quarta-feira, 25 de junho de 2014

Fundamentos
Floresta . Foto Fernanda Correia Dias


Um dia um ser muito apagado sabendo-me estudiosa e se fazendo mui amável e gentil, passou a me ligar duas a três vezes por semana para se alimentar das minhas idéias e conclusões.
Se alimentar e vender estas idéias em jantares com  quem convinha e depois viajar pelo planeta, comprar bens móveis e imóveis, etc...

Nas noites que o ser-apagado me ligava pedindo uma ajudinha, uma ideia, dizia que era rápido, era só uma perguntinha, um palpite, uma sugestão. Uma dúvida. Uma suposição. Ou o que eu faria? Como poderia ser resolvido?Qual a minha opinião?... o ser tomava horas das minhas noites preciosas e eram horas mesmo: Duas, três, quatro horas de telefone.
Eu me dizia: isso não é uma pessoa precisando de uma amiga generosa como eu sou a qualquer momento que alguém tem dúvida e quer conversar comigo três, quatro horas ou quer me ver... Isso é um ser mesquinho. Egoísta. Compromissado. Me ligando três vezes na semana, mas eu não percebia que estava sendo vampirizada e desconhecia esta antiquíssima modalidade de relacionamento humano.

Meses, semanas ou até mesmo dias depois eu reencontrava literalmente a minha sugestão in progress de realização ou realizada. O ser-apagado atendia o cliente com as minhas ideias. Um dia decidi não participar mais daquele centésimo brainstorming que iria alimentar as agencias de publicidade que atendiam as contas dos shoppings, dos refrigerantes, das holdings, etc...E perguntei: Quanto vale uma ideia? Por quanto estás vendendo as minhas idéias?
 Não me respondeu, desconversou.

Ora, todos sabem que eu crio modelos de negócio com ideias para desconhecidos queridos, para amigos que enfrentam dificuldades. E isso é espontâneo, é de família. Meus pais e avós criativos também fizeram com a mesma sinceridade e amor.

Mas...

O shopping que tinha uma fachada obscura, agora tinha um evento de raio laser na noite com vitrines externando o conteúdo em fotos gigantes; uma loja ou franquias de lojas que eu pagasse para poder nadar ou aprender a nadar dentro piscina da loja; livros gravados em CD, para que eu pudesse escutar aquilo que não posso fazer simultaneamente quando pinto, desenho; comida que eu pagasse só pelo que eu fosse comer, pesada na balança; loja especializada em produtos judaicos; Loja com roupas de frio para quem sai no verão do Rio de Janeiro para a neve de Nova Iorque; porta de loja-vitrine, quando aberta; lá, lá,lá...

Vampiros não são amigos. Aproximam-se de você e tomam suas ideias na veia criativa que alimenta seu cérebro! Vendem suas idéias  para oportunos investidores por uma pequenina comissãozinha para amigos num grande negócio onde os outros membros da comunidade estão favorecidos e vivem disso: Negócios!
Após cinco, dez anos, quando não conseguem mais meter os dentes no seu pescoço mostram os dentes para você e os seus.

São eficientes. Na maioria das vezes já estão vivendo tranquilamente daquilo que te tomaram.

Eles existiram. Existem. Existirão.

Fernanda Correia Dias
in Atenção!





Nenhum comentário:

Postar um comentário