segunda-feira, 16 de junho de 2014

...Natural e sintéticos?
Foto Fernanda Correia Dias . O Rio de Janeiro da minha barca

Compreendo...Compreendo...Eu gosto muito do plástico. É uma matéria genial quando aplicada em diversas circunstancias. Infelizmente ainda não é biodegradável...
O plástico imita muitas matérias. Dá a impressão. Até convence o observador. Mas estamos todos os dias nos afastando muito do conceito de autêntico e das matérias naturais.
Folheando livros de trajes, antigos e modernos, cotejo as fotografias e percebo: os povos não trazem mais seus trajes típicos, com aquelas matérias primas características das regiões. Agora é uma matéria plástica, mais barata, parecendo com o que era em lã, em ouro, em prata ou linho...
As mocinhas ainda dançam com os tradicionais pastores... mas os pastores... Que pastores?
São outros tempos. Já não tratam mais dos rebanhos nas planícies, nem ordenham as vacas, tudo é mecanizado, computadorizado, automatizado... Os ourives não fazem mais filigranas, não é preciso, os corações vem moldados, fundidos, prontos, acabados em metais baratos ou até mesmo de plástico e são bem mais convincentes que muitas joias verdadeiras. As meninas não sabem nada sobre os véus e os pentes para os véus e cabelos, que antes eram os pentes cortados em cascos de tartarugas..em marfins....e os véus construídos em fios de sedas resultando lindas rendas e agora são de plástico e de nylon e podem trazer outras cores, como vermelhos e azuis...E não matam as tartarugas nem fazem os coletes armados com as legítimas barbatanas das baleias nem colhem o algodão nem cultivam o interessantíssimo bicho-da-seda...Fazem de plástico... De nylon.  
Se todo o plastico virasse adubo ou fosse recolhido para ser reutilizado...Mas...Da rua as meninas trazem suas comidinhas de plástico... Estas almondegas, salsichas, linguiças de plástico em embalagens de plástico... porque os bichinhos comem rações, a engorda acelerada, para o consumo e o lucro que não é de plástico... É um mundo que se afastou da natureza e sabe o tempo que leva a decomposição do plástico.(!)
A instalação desta realidade que ensina na velocidade um pensamento que "é melhor assim, mais prático e mais barato", também ensina outras sutilezas tais como torne tudo descartável. Não conserve. Não preserve. Viva o que parece mas não é. Afaste-se do autêntico. Do natural. E as mulheres e os homens estão cada vez mais cheios de botox parecendo caricatura de si mesmo, bonecos... Músculos e corpos de descartáveis...Jovialidade de plástico...A cabecinha de plástico, resolvida com o plástico.
O nosso Planeta não tem uma lata de lixo ou uma maquina digestora que transforme o plástico em vida. Muito pelo contrário. A vida no Planeta tem sido constantemente  afetada. Os pássaros marinhos com suas barrigas cheias de tampinhas plásticas, as ilhas gigantescas flutuantes de lixo plástico  nos oceanos... as praias de lixo...E se os peixes comem plastico e os pássaros comem peixes e os mamíferos comem pássaros... Estamos comendo plástico...Ah...e as idéias?
As idéias também sofrem desta síndrome da inutilidade descartável. Os modernos estão tatuados e tribais à diversas  e autenticas novas-tribos que desejam ser naturais, autênticas e globais.
Eu que sou da tribo Sem-Tattooooo fico alegre e penso, talvez esse seja o caminho de ida que não tem volta.Vão se aproximar da natureza e vão valorizar, preservar, concluir a sustentabilidade sem poluição, etc..
Então perguntei ao rapaz: Como é? Você não sabe distinguir o que é natural do que é sintético?
E ouvi...Natural? Sintético? Estou muito ocupado, não tenho tempo para buscar um dicionário ali na minha estante...deixa ver se encontro aqui na internet...no celular... Hum... está com sorte... Natural é um restaurante antigão, da década de oitenta.Como é que você pode imaginar que eu ia saber esta palavra? Eu só tenho 18 anos... Aliás como foi que você pintou de branco esta mecha no seu cabelo? Irado...
Hummm. Fiz um silêncio. Agradeci. Estava atrasada, sorri, me despedi e parti.
Estamos vivendo excesso de informação? Até quando?


Fernanda Correia Dias
in Natural e Sintéticos






 








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