sábado, 28 de fevereiro de 2015

Rio 450 anos . Foto Fernanda Correia Dias

Nasceu no Rio de Janeiro, no bairro do Estácio a Cecília Meireles mundialmente amada!
É carioca a autora do Romanceiro da Inconfidência.
Para o poeta Manoel Bandeira que era pernambucano Cecília Meireles é A exata! Para o mineiro Drummond, Cecília Meireles é A Deusa. Para o gaúcho Quintana " o mundo não estará perdido enquanto lembrarem seu nome, Cecília!"
É o que faço hoje nos 450 anos de aniversário da cidade do Rio de Janeiro!
De neta carioca para Avó maravilhosa e também carioca!

Quando o Rio de Janeiro completou 400 anos, minha avó Cecília Meireles escreveu a belíssima e histórica CRONICA TROVADA DA CIDADE DE SAM SEBASTIAM NO QUARTO CENTENÁRIO DA SUA FUNDAÇÃO PELO CAPITAM-MOR ESTÁCIO DE SAA, que foi publicada pela então Livraria José Olympio Editora em 1965 com 83 páginas!
Você já leu? Lindíssimo! Começa assim:

"Entre o Pão de Açúcar
e o Cara de Cão,
com duzentos homens, 
nosso Capitão
fundava a cidade
de S. Sebastião."

Fernanda Correia Dias
in Se Bandeira, Drummond e Quintana 
escreveram que Cecília Meireles é A exata, 
A Deusa e que seu nome não poderia ser esquecido, cá estou para lembrá-la!






sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

O Rio de Janeiro . 450 anos . Foto Fernanda Correia Dias

Eu sou carioca, filha e neta de carioca!
Neta de carioca morando no Rio de Janeiro é raríssimo!
Numa enquete rápida, que pratico continuamente numa razão de 15 para 1, eu sou a única carioca. Os demais sequer são filhos, que direi netos!!!
Aprendi a amar esta cidade e me ensinaram com amor, minha família.
Pais, tios, avós e amigos! Cariocas sempre incluem os amigos da família como família!
Todos contribuíram com seus trabalhos para ser esta Cidade a Inteligência, o Amor, a Simpatia, a Hospitalidade na prática. No dia à dia. Do nascedouro da Universidade do Estado do Rio de Janeiro onde meu pai, Helio dos Santos é o engenheiro civil que provou com cálculos que o famoso "esqueleto" abandonado na Maracanã, abrigaria e é a UERJ, ao Tio Edward Harold Strang com científica visão ecológica e mundial de 360 graus que tanto se interessou pela Conservação da Natureza do Brasil e do Rio de Janeiro! À minha mãe Maria Mathilde protegendo e ensinando os autores e artistas com a prática exemplar e notável do  Direito Autoral; sua mãe Cecília Meireles em sua arte de Poeta magnífica, imensa e maior, Educar, Noticiar, Desenhar, Pintar, Traduzir...Pioneira na criação da primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro... Pioneira em valorizar o carnaval e a educação carioca, a poesia e o folclore externando em conferencias internacionais e nacionais... ao tio Gallon, Diretor da TV Tupi com o teatrinho Troll na tv para as crianças!Tia Elvira Diretora do IBBD *, o fantástico serviço de  pesquisa internacional para todos os elevados estudos e intercâmbio de bibliografias e documentações! Tia Fernanda e o  fabuloso Teatro de Shakespeare onde ela estudou em Londres...E o Irrivalizável Fernando Correia Dias, meu avô materno que dedicou vinte anos de vida artística a enaltecer e expor continuamente a beleza desta cidade em natureza e fauna, criando e sintetizando o skyline da cidade quando ainda nem existia o Cristo Redentor em cima do Corcovado!

Todos me ensinaram a amar a Cidade do Rio de Janeiro onde eu nasci!

Num livrinho muito simpático cujo título é FLORESTA DA TIJUCA  impresso pelas Artes Gráficas Gomes de Souza S.A. Rio - São Paulo e executado pelo Centro de Conservação da Natureza Rio de Janeiro 1966, quando o Estado do Rio de Janeiro ainda era Estado da Guanabara leio este texto:"A Floresta da Tijuca acha-se estreitamente ligada ao problema do abastecimento de água da Cidade do Rio de Janeiro. Tôda sua fase inicial é um retrato bem vivo e significativo da luta que então, como hoje, se travava para a obtenção da água, cada vez mais escassa para o consumo da crescente população carioca, a se expandir pelas fraldas dos morros e as baixadas." 

"... para uma população  calculada em 400 mil almas no início da segunda metade do século passado, necessitando de acordo com estimativas, de 60.000.000 litros, todos os encanamentos da cidade produziam tão somente 8.000.000."

"Das matas do Corcovado vinha o Rio Carioca que, atravessando canalizado o aqueduto do mesmo nome, hoje Viaduto dos Arcos, abastecia a população pelo chafariz do Largo da Carioca. Quando seu fornecimento se tornou insuficiente, voltaram-se as vistas para a Tijuca, que ainda possuía inúmeros cursos sem aproveitamento, como o Maracanã. Em 1824,1829,1833 e 1843, a cidade foi sucessivamente assolada pela sêca. Em 1844, contrataram-se  serviços de engenharia para estudar a canalização do Rio Maracanã."

"Tendo sido a própria Cidade do Rio de Janeiro, o berço dos cafezais brasileiros (1760), isto é, o ponto de irradiação para todo o Brasil,não admira pois, que a partir de 1760, as encostas das montanhas fossem paulatinamente cobertas de plantações"
... Derrubava-se a mata furiosamente no afã de plantar mais e mais café. Soma-se a tudo isso o trabalho do machado e do fogo, no comercio da lenha e do carvão...

"o deplorável estado das matas..../... era o responsável pelo precário estado das águas, o café rendia somas apreciáveis às arcas do Tesouro. Da Tijuca saía o melhor café da Côrte...Em torno da Cascatinha da Tijuca (Taunay) estabelecera-se verdadeira colonia de nobres franceses plantadores de café."

A 15 de junho de 1850, o govêrno sancionou uma lei sobre a desapropriação dos terrenos "generativos das fontes", em especial os da Serra da Tijuca, onde nascem o Maracanã e seus afluentes.....
Severas ordens eram expedidas aos chefes de Polícia da Côrte para fazer cessar o abuso das derrubadas nos terenos próximos às nascentes...

"Nosso primeiro-ministro da Agricultura, Manuel Felizardo de Souza anuncia, no dia 11 de dezembro de 1861, as "instruções provisórias". aprovadas por D.Pedro II, sobre o plantio e conservação das florestas da Tijuca e Paineiras. Estava assim criada a Floresta da Tijuca."
Em Janeiro de 1862, Archer ( Major M. Gomes Archer) deu início aos trabalhos de reflorestamento da Tijuca. Cita-se o dia 4 de janeiro como o plantio da primeira muda."

"Em 1870 a Cidade do Rio de Janeiro é abalada por uma das mais calamitosas crises de água..."
Ah... 
Ao fim do livrinho mapa da floresta para os passeios turísticos; desenhos maravilhosos e coloridos de fauna e flora da Floresta da Tijuca...
Armando Salgado Mascarenhas  escreveu a Introdução onde leio " O desmatamento, com todas as suas consequências, é motivo de calamidade nacional." e termina assim:"É dentro desta ordem de idéias que êste volume é entregue ao grande público, para cujos interesses, e com a maior satisfação, trabalham e se dedicam aquêles que, do próprio público, receberem essa grave missão."


Fernanda Correia Dias
in 49 anos atrás!
450 anos do Rio de Janeiro
Compilando atualidades publicadas em 1966
São ainda colaboradores do livrinho: Fuad Atala, Carlos M. Bandeira, Henrique F.Martins, Adelmar F. Coimbra Filho, Creuza M. Chaves. R.Tamara, Jorge P.P.Carauta, Estanislau K.P. Silveira e Maria Célia Vianna.O Diretor de Recursos Naturais é Francisco Carlos Iglésias de Lima e N. Cavalcanti contribui com xilogravuras reproduzidas na capa e miolo.
* IBBD - Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação, fundado em 1954 como  órgão do Conselho Nacional de Pesquisas - CNPq 



segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Guardei tanto tempo. Foto Fernanda Correia Dias

Tenho muito amor pela conservação da cultura nacional.

Fernanda Correia Dias
in Cultura Nacional

1992 . Fernanda Correia Dias. Guache sobre cartão

Francamente meu Senhor! Francamente! Abra o livro! Leia. Abra o jornal... Qualquer um...Não é possível que alguém siga com tanta idade e tão insensível!!!A vida passou por cima da sua sensibilidade? Foi proibido sentir? E a gratidão?
Francamente! E essa pergunta? De onde tirou esta pergunta? Dura feito uma pedra seca? Vai levar para onde tanta arrogância? Ora meu Senhor ...Estou vendo sim, seus dois filhos, jovens,  estudiosos e aviadores! Os salários maravilhosos e o Senhor contente! Eles dizem que não sabem onde vão enfiar tanto dinheiro? O patrimônio dos meninos é fruto dos estudos deles e da sua insistência em conseguir que seus conhecidos abrissem as portas para os meninos! Muito bem! Agora me explicas que sua aposentadoria também é fabulosa e que não sabe o que vai fazer com a fortuna? Ora meu Senhor!Não me explicastes que eras miserável na infância? Que não tinhas dinheiro para o pão? Que foi a chance de ser ajudante de garçon que te levou para Brasília?Que a sorte te levou para servir aos mais bem pagos? Que frequentastes as festas mais bonitas? As casas mais luxuosas? As mais frequentadas por autoridades e que de todos sabias falar uma coisinha... Ora meu Senhor o que fizestes da mulher que te deu dois filhos?Abandonastes porque ela era ignorante? Reclamava? Resmungava? Não queria ir ao shopping comprar roupa boa?Não sabia ser rica???Se comportar como rica?
Ora meu Senhor...É a mãe dos seus filhos... Abra uma escola de garçons, dê a chance para outros meninos,meninas, mocinhas e rapazes de aprenderem a arte de servir!... Não tens tempo? Trabalhas de segunda à segunda? Aos oitenta e três anos trabalhas em todas as festas de Brasília? Ora...Compreendo... Mas se não tens tempo, procure uma organização que receba fortunas para ajudar crianças, velhinhas, mães solteiras, meninas que desejam estudar e ofereça um pouco da sua Fortuna! Compreendeu? Dê a eles o seu dinheiro para que eles possam ajudar vidas...E pare de me perguntar para que serve um livro! Pare de me dizer que o Senhor nem sabe ler... Nem sabe escrever... Que nunca leu um livro... Que nunca teve tempo para perder com isso...Nem todos tem a sua sorte. A vida de garçon nem sempre dá para educar filhos aviadores...A vida de garçon nem sempre paga um remédio para um menino...A sua obstinação em trabalhar, trabalhar e trabalhar te deu a sorte de encontrar pelo caminho pessoas maravilhosas que te estenderam as mãos...Obstinação algumas vezes associada à bons ambientes, dá sorte, mas foram os livros que fizeram dos seus filhos, aviadores.
Fernanda Correia Dias
in Obstinação dá Sorte.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Avó, Mãe e Filha . Anel ágata de Fogo, cravação à inglesa. Foto Fernanda Correia Dias

Minha especialidade em banca de ourivesaria é cravação à inglesa. Por que eu gosto muito do trabalho manual de contornar a pedra com a moldura da virola soldando e ajustando.
Mas para amar a beleza da cravação à inglesa para mim, foi fácil! Bastava lembrar das mãos da minha Avó Cecília Meireles e a beleza da Ágata de Fogo entre o cor de sândalo da pele dela e o brilho da prata entre os escurecidos.
Como pode um objeto, uma cor, uma singular forma ovalada fazer tão bem à alguém? De custo total um anel de ágata de Fogo não sai mais que cinco centavos de dólar americano! Mas o bem que faz lembrar a pedra cravada à inglesa como um olho cuidando de mim...Da mão da minha Avó Cecília Meireles, foi para a mão da minha Mãe, Maria Mathilde, que cuidou da minha Avó todo o tempo em que ela esteve doente. Ela mesma colocou na mão da minha mãe o anel... O anel que minha mãe tirou do dedo para colocar no meu quando fui diagnosticada com uma displasia mamária e me internei...Me internei por que talvez fosse necessário tirar a mama. Não foi. Mas recebi um corte muito profundo...Passei três meses diariamente entrando três vezes ao dia em sala de cirurgia para eu mesma fazer o curativo até cicatrizar de dentro para fora e por completo. No meu dedo a ágata de Fogo. Me olhando. Me cuidando. Por isso mesmo ganhei a ágata de Fogo. Para a pedra ficar olhando para mim... Cuidando de mim... 
 Dizem que a Ágata de Fogo afasta o mal do doente.Afastou. Dr Sampaio Góes, em São Paulo, ajudou muito.Do anel que ganhei das mãos da minha mãe, fiz cópias. Dei para a minha mãe, minhas duas filhas, minha tia Maria Fernanda... Mas as pedras que cravei apesar de serem ágatas de Fogo, não consegui que fossem lapidadas na mesma forma da pedra original. Ficaram pouco mais alongadas enquanto a oval da original é oblonga, mas quase redonda. O original minha mãe insistiu que ficasse comigo. Fiz as medidas dos aros específicas para cada uma... Hoje vi dois olhos me olhando... Era Dandara... conversei com ela e esta menina me perguntou se eu gostava da minha mãe. Respondi que eu gostava muito da minha mãe. Que eu sempre tive certeza do amor da minha mãe por mim.E avisei para Dandara: Sempre que alguém disser para você que sua mãe não te ama, não acredite. Só quem é mãe é que sabe que é impossível uma mãe não amar muito sua filha ou filho.
São capazes de tirar do dedo o que as protegia para dar à filha com amor! Beijo Dandara!
Fernanda Correia Dias
in Para os olhos de Dandara e das minhas filhas Kenya e Gaya






quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Zezinho, o Gueiros
Chuvinha na Lagoa II . Foto Fernanda Correia Dias

Quando eu soube que perdi Zezinho, já tinha passado três semanas... Meu coração mitológico ficou me lembrando que eu ainda era "A" mulher mitológica de Zezinho naquela primeira noite que ele me conheceu e brincava comigo, Carmem, Fafá e os Palíndromos... É... palíndromos, aquelas palavras ou frases que mesmo quando lidas de trás para frente não perdem o sentido, tipo ovo, osso, arara, rever, reviver,socorram subi no onibus marrocos; luz azul; a miss é péssima; a sacada da casa; SATOR AREPO TENET OPERA ROTAS, naquele famoso quadrado mágico das ruínas de Pompéia...que traduzido significa... semeador Arepo, com seu carro mantém com destreza as rodas. É um quadrado de cinco palavras onde se lê sempre o mesmo, de cima para baixo da direita para esquerda, de baixo para cima e da esquerda para a direita... e agora lembro da Bia, a Beatriz, a Bracher quando li em 1993 a marca da editora em que as somas sempre davam 34... Números de 1 à 16, preenchendo 16 quadrados, quando lidos na horizontal ou vertical somam sempre trinta e quatro...
Ah...A vida é linda!
Agora Zezinho está na minha frente dentro do texto da revista Ventura publicada em 1992...Onde leio: Hoje tornou-se amanhã. Libertei-me dos grilhões do tempo, rompi a lógica, estou em pleno vôo sem corpo e sem distância. Diz ainda pertinho das ultimas letras: Do livro a ser publicado Enigma com poemas de José Alberto Gueiros e desenhos de Mário Agostinelli.



Fernanda Correia Dias
in "A" mulher mitológica de Zezinho