cânticos  XXIII 
Fernanda Correia Dias
in Árvores não são palmeiras.



quarta-feira, 11 de março de 2015

Lagoa Marapendi . Foto Fernanda Correia Dias

Em terra de Macunaímas, Viva a preguiça!
A Lagoa de Marapendi está completamente tomada de caca humana... Em torno dela estão os protagonistas da histórica ofensa à natureza. Os proprietários ou os locadores dos imóveis dos prédios e dos condomínios de casas e prédios que sabem que despejam seus dejetos diretos no Canal da Lagoa de Marapendi...Dão a descarga duas ou três vezes ao dia, saem com sacolas ecológicas e enchem as sacolas com iogurtes, sucos saudáveis, sanduíches integrais todos embalados em plástico... e postam em suas páginas virtuais a preocupação com a natureza...o ser humano...a ecologia...Não sofrem. Fazem o seu possível... não podem mudar o mundo... 
Conheci o Canal e a Lagoa de Marapendi fotografando linguados nas águas transparentes...
Em trinta anos os homens são capazes de destruir o que era perfeito e equilibrado sem sentir dor ou responsabilidade. Infelizmente. Os jacarés rondam seu habitat invadido e as vezes mordem. Macunaímas vivem a preguiça. Jacarés vivem seu habitat e a população do Rio de Janeiro cresce cada vez mais ocupando estes imóveis que reúnem centenas de pessoas em vários blocos e andares altíssimos ou muitas casas e que não estão nem aí para linguados e ecologia.
Vieram morar no Rio de Janeiro, Cidade Maravilhosa e querem que os reconheçam cariocas! Como?

Fernanda Correia Dias
in Para inglês ver.




terça-feira, 10 de março de 2015

Mãos Francesas . Foto Fernanda Correia Dias


   As mãos são francesas.
       Cecília Meireles poeta, escritora, pedagoga, 
pintora, tradutora, jornalista, é carioca.

Fernanda Correia Dias
in carioca é o gentílico dos que são nascidos 
na Cidade do Rio de Janeiro bebendo as águas do Rio Carioca



sábado, 7 de março de 2015

A Cica Phoenix de grande altura da Rua Garcia D´Ávila.
 Foto Fernanda Correia Dias

Passados dez anos, ninguém lembra da maioria dos artistas que fizeram, o cinema, a televisão, o teatro e da cena, o grande artista, aquele inesquecível....Com dicção perfeita para alcançar o espectador da última poltrona sem soar o texto como berros...Modulando a voz e o corpo para o tempo do texto, da hora, da importância...da luz...Com expressão corporal irrepreensível e de tamanha introjeção da persona que é a naturalidade, é o próprio rei.! Rainha. Crocodilo, Esquizofrênico, Dragão, Surfista... Tão bom que se fosse o Rei, sentia-se mesmo que era o rei em pessoa que nos ensinava como era ser um rei tão perto de uma platéia, tal a beleza dos detalhes na postura exemplar...ou nos defeitos e imperfeições... Só na memória de quem viu e viveu vai ficar aquilo que viu e sentiu. E vai perdurar enquanto viver... depois da ausência do ator e da  ausência do último que viu, acaba aí o grande ator? Talvez para a maioria...Jornais e  revistas antigas, daquelas que reproduzem lindas fotografias em preto e branco, não servem para trazer aquele ator ou atriz antigos em cena quando ninguém mais lembra dele e da importância deles. Mesmo as revistas coloridas não deixam ver nem sentir o que eram os grandes...Os grandes Atores! Até os filmes fracassam em reter esta memória, porque é preciso mais que o Ator, para que tudo fique em permanente estado de maior beleza. É preciso o interessado profissional sensível  que reconheça valor de grande e imperdível, que arranque da mídia anacrônica e atualize nas mídias vigentes, como aconteceu com os filmes mudos de Charlie Chaplin que ganharam a televisão, quando foram criados para o cinema com sala escura e depois para dvd, internet, etc...Ah...as mãos e as cabeças daqueles que reconheceram o valor em preservar e salvar os grandes atores, as grandes interpretações dos grandes textos...Ah... Julie Andrews em The sound of Music...Os grandes atores! Suas obras não tem o mesmo tempo que os grandes autores. Os grandes autores cruzam cem, quinhentos, mil anos...Ah... Os grandes atores... São corpos, vozes e intenções em exercício de expressão...Entregando à cena e à persona a efemeridade da sua inesquecível interpretação... a dramaturgia e o drama de saber-se em toda a arte, talvez o mais provisório e frágil de todos e o mais forte. O mais substituível  e o inesquecível.
Ah... os atores são os que vivem profundamente a importância do agora no agora e que mergulham no tudo que passou, passa e passará.
Que dedicam-se à esta percepção de pertinência, urgência..evidência...mastigando os textos frágeis e os poderosos... repetindo mil vezes antes, durante  e depois. Aos atores, ao tempo e à importância de promover a reflexão e o pensamento, sinto sempre a reverencia. Aquela mesma da cabeça aos pés de quem é capaz de ler, reler, questionar, apurar e como qualquer um  levantar-se outro e reunir uma platéia em torno de si para o melhor entendimento dos humanos sentimentos, nas palavras e das idéias no mundo.
Fernanda Correia Dias
in Atores...Grandes Atores





A árvore dos lírios . Foto Fernanda Correia Dias

Sabia que um dia ia encontrar aquela flor na natureza. Não sabia onde. Sempre procurei esta flor que existia na pintura indiana que me cobria à noite, nas estampas indianas das minhas cobertas, pacheminas, lençois de seda e então poderia ser ou não uma flor muito antiga indiana... Poderia nem mais existir... Mas eu sonhava com ela que aparecia debaixo do meu corpo, na cobertura do futon entre as almofadas do meu quarto...Fresca? Estalando alegria  num canteiro ou no céu eu ainda não tinha encontrado...Mas ela viria ao meu encontro.As minhas estavam ali sobre fundo amarelo ovo!
No dia que encontrei a maravilhosa eu estava com um spencer de seda da mesma cor das pétalas dela! Ciclame!
Eu fiquei perplexa. Na Urca? Talvez uma daquelas antigas embarcações com aquelas velas que deram nome ao lugar - urcas- tenha chegado das Índias com sementes presas aos remos, aos cascos, nas botas dos marinheiros... E então uma árvore imensa ficou ali crescendo até que eu encontrei!
Era dia claro, contra o azul do céu as flores pareciam mais ainda inverossímeis, mas...Estavam ali...
Passei meus olhos por todos os detalhes, as pontas das pétalas, a curva da haste, a elegância dos pistilos!
Era ela!
A Baía de Guanabara abria um céu imenso, o mar batia contra as pedras e eu fiquei na murada assistindo  a presença da minha árvore de lírios plantada na Urca! Logo ali onde eu jamais teria pensado que a encontraria...
É assim mesmo. Não sabemos onde estão aquelas maravilhas que nos deram vida em vida e em pensamento. Um dia estamos diante delas, porque tudo está por aqui em volta sempre. Nada se foi.
Nada irá.
Falta encontrar o nome dela. Ninguém sabe.
Se você sabe... escreva!
Fernanda Correia Dias
in A árvore de lírios



sexta-feira, 6 de março de 2015

Quadro. Autor Roberto Tascheri : Pôr-do-sol. 
Tinta óleo sobre placa de Eucatex.
Foto Fernanda Correia Dias

Carmen sempre nos reunia nos motivando a estarmos juntos! Na mesa, no barco, no carro, na praia!
Queria viver a família. Amava a família! Ficava muito contenta quando íamos ao encontro dela e ajudávamos por qualquer motivo... Só pela companhia! Que amor! Saiu, comprou tintas, solventes, placas de Eucatex, pincéis e me pediu: Me ensina, princesssa  a pintar! Bamos? Me ensina a fazer as cores misturando os pigmentos!
Assim logo na primeira tarde de pintura... O sol maravilhoso, o retrato da imensidão que ganhei do autor Roberto Tascheri.
Quando perguntei o nome do mimo, ele disse: Pôr-do-sol!
Que amor!
É Rio de Janeiro.Dos 450 anos que estamos comemorando, este Rio de Janeiro está com 33 anos!
É visão da Barra da Tijuca!
Trinta e três anos tem este Pôr-do-sol. Eu estava lá. Eu vi este sol. Eu vi este dia. Esta paisagem. Mas ele via e pintava com tintas e sentimento.A escolha da cor, o fazer da tinta, o corrigir o tom, a forma, se aperfeiçoando continuamente e ajustando o olhar. O nosso olhar o que ele olhava e como olhava. Pense nisso! Estávamos reunidos pintando numa varandinha ao ar livre. Roberto pintava a paisagem, Carmen umas folhas e eu a minha mão pintando...
Então eu vi na transmissão do Carnaval deste ano uma lua flutuando... Uma multidão e a lua...Era uma bola... Eu via uma lua e depois outra...Fiquei fascinada com o lindo efeito, a poesia da leveza...  Era o nascer-da-lua...  Que amor! Comentaria La Mamã...E os olhos de Roberto fechariam demoradamente quando ele ouvisse: Que amor!
Por que era assim que ele reagia quando agradecíamos sua companhia, seu gesto!
Roberto estava sempre por ali conosco. Participando e nos ajudando. Por vezes abraçado com Momo e nos contando algo para rirmos! E seria sempre ele, entre os rapazes, com muito sentimento e sem formalidade alguma o primeiro a dizer espontaneamente, Obrigado!
Fernanda Correia Dias
in Pôr-do-sol
Quadro. Autor Roberto Tascheri . Detalhe . 
Tinta óleo sobre placa de Eucatex . Foto Fernanda Correia Dias

Olhando assim bem perto, a tinta, as cores e as pinceladas de Roberto.
Estávamos os três pintando. Eu, Carmen e ele na varandinha ao ar-livre onde víamos o skyline no entardecer e na nossa frente. Carmen dizia: Obrigada! Mais um dia maravilhoso enquanto o sol ia mergulhando naqueles tons de cinzas azulados e marrons avermelhados. Ela pintava folhas, eu pintava minha mão pintando e Roberto fixava a tarde... Uma imensidão! 
Depois vieram os prédios na frente daquela paisagem. Muitos prédios. Mais prédios...Quantos prédios!
Passados 33 anos...Ao meu lado Carmen D´Aucilio e Roberto ainda naquele dia!

Fernanda Correia Dias
in Detalhe de uma imensidão

quinta-feira, 5 de março de 2015


Maria-Sem-Vergonha . Floresta da Tijuca . 
Fotografia Fernanda Correia Dias

Andávamos com os faróis do carro desligados e o luar acendia as Marias-Sem-Vergonha que nasciam e exibiam suas flores nas margens da estrada! Quem conhece cartela de cor e sabe que cor é luz, pode imaginar o quanto de magia vivíamos em encantamento.Esta cor acima, na flor, o magenta, que em pigmento estaria mesclada a branco para este tom, também ficava ao lado de outras, nas cores...coral... chá... vermelho... As árvores mais altas que se curvavam sobre a estrada e eram mais escuras que a noite desenhavam aquela certeza que estávamos nas franjas da Floresta da Tijuca. De vez em quando um macaco prego pulava... Um sagui corria, um caxinguelê decidido atravessava o luar e a natureza pulsava adaptada à presença do carro, do gás carbono e do nosso amor por aquelas luzinhas lá em baixo, como um presepinho...Um poderoso aroma suspenso cortava geladinho o calor da umidade e passava por cada nó da minha coluna. Nunca mais fui a mesma depois daquela noite, mais uma na minha vida, mas aquela em que eu nasci naquelas horas aos nove anos, reveillon, passagem de ano, lá em baixo as festas... e esta casual percepção que a noite é assim na floresta: Na companhia da lua, dos bichos e das temperaturas. Enquanto que se os faróis do carro estivessem acesos, seria mais uma passagem sem esta magnífica percepção. Olha! Que lindo! Quantas vezes foi assim? Muitas. Por trinta anos...E agora? Tudo deve estar lá como sempre esteve, mas é preciso passar na noite, apagar os faróis e ficar quieto observando tudo... Será que ainda é possível?

Fernanda Correia Dias
in A noite na Floresta!









Saberes e sabores dos Açores
de Maria Orísia Melo e Conceição Melo Cabral publicado por Letras Lavadas edições

Saberes e sabores dos Açores
de Maria Orísia Melo e Conceição Melo Cabral

Recebi por correio de São Miguel nos Açores para o Rio de Janeiro este mimo maravilhoso e imperdível que traz duas receitas (entre tantas maravilhosas) muito conhecidas da minha família: Polvo `Micaelense e Toucinho-do Céu! Orísía e Conceição não resisto! Vou compilar para que todos percebam como escrevem bem e com sinceridade estas duas autoras e implacáveis pesquisaadoras:

Polvo à Micaelense:
2kg de polvos; 3 cebolas médias; 1 cerveja média; 0,5 kg de batatas; 1 copo de vinho de cheiro; azeite, sal e pimenta q.b. O polvo é partido em pedaços grandes. Numa panela deita-se a cebola cortada grosseiramente e vai a refogar em azeite. Coloca-se o polvo e deixa-se destilar até quase secar o molho, mexendo sempre.Deita-se depois a cerveja e fica a cozer até secar novamente o molho, mexendo-se de vez em quando. Põe-se então o vinho e volta a cozer só no vinho, mais ou menos durante 5 minutos. Junta-se um pouco de água, o sal, o piripiri e as batatas partidas aos cubos. Quando as batatas estiverem cozidas, está pronto a servir.

Toucinho-do-céu:
500g de açúcar;12 gemas;2 claras e 250g de amêndoa ralada fininha. Leva-se o açucar ao lume com água até fazer ponto de cabelo. Tira-se do lume e deita-se a amêndoa ralada e as gemas que já estão misturadas com as claras. Unta-se uma forma com manteiga, deita-se a mistura e vai a cozer em banho-maria. Leva aproximadamente uma hora a cozer.

Hum...Leia a poesia de Cecília Meireles, de Victor Meirelles e de Maria Orísia Melo na cozinha enquanto o aroma vai perfumando o ar...Ou aproveite e experimente Tarte de Maracujá... Mas não perca... Não perca! Tente fazer as maravilhosas e inesquecíveis, fantásticas e "o doce da minha vida" balbuciado e fixado por Cecília Meireles (em carta para Armando Côrtes Rodrigues/Lição de Poesia), Maria Fernanda, Maria Mathilde, Eu (Fernandinha), Kenya  e Gaya as QUEIJADAS DE VILA FRANCA DO CAMPO na página 76 de SABERES E SABORES DOS AÇORES - Esplendidas!!!

Fernanda Correia Dias
in Agradecendo o mimo sincero de Maria Orísia e Conceição 
e em homenagem à Jacinta Garcia Benevides 
Avó açoriana de Cecília Meireles de quem herdamos toda a nossa açorianidade!
Beijem o Victor Meirelles, a Margarida Oliveira, O Director Antonio Oliveira, Humberta, Pedro, Miguel, Lara, Antonio, Alcídes, Thomás Vieira, Conceição... Doutora Margarida Maia!  João Constância...João Câmara...Ah... A Escola Cecília Meireles, a Universidade dos Açores e o Museu Carlos Machado, a Casa de Armando Cortes Rodrigues, todos os nomes dos meus amigos que não chegam neste instante, por mim!!!! 




quarta-feira, 4 de março de 2015

Voltando de Búzios . Foto Fernanda Correia Dias

Sinto em simultaneidade a presença de quatrocentos e cinquenta  anos no peito e  quatro mil anos na respiração.

Fernanda Correia Dias
in Uma das 450 carioquices
Palmeira, bananeiras e telhados . Foto Fernanda Correia Dias

Hoje ainda 4 de março de 2015, a mídia impressa e eletrônica, feliz e empenhada em comemorar os 450 anos do Rio de Janeiro, interessada em ampliar e fidelizar audiência, diz e escreve que o carioca é isso e é aquilo...Que é assim ou assim... Tem este estilo e aquele...Lá, lá, lá. Apresenta vários indivíduos de diversas partes do país e do mundo como autênticos cariocas, etc...Simpaticíssima! Andei pensando nisso.
Andei pensando o que é ser carioca e imediatamente no meu consciente apareceram todos os da minha família materna e paterna me perguntando: Por que você está perguntando isso? Eu sei... eu sei... carioca nunca pergunta a si mesmo nem a ninguém o que é ser carioca. Carioca é. É gente. Mas eu tenho consciência que quero responder esta pergunta! Ainda que levemente. Carioca ensina praticando.Pratica o humanismo. Nasce sabendo o que é. Humanismo.Humanista.Tente. Qualquer um consegue pensar no outro como se fosse a si mesmo.
Fernanda Correia Dias
in uma das 450 carioquices