segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

São Conrado
Foto do James . Fernanda Correia Dias
Gato, gatinho... Aquilo ali era Cabrálico...

Sabe Gato, aquilo ali era cabrálico... quero que entenda que era ainda exatamente como Cabral encontrou . É... O Pedro Alvares Cabral. Aquele que navegando achou o Brasil... O Brasil dos índios...
É...cresci olhando para São Conrado, Barra, Prainha, Canal do Rio Morto, Vargem Grande, Vargem  Pequena, Grumari, etc...exatamente como Cabral chegando à Pindorama, que em Tupy significa, Terra das Palmeiras...disse que achou o Brasil.
Isso, Gato...Nos anos de  1960, quando meu pai comprou uma Vemaguetti vermelhinha, station, nós subíamos a Av Niemeyer e quando descíamos em S. Conrado, encontrávamos um terreirão onde alguns pescadores moravam sozinhos e com mulheres escondidas...Ali chegando meu pai e minha mãe tratavam dos assuntos do dia com  pescador João: Vamos passar o dia na praia com as crianças, elas vão comer camarão V.G.  (Verdadeiramente Grande) frito, com arroz e batatinhas fritas...Uma salada com tomates, cebolas, alfaces, agrião...sim...Precisamos que abra o caminho para acessarmos a praia... O pescador munido de um facão enorme, ia cortando o capim manteiga que era mais alto que meu pai e o pescador e iam pisoteando as raízes do capim, para assentar um piso sem risco de ferimentos para nós, as crianças e depois vinha o mais bonito... o pescador escalava sozinho a duna de areia alta e ia mandando areia para o caminho que ele fez... Subíamos uma duna mais suave, mas ainda muito hostil à nossa presença, porque a areia era branca, a luminosidade do sol intensa e mal abríamos os olhos naquela luz... a areia era quente e muito fofa e nos engolia facilmente...
Não tínhamos outra expressão quando conseguíamos abrir uma frestinha de olhar entre as lágrimas e pestanas em pé sobre a duna: Ohhhh.... Que maravilhaaaa!!!! Lindooo! Mamãe pedia para que nos avisassem quando o almoço estivesse pronto, mas queria as cestas que trouxe no carro com frutas, sandwiches, sucos e água. Muita água. Podíamos caminhar próximo ao mar e ir bem longe, desde que levassemos conosco o Walkie-Talkie que era um rádio para nos comunicarmos e usávamos umas palavras como Cambio, cambio, para sermos ouvidos.
Para frente o mar. Imenso. Absoluto. Cabrálico. Puro. Areia puríssima. Para trás, a exuberância do verde em todas as formas....Até nas imensas bromélias que estavam presas à pedra Dois Irmãos da encosta da Av.Niemeyer. Papai podia voltar por cima da pedra , onde hoje é a Rocinha, e descer pela Rua Marques de São Vicente. Era magnífica aquela vista da estrada no topo da pedra! O mar banhava a pedra e ia longe a linha do horizonte... Lá...bem longe!
Não tinha viva alma naquelas areias, naquela praia virgem! Era assim que explicavam. A praia era virgem! Nunca ninguém havia tocado... Meu pai ficava na areia molhada pelas ondas catando tatuí conosco e iam todos para o balde... Aquelas conchinhas, mariscos vivos também pegávamos... Bastava que observássemos as bolhas na areia e ali cavávamos para encontra-los de imediato.
Os pescadores traziam camarões enormes da pesca... Tinham siris. Caranguejos. Peixes e ovas fritas... Na hora do almoço estavam as mulheres dos pescadores com as bacias de alumínio onde lavavam a roupa, no fogo de lenha. As bacias cheias de gordura e o camarão fritando... Baciadas de camarões fritos, eram despejadas sobre o tampo de madeira da mesa...Não tinham pratos para servir todos nós. Só mamãe tinha prato e ela ia dando na nossa boca salada e arroz enquanto descascávamos os imensos camarões orientados pelo pescador e papai... Saía a cabeça, retirávamos as pernas, abríamos as roupinhas-cascas e comíamos a carninha cor de rosa com várias mordidas, depois de tirarmos aquela linha pretinha que não podia ser comida...
Os camarões eram imensos!
Depois do almoço voltávamos para o mar...
As mulheres dos pescadores enrolavam de tal forma as saias entre as pernas, que parecia short, mas não era. Pediam desculpas pelos trajes...Meio nuas...Mas era muito calor, muito sol, muito fogo e camarão frito!
Até hoje quando contorno a pedra, escuto as vozes daquela gente contente quando nos íamos dali, felizes acenando agradecidos com as mãos cheias de dinheiro, os sorrisos alegres, pedindo que voltássemos sempre e quando quiséssemos que eles fariam tudo novamente...
A água do arroz era do mar... da salada era do mar...Era mamãe?
Era, meu amor! Bem limpinha do mar de São Conrado.
A translúcida visão do essencial nos foi dada, ainda pequeninos, a visão translúcida que com tanta frequência  fica ocultada aos sábios.
Hoje, é sofrimento ver o que fizeram da praia de São Conrado... Imagine o que pensamos sobre a Barra?Prainha, Canal do Rio Morto, Vargem Grande, Vargem  Pequena, Grumari, etc... A Pindorama?


Fernanda Correia Dias
in São Conrado 


quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Ilustração Fernanda Correia Dias
Ilustração Fernanda  Correia Dias

Ah... Boa Festas! 
E para cada religião, um nome e um motivo de festa... Não é?
Bom é que é festa! Que juntam pessoas! E estarmos entre as pessoas é sempre muito bom, porque a vida é feita de gente e viver com gente é viver em Amor ao próximo como a si mesmo! Para vivermos a vida temos esta alegria que é conviver! Viver com...! Com Amor! E existem os que precisam do retiro... e ficam sozinhos pensando... Existe tudo! Que bom! Existe Amor ao próximo!
Estamos cada vez mais acelerados e os tempos são outros e velozes! Na velocidade não deixamos de sentir velozmente, mas nem temos o tempo necessário de escrever uma mensagem porque precisamos ser velozes...Daí no lugar da letra seguem alfabetos de imagens expressando emoções...
Fica uma emoção que caso não sejas veloz, caso não respondas, a emoção muda numa fração micronésima e...ficamos à beira do abismo e caos.
Quantos desentendimentos promovidos! Quantos!
Que bom os desentendimentos, mas onde encontraremos  tempo para desfazer o desentendimento se estamos em velocidades absurdas? Vácuos...Vácuos...Silêncios? Não! Uma sucessão de interpretações e mais desentendimentos borbulham e crescem espessas massas como aquelas dos bules que estão expostos no Paço Imperial...de Bruno  Miguel com o título: essas pessoas na sala de Jantar.
Daí quero deixar escrito que eu não me deixo embaraçar nestas redes malucas de velocidades de emoções. E faço questão de não participar, alertando aos meus próximos que meu mar é de Almirante, plácido e tranquilo. Que eu tenho lindos dias frescos e deslizantes no meu coração. Que minha temperatura é de porcelana e que não vou levar a confusão do mundo no coração nem no meu olhar para adiante infernizando os demais!
É preciso que alguém mantenha a cabeça em cima do pescoço para identificar a erosão de tanta velocidade e violência emocional!
Que alguém mantenha o punho no leme do próprio barco.
Nem que eu seja a única, vou manter minha mão no leme do meu barco ao lado dos meus muito próximos e dos próximos, e em Amor ao próximo, vamos juntos!
Boas Festas! Bons encontros! Bons tempos de Amor ao próximo, sempre.

Fernanda Correia Dias
in Boas Festas!





terça-feira, 15 de dezembro de 2015


Plástico 
 Plastico... Seda e Algodão...
James no meu colo de  saia de seda . Fernanda Correia Dias

Estamos vivendo muito longe das fibras naturais. As matérias naturais foram substituídas por matérias sintéticas...Então...O corpo estranha. O corpo não quer. A alma não quer.  
O mau humor está nas pessoas, com odores horríveis. Num país tropical como nosso é surpreendente que as pessoas durmam em lençóis sintéticos, sequem-se em toalhas sintéticas, calcem sapatos sintéticos...Comam plástico...comidas plásticas...Oh...Tudo de mentira! Parecendo ser , e não é.
Isto é constante e é diário. É noturno, nos lençóis...É diurno nos sapatos, nas roupas. Impregna-se na alma esta mentira constante, parecer o que não é. E o de dentro vem para fora. Esta inquietação de uma vida longa imersa nas mentiras...Naquilo que parece ser e não é.
Os oceanos estão cobertos de coisas....mas vou ficar por aqui. Os homens roubam, mentem, fingem parecendo ser e não são... Minha alma sente uma crise mais profunda que só encontra calma quando lembra a importância da Educação! Podia começar por esta Sugestão da maior educadora que este país tem: 
Sede assim qualquer coisa, serena, isenta, fiel. Não como o resto dos homens! Cecília Meireles in Mar Absoluto - Sugestão.
Fernanda Correia Dias
in Cecília Meireles, A Maior Educadora


sábado, 21 de novembro de 2015

Nossa Senhora
Nossa Senhora

Yara com ipsilon.

Eu lembro quando vi Yara pela primeira vez. Fiquei observando que tinha os pés gordos e os sapatos pareciam umas barquinhas...adernando...Abarrotadas de pé e dedos gordos...Eu lembro que eram olhos grandes e verdes quase do tamanho de pêssegos em uma cabeçorra.  O cabelo era amarelo sem ser pintado. Amarelo palha todo frisadinho e a pele da cor de um caramelo de leite, Quando sorria faltavam uns dentes , mas sorria sempre e muito, um sorriso calmo e sem nenhum constrangimento pela falta de dentes. Os últimos dentes lá no fundo da boca ainda eram brancos e lindos. As mãos eram inchadas como os pés. As mãos eram irmãs das estrelas do mar. Com umas verruguinhas e várias pintinhas marronzinhas... Sempre que nos visitava Yara nunca tinha almoçado, nem lanchado e nem jantado, mas trazia uma lata de marmelada... Nós não precisávamos de uma lata de marmelada, nem comíamos marmelada. Mas não dizíamos para Yara...Só a mamãe sabia disso e dizia: Eu falei para você não comprar nada, que você não gastasse nem um tostão que eu te dei para a sua passagem de trem... para seus lanches...Para você vir aqui  e ir e voltar da faculdade...E Yara dizia: _É para as crianças...É para as crianças... Elas gostam...!  E nós nos entreolhávamos... Yara não tinha os livros, os códigos... As apostilas... da faculdade....Os livros de Direito eram caros...Yara estudava nos livros da mamãe. Ganhava cadernos e canetas da mamãe. Mamãe ajudava. Lia em voz alta para elas mesmas ouvirem e pedia para Yara ler também em voz alta e saberem o que estavam lendo. Mamãe corrigia a leitura de Yara que era uma tartaruguinha lendo ao lado da voz de ouro musical da mamãe! Quem aprendia muito com elas era eu. Yara não era burra. Mamãe dizia que era burrinha... Mas que estava ficando sabida e inteligente e ia ser brilhante. Brilhante!
    Brilhante! Minha mãe depositava seu afeto nas pessoas que mais precisavam e nos ensinava que essas eram mesmo as que mereciam as mãos sagradas do nosso amor. Se o professor Machado Paupério precisava recuperar o movimento do braço, da perna e da mão, minha mãe ia diariamente visitá-lo para estimular a escrita, caminhada e eu ia junto... Se o ascensorista da faculdade sonhava em ser advogado, ela o entusiasmava entregando os livros  lidos para que ele estudasse e indicando o que estudar até conseguir que ele prestando vestibular ingressasse na faculdade!  Ela gravava as aulas com o gravador de rolo  dela, datilografava e entregava graciosamente ao professor a aula transcrita no papel. O professor autor e dono da aula, lia e corrigia o texto dele explicitando melhor. Em seguida autorizava que todos os alunos que se interessassem pela aula, fotocopiassem aquela aula quantas vezes necessitassem. Assim nasceram apostilas dos professores, que depois viraram os livros de autoria deles nas editoras interessadas em publica-los. Minha Mãe me dizia que ela gravava a aula porque assim ajudava aos colegas e aos professores e que este foi o método que ela criou para si mesma estudar, fixar o conteúdo, refletir e produzir ensaios e grandes indagações. Os colegas reconheciam que as aulas dos professores para aquela turma do anfiteatro do quarto andar, eram magistrais porque eles sabiam que a minha mãe iria gravar e copiar fidedignamente e assim, prestigiados por terem uma ouvinte e interlocutora exigente e inteligente, preparavam aulas encantadoras e geniais e dedicavam as aulas à ela! É verdade, dedicavam mesmo.
      Seus professores tinham imenso orgulho da aluna atenta, participante e por todos os anos que ela estudou, foi sempre a representante da turma.  O fato é que mamãe cursou toda a faculdade com nota máxima, destacando-se como a excelente aluna  estudiosa. E ainda outro detalhe: ela prestou vestibular aos quarenta anos, quando a mãe dela faleceu. Foi estudar Direito, quando a maioria das mulheres na idade dela ainda recriminavam e cultivavam preconceitos velados com as mulheres modernas que saiam para trabalhar fora ou estudar!          Ela teve o exemplo da mãe dela que sempre trabalhou por ter sido órfã de pai e mãe e viúva. Mamãe foi estudar Direito para defender o Direito do Autor no Brasil continuamente desrespeitado, pouco propagado e esclarecido e raramente exercido em defesa do autor até os dias de hoje. Especializou-se e enfrentou gravadoras multinacionais para devolver a autoria dos poemas de sua mãe  apropriados indebitamente, musicados e comercializados exaustivamente, até que vencendo a causa em ação judicial de rito sumário, devolvesse à mãe a autoria dos poemas!
     Muitas vezes ajudei a mamãe a levar bolsas de roupas que ela distribuía na faculdade para os colegas. Sapatos e roupas de criança também. Em Yara, estas roupas não cabiam, mas Yara criava soluções...Afastava botões, abria costuras...acrescentava uma fita...Ela era mesmo grande. Nos cabelos desgrenhados, ela passava água para diminuir o volume... E  alisava com a mão reunindo em travessas... Yara sonhava em se formar advogada para exercer a justiça sobre os usurpadores dos bens de sua família que levaram seus pais à miséria, falência e maus tratos depois de apropriarem-se à força de imóveis e casas comerciais herdadas dos avós.
Mal chegava em nossa casa Yara abria a bolsa e tirava a marmelada  nos informando...Outro sabor!...Dizia sorrindo...Gostamos de marmelada mamãe?? Nem sabemos o  que é marmelada... Mamãe acrescentava: Ah...Não sabem, mas vocês vão gostar... vocês vão gostar... E nos servia em louça de porcelana acompanhada da queijinho fresco...Uma delícia!Mamãe dizia... E nós nos entreolhávamos agradecidos por Yara em nossa casa, manter aquele sorriso imenso de felicidade por estarmos comendo todos reunidos em torno da mesa...Aquele docinho, que ela trazia sempre que ela nos visitava, contrariando com amor as orientações de economia da mamãe, passou a ser um instante de sabedoria compartilhada em que ela e a mamãe nos reunia para vivermos o gosto da fragilidade da vida; o gosto das tristezas da Yara por instantes suspensas ou superadas; o gosto da amável gratidão que ela nos ensinava no gosto da marmelada!
Fernanda Correia Dias
in O Ipsilon de Yara, como ela gostava de nos lembrar, trouxe a curiosidade no alfabeto grego e papai, matemático e engenheiro calculista, com nome grego, Helio, me ensinou as outras letras gregas:  alfa, beta, gama, épisilom, zeta, eta,teta, lambda,mi, csi,pi, ro, sigma, tau, fi, qui, psi, omega...


quarta-feira, 18 de novembro de 2015


Hoje,  o Presidente da Camara Municipal de Ponta Delgada convidou a todos para o lançamento do livro de poesia Mater de Victor de Lima Meireles, com apresentação da Doutora Ângela Almeida que será realizada na Biblioteca Municipal Ernesto do Canto, pelas 18h30
Se você perdeu a maravilhosa apresentação não perca o livro!
Fernanda Correia Dias
Poesia de Victor de Lima Meireles em Ponta Delgada, Ilha de São Miguel, Azores, hoje!!!


quarta-feira, 11 de novembro de 2015

FERNANDO CORREIA DIAS
10 NOVEMBRO 
Ex-Libris que Fernando Correia Dias criou para Alvaro Moreyra
Foto Fernanda Correia Dias

Hoje, 10 de novembro nasceu "O Irrivalizável" artista plástico e designer Fernando Correia Dias autor deste Ex-libris para Alvaro Moreyra...
Eu sou neta dele.

Hoje 10 de novembro faleceu no Rio de janeiro a jornalista Sandra Moreyra.
Ela é neta de Alvaro Moreyra.

Fernando Correia Dias, assinava Correia Dias e trabalhou muito com Alvaro Moreyra. Fizeram os mais importantes trabalhos da imprensa e cultura brasileira.

Alvaro Moreyra (Álvaro Maria da Soledade Pinto da Fonseca Velhinho Rodrigues Moreyra da Silva) cronista, poeta, jornalista, comentarista de rádio, teatrólogo, redator das revistas Fon-Fon, O Malho, Ilustração Brasileira, Para Todos, Dom Casmurro, co-fundador do Teatro de Brinquedos, nasceu em Porto Alegre em 23 de novembro de 1888 e faleceu no Rio de Janeiro em 14 de setembro de 1964.

Quando criei a coleção GIFTSHOP BIENAL em 1993 para a Bienal do Livro do Rio de Janeiro fui entrevistada por Sandra Moreyra. Eu lembro que eu disse para ela tão logo ela falou sobre o meu trabalho: Você parece que pertence ao sangue espiritual da minha família. Você entende tudo muito instantaneamente...E ela me respondeu que era e que eu é que não sabia! Sempre reaparecia para me entrevistar... Naqueles 20 anos de GIFTSHOP BIENAL DO LIVRO. Quando soube que ela estava dodói com câncer e precisa de doador de sangue, fui doar meu sangue anonimamente. Nem sabia que era ela a neta do Alvaro Moreyra, amigo do meu Avô...Nem nunca comentamos nada sobre esta vida inteira em que eles foram amigos.

Quanto não teríamos trocado por tantas heranças de amizade e amor por pessoas e vida?

A jornalista Sandra Moreyra tinha percepção imediata compreendendo tudo o que fosse complexo instantaneamente, tão irmã das coisas fugidias... Amava as palavras, escolhia as necessárias, equilibrava com o timbre e marcava cada um de nós com emoção de singular angulo de onde observava o ímpar e de onde escrevia. Tão humana, tão nossa.
Hoje nós perdemos muito e ganhamos uma estrela para levantarmos nossos olhos agradecidos. Beijo Sandra. Beijo Alvaro. Beijo Vô Correia Dias.

Fernanda Correia Dias
in Estrelas para levantarmos nossos olhos agradecidos.


segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Aquela estrela é Ela! Cecília Meireles! 
As pessoas inteligentes não morrem.
Deusa em Novembro**
Aquela estrela é Ela! Cecília Meireles!
As pessoas inteligentes não morrem
Deusa em Novembro**

Para que os seres humanos futuros  encontrem com a potencia da poesia pura e universal da  poeta Cecília Meireles e tenham sempre por companhia  a irmã das coisas fugidias, capaz de nos oferecer seu pensamento para nos sentirmos de mãos dadas neste mundo, os seres de hoje e os de ontem escrevem Cecília Meireles nas ruas, avenidas, escolas, salas de concertos, bibliotecas, jardins, centros culturais,  rosas, praias, bosques, estrelas e estudos.

Hoje dia 9 de novembro vejo Cecília Meireles sorrindo caminhando entre os gigantes e gigantas da literatura universal, os professores, pedagogos, mestres, doutores, poetas, juízes que se debruçaram espontaneamente e que dedicaram  vida em inteligência e sensibilidade sobre a obra poética e em prosa dela.
Vejo minha mãe Maria Mathilde, filha da Cecília Meireles conosco e toda a nossa pequena família de mãos dadas a esta universal família Ceciliana, “Meirelizando a vida*"

Prezado leitor quer ouvir algo importante imediatamente?
Agora. Hoje. Abra um livro de Cecília Meireles. Qualquer página. Prosa ou poesia. É o que eu posso te dizer neste instante de precioso e útil. 

Fernanda Correia Dias
in Nossa Cecília Meireles hoje, já!
** Carlos Drummond de Andrade, referindo-se à Cecília Meireles em artigo 
de 8 de novembro de 1969 no Jornal do Brasil
*Mario de Andrade, referindo-se à poeta Cecília Meireles

sábado, 7 de novembro de 2015

C E C Í L I A     M E I R E L E S
7 DE NOVEMBRO DE 2015
A N I V E R S Á R I O
CECÍLIA MEIRELES
7 DE NOVEMBRO DE 2015
ANIVERSÁRIO
Beijo! 
Feliz Aniversário!
Maravilhosa!!!

Escrevi mensagem para as minhas filhas, hoje cedo o seguinte:

Hoje é aniversário da poeta Cecília Meireles, sua Bisavó e minha Avó Materna. Nos anos 50 um jovem critico literário, estudou, pesquisou e concluiu que entre todos os poetas que escreveram no idioma português, (isto inclui outros países) raros foram os que escreveram um único grande poema e apenas Cecília Meireles, no Brasil tinha escrito mais de 50 grandes poemas. O grande poema não é o mesmo que poema grande. O grande poema é aquele que aporta uma grande reflexão filosófica concisa e sincera e é uma verdade universal. Também denominado poesia pura. Recentemente outro estudo levantou mais de 100 grandes poemas de Cecília Meireles. Por que você deve saber isso? Porque a literatura é a arte de dizer a verdade e todo homem precisa da verdade para compreender sua condição de humano universal. Leia e divulgue a obra da poeta Cecília Meireles e fará um grande bem a si, ao próximo e ao Universo. Beijinhos da Mamãe

Fernanda Correia Dias
in Feliz Aniversário Cecília Meireles!!!

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Cecília Meireles escultura realizada por Matheus Fernandes


                                                                  
Cecília Meireles escultura realizada por Matheus Fernandes

Hoje é Dia do Poeta e esta escultura da Poeta Cecília Meireles  é de autoria de Matheus Fernandes. Matheus Fernandes é o maravilhoso artista escultor da escultura imensa de Bellini que está na frente do Estádio do Maracanã sobre uma bola com a inscrição BRASIL  -  AOS CAMPEÕES DO MUNDO  1958-1962.
Fernanda Correia Dias
in Hoje é o Dia do Poeta 





quarta-feira, 14 de outubro de 2015

FERNANDO CORREIA DIAS E CECÍLIA MEIRELES
17 de Outubro de 2015 as 21:30
em Lamego, Portugal,
no Salão de Festas da Casa Verde sobre a piscina
do Hotel Lamego

A Coordenadora Aurora Simões de Matos reuniu Manuela Vaquero, Fernando Marado, Joaquim Sarmento, Romeu Sequeira, Mónica Lima, Dulci Ferreira, Gina Pereira Correia, Ana Borges, José Pessoa, Marina Valle, António Martins, André Freire e Mário Sergio para uma linda noite de Sensibilidades e Inteligências!
Merecida Homenagem a dois expoentes nas artes e literaturas mundiais.
Quantos Leonardos Da Vinci, Fernando Correia Dias e Cecília Meireles existiram até hoje?
O que seria do mundo sem eles? 
O que você conhece sobre eles?
Sabia que Fernando nasceu na Penajoia e estudou no Liceu de Lamego? Que foi ele que criou a capa da  Revista literária A Águia? Sabia que Cecília Meireles esteve em Lamego e na Penajoia acompanhada por Fernando?
Compareça!
Fernanda Correia Dias
in Compareçam!


X ENCONTRO CULTURAL AÇORIANO
16, 17 e 18 de Outubro de 2015
Aberto ao público conforme programação abaixo!


Estão no Rio de Janeiro, as historiadoras e autoras, Maria Orísia R.C.C.Melo e Maria da Conceição R.V.R.M.Cabral especialmente para o X ENCONTRO CULTURAL AÇORIANO, quando também palestrarão sobre os livros AÇORES: QUEM SOMOS/PORQUE SOMOS e SABERES E SABORES DOS AÇORES conforme programação acima! Não percam!

Fernanda Correia Dias
in Não Percam!

sábado, 10 de outubro de 2015


The Super-Mathilde
Correio de Amanhã
10 de Outubro de 2015
Foto no Laboratório . Nós e a Mamãe

Então eu tive que ir buscar o exame de ressonância magnética no laboratório.
Quando cheguei no balcão entreguei a minha senha para a atendente e morta de dor, avisei: Vou sentar ali para não ficar aqui em pé e com dor... Sentei e para a minha surpresa, quando levantei os olhos para ver o que pendia entre duas laminas de acrílico transparentes, me espantei ao reconhecer imediatamente na fotografia, a minha mãe segurando a minha irmã no meu velocípede, eu em pé animando minha irmã, meu irmão, minha tia... a vovó...Todos nós na Pracinha Serzedelo Correia onde costumávamos brincar...
Eu sei a cor do vestido da minha Mãe, eu sei a cor do meu short fofo e você pode ver que eu e a mamãe estamos calçando as nossas famosas sandálias franciscanas brancas...Tia Elvira está sentada no banquinho chamando o Ric...
Muitas folhas das amendoeira no chão...A foto é lindíssima. Imensa. É preta e branca, mas eu vejo colorida...Não descobri o nome do fotógrafo e a referencia que está na plaquinha dourada diz apenas que provém do Arquivo do Correio da Manhã... 
Levanto para receber a pasta do exame e digo: Aquela menininha que está na fotografia sou eu...E a minha Mãe está de costas... Minha Avó está sentada...
A mocinha olha para a fotografia e me olha e diz: Igualzinha!

Mamãe, a vida é mesmo sempre muito surpreendente e emocionante, você é mesmo Super! Super-Mãethilde!

 Fernanda Correi Dias
10 de outubro de 2015
Oito anos de Saudades
Correio de Amanhã



quinta-feira, 8 de outubro de 2015

É HOJE O CENTENÁRIO DA REVISTA ORPHEU !
8 DE OUTUBRO 2015
INSTITUTO CULTURAL DE PONTA DELGADA!
Na residencia de Armando Cortes Rodrigues, onde hoje funciona o Instituto Cultural de Ponta Delgada haverá mesa redonda, hoje 21:00 H.
Clic no convite e não perca! Vá!
Fernanda Correia Dias
in Orpheu 100 anos!

sábado, 19 de setembro de 2015

Rock in Rio 1985 . 2015 - 30 anos!

Coleção Rock in Rio 1985 . Fernanda Correia Dias designs

Rock in Rio está na edição de 2015 sem Freddie Mercury, mas com um cantor cantando as canções que ele cantou e o público cantando junto. Trinta anos desde daquele dia em que cantei com Freddie.
Trinta anos é tão próximo como o dia de ontem:
 18 de setembro de 2015.
 A vida passa feito um filme.
Creia. Você é ator e expectador.
 Faça. Sempre faça. Agora. Faça agora. Vá.
Fernanda Correia Dias
in A vida começa agora



terça-feira, 15 de setembro de 2015


Feliz Aniversário!!!
Foto Fernanda Correia Dias

Estás entre nós e estás entre todos. 
Noventa e um anos.
Eu te vejo e observo a reverencia que recebes continuamente
 por ter sido assim, naturalmente assim, leal.
Estudiosa. Natural. Inteira.
(Responderias ao ler isso aqui: Ah... Que lindo! Você aprendeu meu amor...!)
Tu que és a natureza e estás em tudo e dentro de nós como a árvore na floresta,
vê?Crescem nestes dias pequenos botões anunciando a Primavera.
Verde, falante, com estas mãos verdadeiras
folheias, folheias e lanças a caneta sobre a mesa me dizendo:
Nunca! Jamais.Não! Isso não!
Isso está errado, só assino a última folha de um contrato, se nela estiver explícito o objeto do contrato.Aquilo que motivou o contrato deve estar na mesma folha da minha assinatura ou da assinatura de vocês, porque é golpe muito antigo. O conhecido golpe do grampo! 
Se houver apenas o parágrafo final assim: e as partes elegem o Foro.... 
Não assino. Não assinem. Ouviram? Não assinem. 
Exijo que  a  última folha do contrato tenha explícito o objeto do contrato ou que venha com a continuidade  do texto quebrada do assunto. Nunca um único parágrafo inteiro que sirva para qualquer contrato...
Não compreendeu? Torno a explicar, filhinha:
O  contrato chega em duas ou mais vias para você assinar, você lê o contrato e assina  a última folha de cada contrato, e cada contrato está unido por um grampo.
Nas folhas que você assina diz apenas: e as partes elegem o Foro.... 
 e vem o espaço para as assinaturas das partes e das testemunhas...
Se for assim, não assine. Por que?
O mal intencionado desgrampeia a folha onde colheu sua assinatura coloca as folhas que ele quiser na frente, com o teor que ele quiser e torna a grampear. Então...aquela que você assinou pensando que estava relacionada com aquelas clausulas, agora está relacionada com outras e até outro assunto.
Compreenderam?
Se vier assim, é má fé. Não assinem.
Façam como a mamãe: não assinem.


Fernanda Correia Dias
in Observação importante e útil.







quinta-feira, 10 de setembro de 2015


Fernanda Correia Dias . 
Para a minha mãe Maria Mathilde antes do aniversário dela.


Foto Fernanda Correia Dias , Cúpula da Bananeira

Qualquer dia vou entender melhor, por ora anoto. Pode ser compreensível amanhã, talvez..
O fato é que eu pensando nela, meti a aliança no dedo mindinho. Aliança que ela me deu. Aliança de ouro sem nenhum nome por dentro e no meu dedo mindinho ficou. Reparei que socialmente a aliança perturbava. Uns me perguntavam qual o sentido, quem era a pessoa, por quê eu resolvi usar a aliança, lá, lá , lá...
Eu mesma com estas perguntas me perguntei  e me respondi: Porque eu não quero ver aquele pensamento da minha mãe tão longe mim. As alianças são mesmo pensamentos, memórias... Elas nos associam lembranças, olhares, mãos, palavras, sentidos profundos de verdades, ecos, ressonâncias e vozes... Principalmente essa que é uma aliança com a própria vida, segundo ela, a minha mãe. Acontece que todos sabem que um anel, sempre usado,  mesmo quando no dedo mindinho, acaba por deixar imperceptível sua presença, seu peso para quem usa e após a adaptação sente-se como parte do corpo, do organismo. Mas se nos falta, se escapa, se perdemos,  faz uma dor imensa... Onde estará? Porque saiu? Eu tirei? Onde está...?
Quem não quer perder o objeto, mantem a guarda e a vigília. Foi o que fiz. Não queria perder o pensamento.Mas...
Precisava tirar toda aquela roupa da máquina de lavar e fui pegando e virando e desvirando do avesso, pendurando e depois de tudo pendurado fui arrumar livros....Então vi o dedo sem a aliança!
Ah... não... Onde estará? Um lugar com muitos livros, tapetes, pastas, papéis... não é o lugar para se perder uma aliança... mas estava perdida! Estava? Um à um foram revisados os livros, os lugares, os tapetes, as pastas, os papeis... até a roupa do corpo saiu do corpo na esperança que pudesse estar numa dobrinha do tecido, talvez caiu no bolso do calça, da blusa, etc... mas não... Não estava! Então na máquina de lavar roupa? e na roupa que vai sair da máquina...será?
Uma por uma, e revistas todas as roupas alguém dentro de mim dizia: Desiste, você não vai encontrar. é apenas uma aliança de ouro perdida... Deixa isso para lá... e eu só pensava nela. Na minha mãe.Vários sacos de tecidos em torno da máquina de lavar roupa provenientes dos forros dos sofás e cortinas e meus olhos procurando a aliança... então sacudindo tudo eu disse: Mãe! Me ajuda! Onde? E olhei para o saco de cortina que estava coroado com a aliança, meti no dedo e fiquei uns dez minutos sob o impacto de... se eu tivesse desistido, a aliança poderia cair dentro do saco das doações e by,by...
Não ter desistido da aliança me reencontrou com ela e principalmente com a força da persistência... Do persistir. Do não desistir. Virtude.
Mais uns cinco meses e estava lavando as lindo molho de alfaces crespas quando li que as gotinhas de higienizar alfaces estavam com prazo vencido... Melhor desistir de lavar alfaces e meti num saco e o saco na geladeira. Entrei no duche e saí apressada para me vestir e partir para o meu compromisso... Depois de experimentar possibilidades e me definir por umas roupas, percebo que não tenho a aliança... Tiro toda a roupa e sacudo... nada. Sacudo tudo o que experimentei e nada...Preciso sair para o meu compromisso e desistir de achar a aliança, mas parei e disse: Mãe! Me ajuda! Onde ? Cadê? E nada...Abri a geladeira, olhei para o saco com as alfaces crespas e resolvi sacudi-las e saiu rolando a aliança feito um aro de ouro desfilando no mármore da pia.
Passeia a mão na minha bolsa e parti com a aliança no dedo pensando nela, na insistência, persistência e em não desistir.
Não desistir nunca daquilo que pode estar perdido. Você acha.
Fernanda Correia Dias
in Não desista. Persista.


terça-feira, 8 de setembro de 2015


Tia Elvira . Viruchinha . Viruska
7 de setembro 1923
               Hoje eu queria te ligar e cantar pelo telefone como eu sempre fiz: Elvira do Ipiranga às margens plácidas de um povo heroico o brado retumbante nesta data titia, muitas felicidades, muitos anos de vida!
Você dizia meu nome e ria, e ria, como ria! Sinto falta de você rindo, tia delicada, que me amava. Que buscava o livro na biblioteca para me explicar qualquer coisa que estava me contando...Mostrar um desenho, uma fotografia, ler um verbete...O desenho havaiano de um vestido Mu-Mu... As caixinhas de fósforo japonesas com palitinhos coloridos....O fecho interessante de uma pulseira, o equilíbrio de uma tribo africana de latão onde íamos empilhando homens sobre fios...E fios sobre pratinhos e homens...
Que lia em japonês e traduzia para os meus sentimentos os Haicais impressos em paninhos azuis que você prendeu nas venezianas do biombo na sala... com prendedores de roupa de madeira que pintou de azul...Saudade de jogar Palavras cruzadas com você, sobre o tabuleiro, dados e letrinhas de madeira...De fazer origamis de peixinhos, Tsurus da sorte, capacetes de samurais naqueles papéis especiais de cores e texturas  incríveis para dobraduras...Vontade de jogar crapot e você me ensinando que eu estava "bobiando, ali, ali e lá..."Fico pensando naquele seu vestido lindo listadinho de verde e amarelo que a vovó trouxe para você dos Estados Unidos ! Vestido que me ensinou que verde a amarelo é uma combinação espetacular! Muito linda, fresca e alegre! Que deveria ser mais usada na roupa e na decoração. Fico pensando no seu pai português , meu avô, sendo pai pela primeira vez e na sua mãe sendo mãe de uma filha nascendo no dia que os brasileiros comemoram a independência do Brasil de Portugal... Seu Savoir faire, chic, com estilo , ajudando com sensibilidade sem esperar nada em troca. Fico pensando quantos nasceram em  datas comemorativas na nossa familia...Uma quantidade enorme de crianças nascem no mundo entre 7 e 15 de setembro porque  seu pais se amam nove meses antes, nas festas do fim de ano...Que lindo! Ah... Você lembra que em 7 de setembro de 1963 os Beatles estouraram no primeiro lugar de todas as rádios com a musica She loves you ? Você comprou o disco e ficamos dançando Yê-Yê-Yê no tapete vermelho da sala!
Mas todas nós te amamos! Te cuidamos. E você ficou tão dodói! Não te deixamos ficar tão sozinha! Paulo Autran também nasceu em 7 de setembro...Era tão bom ator! Com uma voz fluindo musica...A universidade federal do Rio de Janeiro também nasceu em 7 de setembro de 1922...A primeira transmissão de rádio no Brasil, com discurso do Presidente Epitácio Pessoa ,no Centenário da Independência do Brasil,  também foi feita em 7 de setembro de 1922...Ah... Hoje eu queria ligar e cantar pelo telefone e te agradecer tanto amor que você me deu em vida! Leu para mim o horoscopo chinês e me mostrou o meu signo de macaco...E me explicou como era o macaco...Depois me explicou o seu signo. O signo de porco...Porco! Porquinho diria a mamãe... Tenho até hoje muita dificuldade de te associar a imagem do porquinho... Você é sempre linda, lânguida, esquálida, elegante, morena, inteligentíssima, divertidíssima com um sorriso muito branco e grande e umas mãos compridas com unhas longas e um cigarro na mão, igual ao seu pai...Vovó não gostava do cigarro não...Mamãe também não... e foi o cigarro que levou você tão cedo...Ontem eu li que seu bisavô Manoel dormiu para sempre debaixo do Manacá com uma flor de cada cor em cada olho...Uma lilás e uma branca...Que o cachorro bravo estava por perto desesperado querendo acordar Manoel,  mas Manoel nunca mais acordou deixando a Jacinta sozinha para cuidar da filha e da Vó Cecília...
Grave foi não me dizerem que você tinha dormido para sempre. 
Não me disseram porque eu estava grávida e acharam que eu ia sofrer tanto que ia perder o bebe... Mas eu sofri duplamente e muito quando soube duas semanas depois que não fui te ver porque me esconderam. Você me pediu para dar o nome de Carolina para a Kenya... Impossível esquecer você, tia Elvira!
Gelatina na geladeira, café na panela de café com a colher de pau do café para mexer antes de subir a fervura ...Xicrinhas brancas pintadas com botões de flores vermelhas... As quatro estações de Vivaldi e os sambinhas que você conhecia muitos e sabia tocar, cantar e dançar no violão!!! Ensinou o Aoki a cantar sambinhas e quando ele voltou ao Brasil procurando você para despedir-se, ele também me contou que não pode vir da Grécia naquela ocasião e que sofria muito por este motivo...  E nós dois, nos socorremos da tristeza e saudade e andamos pelo Rio, trinta anos depois,enquanto Aoki cantava todos os sambinhas que voce ensinou para ele não esquecer.
As piadas! Quantas piadas você me contou e eu guardei a mais surrealista:
Um homem compra um carro maravilhoso, grande e espaçoso de cinco marchas e vai testar numa estrada. Põe a primeira marcha e zum, a segunda marcha e zuumm, a terceira e zummmm e a quarta e a quinta e está à toda velocidade...O homem vê o ciclista na sua frente e ultrapassa o ciclista... Então o homem vê o ciclista vindo de costas na direção dele e em cima da bicicleta...e depois ele vê pelo retrovisor o ciclista indo longe de costas...E... ele vê agora o ciclista vindo de frente e passar por ele à toda...O homem pisou no acelerador e ultrapassou o ciclista...E lá veio o ciclista e ultrapassou o homem... e mais tarde novamente de costas... O homem para no posto para abastecer e vê o ciclista indo de frente e voltando de costas, indo e voltando de costas até parar  e pedir ajuda ao homem e desembaraçar os suspensórios que ficaram presos no espelho do carro....Moral da história: Atenção com suas intenções e velocidades, você pode ficar preso sem querer...
Fernanda Correia Dias
Para a Tia Elvira no dia do seu aniversário
e para as minhas filhas Kenya e Gaya













segunda-feira, 15 de junho de 2015

Fernanda Correia Dias . Fernanda Correia Dias

Folha de Jasmim . Foto Fernanda Correia Dias

A prática da sensibilidade dos vizinhos é estranhamente espantosa... É uma sensibilidade delicada quando nos cruzamos no Hall de entrada. Parecem seres humanos perfeitos, preocupados comigo  e  família, saúde, etc..Inclusive, uns com os outros, quando somam mais que dois... Verdadeiros e espontâneos! Abrem gentilmente as portas, oferecem o lugar no embarque e no desembarque do elevador, sorriem desejando dias maravilhosos, magníficos fins de semanas... São elegantes, perfumados, afáveis, amistosos e sorridentes. Verdadeiras autoridades em espontaneidade coletiva. Só aparência?
Bem... As folhas dos jasmins explicam espantosas práticas. Serão os vizinhos os autores de maldades? Atacam diariamente as folhas dos meus jasmins e o guarda-sol do jardim?

Todos os jasmins que vivem num pequeno jardim interno que sorri dia e noite para o céu reclamam o ataque incessante dos vizinhos. Mas qual vizinho? Eu também não sei de qual vizinho vem o ataque. Não sei mesmo. Não é do céu, porque o céu não fabrica tufos de cabelos, cigarros acesos, langeries, etc... Seriam os  comandantes que  comandaram esquadras? Não...claro que não... Estes são muito disciplinados...Dos eficientes médicos dentro de navios brasileiros?Oh... os médicos? Não... Não...Dos professores ,pedagogos, advogados atuantes e aposentados? Mas claro que não! Gente que se dedica a formar estudo... Não...De especialistas em tecnologia? Dos músicos?...Não!  Oh...Não!

As folhas dos jasmins, do abacateiro e dos antúrios me explicam todos os dias o mal que os vizinhos fazem e fizeram  com elas: Lançaram por janelas e basculantes, tufos de cabelos de todas as cores e texturas, escovas de cabelo, pentes, pontas de cigarros de todas as marcas, palitos de fósforos  cigarros acesos, copos, guardanapos, band-aids,esparadrapos, microporos, gases, sacos plásticos, bolsas plásticas, absorventes usados, papel higiênico, aparelhos de barbear, roupas, fardas, toucas de banho, paletós, calças, vasos de plantas  enormes, de barro, com terra, planta e prato, vassouras imensas, rodos, algodões sujos, esfregões...

 Se conheço quem já foi atacada por cigarro aceso na cabeça? Sim...Por lamina de vidro, barbeador e esfregão, quando lavava as folhas dos jasmins...Ou o guarda-sol branco...?
Sim... Mas quem será o bruto morador que pratica estas atrocidades? Qual deles? Qual???

Pobres jasmins! Pobre guarda-sol...! Abacateiro...Antúrios...Ainda como não bastasse, as obras que os vizinhos realizam sem nenhum permissão da prefeitura?  Largam pedras imensas  de alturas inimagináveis, das próprias paredes de suas unidades, caem troços de tijolos, cimento, reboco, pedras com tinta com um palmo de tamanho e quebram as esculturas que estão no pequeno jardim. Caem laminas de vidros imensos de janelas de alumínio que batem, caem tubos de cobre, de ferro, joelhos, parafusos, garras...
É um jardim onde os jasmins teimam em sobreviver...Mas até quando? Os antúrios nem sonham suas flores, mas até quando? O abacateiro... Não sonha seus frutos... Até quando? O guarda-sol...O cavalinho... A fonte... Todos os habitantes do pequeno jardim foram vítimas, e falta um pedaço, dois ou três de cada um...Recebem chuvas de pedras e areias, impiedosas, incêndios de cigarros, papéis de bala, tiquets de banco impressos,  e vai tudo para o ralo, bloquear o ralo quando as águas das chuvas surpreenderem o pequeno jardim... Até o dia em que o ralo bloquedo por um treco destes, transforma o piso do jardim numa piscina e as águas migram pela alvenaria... E passa a chover água na portaria... Quando todos sorridentes e gentis se encontram e comentam muito preocupados com o pobre do morador que terá que arcar com aquelas consequências da água na pintura do teto do Hall...Mas é moto contínuo e eu nem tenho esperanças! Só o meu jardim! Vez ou outra elas voam dentro de casa, verdes, alegres e lindas e alegram com vida verdadeira e em contagiante perfeição, o meu coração.
Você já olhou uma esperança?


Fernanda Correia Dias
in Meu pequeno jardim aberto para o céu!

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Fernanda Correia Dias . Fernanda Correia Dias
As mãos serenas . Foto das mãos de Fernanda Correia Dias

Um dia quando eu apareci contornando o bambuzal que ficava entre o Solar Grandjean de Montigny e o Departamento de Artes- PUC, RJ, Ripper me disse: _Fernanda, você é impressionante. É a única índia de pele vermelha que eu conheço. É a pele da cor do sândalo, respondi e cotejei com a minha pele, meu colar indiano de sândalo que eu usava naquele instante e que era presente da minha avó materna Cecília Meireles.
Rememorando o antes daquele encontro, Ripper recebeu meu projeto de empilháveis na oficina de madeira da PUC, com entusiasmo. Enquanto meus colegas apresentavam cópias de móveis que executaram na marcenaria, eu apresentava na mesma marcenaria, solução que dei para acondicionar, guardar e proteger os meus objetos e livros. Criei gavetas avulsas de diversos formatos e tamanhos, estantes e mini estantes com quatro planos, pintei de branco e empilhei na parede do meu próprio quarto antes daquela oficina. Mas a oficina me permitiu aperfeiçoar em todas as direções o que eu já dizia que eram módulos múltiplos e empilháveis. Nas gavetas eu criei divisões internas para deitar pincéis, canetas à nanquim, penas metálicas, borrachas, lápis... Todo um material que precisava estar à mão na velocidade das horas de trabalhos...Os vãos das estantes obedeciam alturas específicas e múltiplas que permitiam pastas na posição vertical e horizontal assim como grandes livros de arte e pequenos livros de poesia. Em alguns módulos que serviam de base, aparafusei rodízios...Deslocava, remontava, ajustava o crescimento da biblioteca, livros e projetos conforme minha necessidade. 
Neste instante que escrevo percebo a designer Fernanda Correia Dias dentro de mim e com 14 anos de idade e quatro anos antes de ingressar na faculdade.
Percebo a razão do meu entusiasmo impressionando o professor e dando hábeis soluções físicas aos meus próprios problemas que imediatamente causavam interesses nos colegas em adquirir os produtos cuja marca já era Empilháveis, pelo modo como eu, me referindo ao meu trabalho fiz com que todos também assim se referissem. Na defesa comercial do meu produto para o meu público eu argumentava corretamente que a compra por módulos, permitia pequenos investimentos adequados aos bolsos dos estudantes, artistas, casas, escritórios, dispensas,closets... 
 Naqueles tempos os quartos de estudantes eram também seus primeiros estúdios. Alguns quartos muito engessados com projetos de arquitetos que foram feitos para contemplar específicas idades...agora eram um estorvo na velocidade da vida e dos projetos. Não era o meu problema. Eu tinha no meu quarto mobílias e nada era embutido.Tudo era móvel, o que é mesmo muito moderno até hoje e que me permitiu conviver com os EMPILHÁVEIS *. Poderiam ganhar diversas cores. Era mesmo uma solução de produto que nós estudantes, não encontravamos no mercado. Não existia nem toque nem estoque.
Não encontrei uma empresa que se interessasse por investir e produzir comigo. Também não tinha tempo para abandonar meus estudos e buscar investidores, mostrei o projeto e os detalhamentos para alguns e logo vi minhas idéias nas prateleiras. Meus amigos vinham me parabenizar... Não perdia tempo me explicando. Compreendi que no Brasil, temos que ser o criador, o fabricante e o comerciante. Fiz isso mais tarde com outros produtos que criei.
Criei também o conector e dimensionei canos de  alumínio. Eu mesma fiz o óbolo e a faca na oficina de engenharia mecânica para fazer a esfera. Fiz rosca que permite criar estruturas desde as minimas banquetas, cadeiras, mesas, platéias, palcos às que acondicionam pessoas geodésicamente. O catálogo deste produto explorou todas as possibilidades. Poucos anos mais tarde quando vi com quantos paus se faz uma canoa, tive certeza que o estudo do design no Brasil necessáriamente deveria estar aplicando todo o conhecimento milenar dos autóctones. Os peles vermelhas do Brasil. Mas isso é outra história.
Beijo Ripper, da Fernanda!

Fernanda Correia Dias
in Para José Luiz Mendes Ripper professor emérito PUC-RJ 









segunda-feira, 1 de junho de 2015

Praia Vermelha . Foto Fernanda Correia Dias

Outro dia ouvi um ser dizer : _Isso é casca...
Não entendi a expressão no contexto em que estávamos e pedi explicação.Devia ser uma gíria? Era expressão jurídica? Ele concluiu assim: _Isso é casca de banana..
Não compreendi mesmo! No contexto não fazia nenhum sentido, mas era uma defesa dele, para com ele mesmo diante dos ouvintes e do que estava sobre a mesa e em pauta. A honra dele. Queria ele que os ouvintes que o cercavam e inclusive eu, se convencessem que aquilo que estava sobre mesa e era a prova insofismável da maldade dele, e fato, seria uma "casca de banana" jogada pelo oponente...Depois que todos viram e ouviram perceberam que o oponente estava completamente coberto de verdade e razões. Fizeram silêncio e passaram para o próximo assunto. Fiquei pasma com a conivência dos presentes expressa em silêncio. Todos sabem agora que "O Casca", é a própria casca de banana da expressão que ele usou,  mas usam seus silêncios conforme seus interesses e seguem frequentando e disputando desbragadamente as generosas benesses do Casca... Bom para eles...
Divirtam-se! Toda vez que tem alguém que gosta de enganar os outros , tem os outros que gostam de ser enganados...Não?

Eu sigo comprando lentilha, mas sei que em todo saco de qualquer fabricante vem sempre uma pedra. Se a pedra não for retirada, quebra o dente. Quem já teve dente quebrado, como eu, com pedra em meio de lentilha, nunca mais come lentilha ou só come, quando tem certeza que a pedra não está ali. 
Se sempre vem pedra, nas lentilhas selecionadas, por que não colocam a pedra fora do saco? O sábio pode mudar de opinião e o ignorante nunca?


Fernanda Correia Dias
in O Casca e as pedras.





terça-feira, 26 de maio de 2015

Notícias do céu V . Foto Fernanda Correia Dias

Céu... É tão bonito saber que o homem sabe que pode voar. Pode pousar...
Sabe que o combustível pode ser desligado.
Sabe que pode pousar sem trem de pouso... 
Que tem coragem de pensar e realizar. 
Coragem de salvar a todos inclusive a si mesmo...!
Céu! Doeu quando ouvi:

 ... _A gente vai pousar? _Não. A gente vai cair. Abaixa.
 ..._ A gente caiu de avião. Quando? Agora, faz 20 minutos...
 ..._Eu preferia que a gente não se machucasse.
Um barulho ensurdecedor e um silencio no coração.
Estranho... Uma coisa como se a gente estivesse morrendo mesmo...*

Céu... Estavam no céu.

O que são os homens? O que é a inteligência? O conhecimento? A lucidez? A presença do espírito? A vida? 
O que é o céu?
O que é um avião?


Fernanda Correia Dias
in Para Osmar,José Flávio, Willian, Luciano, Joaquim, Benício, Eva, Angélica, Marciléia, Francisca, etc... e J.R.Burnier

* 25 de maio 2015 - Youtube - Luciano Huck e 
Angélica falam sobre o acidente aéreo - Jornal Nacional
Entrevista José Roberto Burnier para o Jornal Nacional



sábado, 23 de maio de 2015

Foto do cinema IV . Foto Fernanda Correia Dias

Imprudência! E abriu um sorriso magnífico enquanto terminávamos de atravessar a rua, só porque não vinha nenhum carro... Não vinha mesmo. É muito larga...Nós três atravessamos enquanto a outra, esperando a sinalização favorável gritava: _ Imprudência! 
De fato...Somada as idades das três que atravessaram eu certamente seria a mais nova, mas o total da soma alcançaria no mínimo 234 anos. Duzentos e trinta e quatro anos atravessando a Rua José Higino as 13hs de um sábado? O fato é que as três riram muito e a gritona também!!!! Observei que éramos experientes garotas de praia e de transito, certamente autenticas cariocas, porque não gostamos de sinais fechados, etc...Mas foi a gritona que nos uniu e seguimos conversando eu e H. Ferreira!
Ela me disse que estava com 85 anos mas que trabalhou como funcionária publica 68 anos! O último trabalho foi na Academia Brasileira de Ciência e que antes trabalhou por 38 anos no Conselho Nacional de Pesquisas! Respondi que meu avô Heitor Grillo também trabalhou no Conselho e ela me disse:_Não fui secretária dele, mas conheci e convivi com ele...Era casado com a poeta Cecília Meireles, complementei, _minha avó materna... Ah... sim? Sim! _Que mundo pequeno!!!! Outro dia estava tratando de uma bolsa para um rapaz de Ouro Preto e  casualmente fui a Ouro Preto e conheci um rapaz e era ele! O mesmo! Acredita? Mas claro que acredito! Eu estou pesquisando meu Avô Heitor maravilhoso e encontro você, imprudente como eu! E rimos muito!!! _Eu trabalhei para a Academia Brasileira de Ciências 22 anos. _Ah sei...tenho uma amiga trabalhando lá e uns amigos acadêmicos... Ah... conheço sim, conheci a mãe dela também. E eu fui ficando por ali para comprar a comida do gatinho, dei meu cartãozinho, anotei o endereço e telefone dela e ela disse que ia para casa. Mas antes, me disse que existia outra coincidência que ela nunca soube explicar: o cabeleireiro da minha avó era o mesmo que o dela, o Max ali no hotel Ambassador da esquina da Senador Dantas e que ela muitas lá encontrou a minha avó...Era outra coincidência que ela não sabia explicar, mas que isso permitiu que ela sempre que encontrava minha avó reconhecesse: _Belíssima. Cecília Meireles era mesmo belíssima. Pessoalmente e em fotografias! 


Fernanda Correia Dias
in As imprudentes quânticas ou Conselho Nacional de Pesquisa, Academia Brasileira de Ciências, Heitor Grillo e Cecília Meireles, atravessando a Rua José Higino!

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Foto de cinema III . Foto Fernanda Correia Dias

Li não sei onde isto: EU NÃO FAÇO A MENOR IDEIA  DO QUE EU TO FAZENDO COM A MINHA VIDA.
Fiquei com a impressão que muitos não sabem mesmo. E são sinceros. Porque esta é mesmo uma questão filosófica profunda. O que você está fazendo com a própria vida? Estudando? Vivendo o instante? Socorrendo o próximo? Ensinando? Oferecendo direções? Ensinando a amar o próximo como a si mesmo? Sugerindo comportamentos? Apagando incêndios? Socorrendo vítimas de fome, desnutrição, desemprego? Criando industrias? Estudando engenharia, medicina, culinária? Produzindo alimento? Plantando couves? Socorrendo médicos e outros de facadas? Por uma carteira e uma bicicleta? Tem certeza que você não tem a menor ideia do que está fazendo com a sua vida? Não gostaria de começar a fazer? De ser útil?
Fernanda Correia Dias
in Tem certeza que você não tem a menor ideia do que está fazendo com a sua vida?

terça-feira, 19 de maio de 2015

Foto de cinema 2 . Foto Fernanda Correia Dias

T. Miranda nos avisou que o trabalho sobre Ouro Preto seria livre. Passei a mão na máquina fotográfica da minha mãe que estava disponível para me emprestar, uma Taron, made in Japan e lá fui eu com uma bolsa de caixinhas lacradas de filmes slides para Ouro Preto. Minha república era uma república de meninos estudantes de mineralogia, a Serigy, ao lado da faculdade de mineralogia, onde a maioria estudava. Chegamos de tarde, apresentaram o quarto e a cama que eu ia dormir, e de madrugada de tanto que jogaram pedrinhas no vidro da janela do meu quarto, abri,  vi e ouvi um grupo de rapazes tocando e cantando uma serenata no violão para mim  de frente para a minha janela. No meu quarto não tinha ninguém comigo...! Nossa...! Nem consegui pensar que aquilo era engraçado, porque era mesmo muito bonito. Eles estavam todos de chapéu de feltro e cobertos com cobertores...umas nuvens corriam baixo e o branco delas apagavam eles... Mas não apagava a música...Muito frio, mesmo assim estavam e reapareciam juntos e cantavam e tocavam muitas músicas...Com tanto frio e beleza, adormeci na janela e lá por umas tantas, fechei e dormi. No café da manhã eles explicaram que usavam chapéu de feltro e barba para avisar aos amigos que estavam em semana de provas e estudando muito...Com chapéu e barba não tinha farra... Naquele mesão do café da manhã eu não saberia identificar qual deles todos formavam os cinco da madrugada... Quase todos barbados...E aquele sem barba seria o mesmo? Mas nem olhou para mim...
Tomei um copo de leite frio sem açúcar como gosto, atravessei a bolsa , pendurei a máquina no pescoço e parti. Fui recolhendo com a máquina fotográfica todas as imagens de portas e as janelas que encontrei no caminho. Em sacadas, conversadeiras...bandeiras de portas e também telhados...Fui longe. De botas, de saia longa de seda grossa, de camisa de manga enrolada e chapéu de aba larga. Foram três dias assim. Subi e desci ladeira e quando vi que já estava de frente para porta e janela que já conhecia, parei.
No Rio de Janeiro, levei o filme para a revelação na loja da Kodak que ficava na rua das Laranjeiras e quando fui buscar, meu amigo e genial fotógrafo e proprietário da loja me avisou... Você perdeu o trabalho...A lente estava com fungo... Ficou tudo pontilhado.... Coloquei sobre a mesa de luz e concluí, estava maravilhoso! Meu amigo genial ficou horrorizado...Mas lá fui eu certa que tinha nas mãos a minha maravilha...T. Miranda me disse: _Estou fascinada!É Genial! É uma coleção lindíssima! E para a exposição e o acervo do Louvre foram aqueles slides que eu gostaria muito de rever...
Fernanda Correia Dias
in Portas e Janelas em pontilhismo.