quinta-feira, 17 de abril de 2014

Deusa
A Deusa ensinando a filha a voar. Vá. II.
 Foto Fernanda Correia Dias

Quis saber se era longe, se teria pernas para caminhar
avisou que eu usaria as asas
abriria os braços e esticaria os pés sorrindo com os olhos bem abertos.
Quis saber se iria ou não iria voltar
porque é caminhando que se faz o caminho, não é?
O silencio fez um assovio,
as folhas secas ficaram suspensas, rodavam em círculo,
um ar quente,cobria a maior altura visível e era ele que perguntava:
Sonhou que estavas num mar de gente de asas, casas...?
Que falavas num idioma difícil?
Dei o que tinha de mais precioso naquele instante, palavras.
Sonhei acordada. As lentes escuras,
nada é suficiente quando os outros estão às cegas 
nesgas, negas e procuram entender o que não entendem.
Um ar quente me suportava era a mão do deserto suavemente.
Vi bem perto a performance do equilíbrio
construindo a transparência do vidro.
A palavra mais difícil era inaudível.
Eu via o gesto
Por aqui...Por aqui...
e as asas estavam sobre as minhas.

Fernanda Correia Dias
in O s grandes desertos



2 comentários:

  1. E este grafismo delicado? Borboleta? Beija-Flor? Bordado?
    Quando vi pensei naqueles ballons de quadrinhos
    com varias consoantes...sobrepostos sinais gráficos, meio-sem-palavras.. Susto e engasgo...
    Beijo, beijo!
    Fernandinha / Fernanda Correia Dias

    ResponderExcluir