terça-feira, 29 de julho de 2014

Fernanda Correia Dias . Foto e pintura. . Porcelana . Coleção Mata Atlântica .

Naquele dia eu cheguei da praia e trazia no ombro a bolsa com as raquetes de frescobol e no travesseiro de plumas, a minha bebê, menor que o travesseiro. Deitei o travesseiro sobre o sofá e abri a porta de vidro da varanda quando entrou uma barata preta gigante, cascuda e barulhenta pelo décimo andar, correspondendo ao decimo quarto, em Copacabana. Passou por mim e eu tive a ideia de devolve-la para fora com uma raquetada. Acontece que quando acertei a barata, ao invés de retornar para fora da janela ela abriu voo e pousou na bochecha da minha bebê. Aquelas antenas dançando sobre as pestanas da minha bebê...? Então, delicadamente, abri a mão e colhi a barata viva, espremendo com muita força até chegar ao toilette e lança-la morta na água  corrente do sanitário. O pai quando se aproximou de mim, naquela situação, ficou espantadíssimo que eu tivesse espremida dentro da minha mão fechada, aquela barata, aquela gosma. Eu nunca antes havia tocado uma barata. Que direi de uma barata cascuda...Mas foi ali que eu vi novamente o Amor. O amor incondicional. Inteiro. Ele existe e está sempre certo.

Fernanda Correia Dias
in Meu bebê Kenya ou Mata Atlântica..
Em Nova Iorque, no American Museum of Natural History,
 vi o fóssil mais antigo do mundo: era uma barata cascuda.
O mundo é velho, nós é que somos jovens...




3 comentários: