quarta-feira, 23 de abril de 2014

Dia 23 de Abril, dia do livro, quero pensar hoje na minha mãe 
e seu lindo livro Amor de Ausências
Beijo Mãe!
Fernanda Correia Dias
in Dia do Livro

terça-feira, 22 de abril de 2014

Letras
Auto-retrato . Fernanda Correia Dias

A característica da minha escrita é que acesso a janela de NOVA POSTAGEM escrevo e publico.
Poema, depoimento, cronica, conto...
Fixo o pensamento com letras como a filmagem de um  voo. 
O instante. Eu sou uma autentica escritora, porque escrevo e me inscrevo no instante.
Não tenho rascunho. Não passo à limpo.
A hora que marca o Post é o fim da minha escrita.
Não faço revisão, não tenho revisor. Seria ótimo que tivesse.
Se escrevo num papel, normalmente escrevo o lugar, dia, mês ano e hora.
Os textos nascem, crescem, se apresentam sozinhos ou atravessam portas caminhando na direção dos meus dedos e tomam posse do papel em branco com todas as letras.
Fernanda Correia Dias
in Característica da minha escrita

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Renovação
Auto-retrato I .Fernanda Correia Dias

Para frente é que andamos. Para frente.
Isso é renovação.
Para frente é que andamos.
Para frente tenho o horizonte, a nuvem, o perfume.
Para frente tenho o dia, a tarde e a noite.
Para frente é que sei que encontro os que estão me procurando.
Vamos! 
Para frente.

Fernanda Correia Dias
in Renovação





Auto-retrato

Auto-retrato I a . Fernanda Correia Dias

Auto-retrato, eu fui mudando, fui deixando de ter a casquinha que eu tinha e continuei dentro de mim.
Muitas vezes fiquei assim, com o olhar parado pensando que alguma explicaçao viria me abraçar.
Normalmente vinha. Minha mae era a propria explicaçao.  Me abraçava. Quando nao vinha eu pensava o quanto me fazia falta nao ter o abraço da minha mae naquele instante.
Agora por exemplo, que o teclado nao escreve nenhum acento grafico eu passei por esta expressao do meu desenho. Por que a casquinha muda, mas a expressao e o sentimento e o mesmo. 
Ela me disse: Escreva assim mesmo. Depois que o teclado voltar a funcionar, voce corrige. Está bem. Entrou um agudo como? Não me pergunte... Agora entrou o til... 
Então...vou corrigir...Auto-retrato, eu fui mudando, fui deixando de ter a casquinha que eu tinha e continuei dentro de mim.
Muitas vezes fiquei assim, com o olhar parado pensando que alguma explicação viria me abraçar.
Normalmente vinha. Minha mãe era a própria explicação.  Me abraçava. Quando não vinha eu pensava o quanto me fazia falta não ter o abraço da minha mãe naquele instante.
Agora por exemplo, que o teclado não escreve nenhum acento gráfico eu passei por esta expressão do meu desenho. Por que a casquinha muda, mas a expressão e o sentimento são os mesmos. Ela me disse: Depois que o teclado voltar a funcionar você corrige. E você percebeu que eu fui abraçada? A vida é para frente.
Fernanda Correia Dias
in Acredite quando quiser



sexta-feira, 18 de abril de 2014

Quaresma
Quaresma . Foto Fernanda Correia Dias

Esta. Esta flor. Esta cor.
O Rio de Janeiro ficava desta cor, na quaresma.
A Floresta da Tijuca, o Alto da Boa Vista, as Paineiras, Santa Tereza, a Mesa do Imperador...
O Parque da cidade, a encosta do Jardim Botânico, do Horto...Do Parque Lajes.
Eu sabia sem saber: Estavam próximas as procissões, os anjos com asas e vestidos compridos, as músicas tão tristes, um bum, bum.... e o Jesus sofrendo, crucificado, morto, ressuscitado....Os incensórios de prata lavrada presos em correntes, balançando nas mãos dos meninos e a fumaça subindo como um pensamento escuro. Minha mãe chamava meu pai para ver a procissão conosco, e ia nos explicando o sofrimento, a paixão, a vida, a dor, a ressurreição.Alguns adultos assopravam: Elas vão ficar impressionadas. Melhor não vêem isso não...Minha mãe ia explicando que Jesus não estava ali, era um boneco, um teatro, uma representação do que o Jesus passou em vida. Para ninguém nunca mais maltratar alguém daquele jeito...
Senhor dos Passos, eu ardia de espanto. Um misto de onde é que eu estava e o que é que eu estava fazendo ali e por que(?) com uma vontade de ficar bem perto dos meus pais, abraçada no colo deles, sendo levada por eles e a procissão ficando para trás, para trás...Ia comigo uma prece, muito parecida com aquelas que ouvi as multidões cantando e eu repetia e repetiria por toda a minha vida lembrando sempre do meu pai Sol Helio: Santos, santos, dos santos...Todos os Santos e da minha mãe, a Maria.

Fernanda Correia Dias
in Geografia Familiar


quinta-feira, 17 de abril de 2014

Deusa
A Deusa ensinando a filha a voar. Vá. II.
 Foto Fernanda Correia Dias

Quis saber se era longe, se teria pernas para caminhar
avisou que eu usaria as asas
abriria os braços e esticaria os pés sorrindo com os olhos bem abertos.
Quis saber se iria ou não iria voltar
porque é caminhando que se faz o caminho, não é?
O silencio fez um assovio,
as folhas secas ficaram suspensas, rodavam em círculo,
um ar quente,cobria a maior altura visível e era ele que perguntava:
Sonhou que estavas num mar de gente de asas, casas...?
Que falavas num idioma difícil?
Dei o que tinha de mais precioso naquele instante, palavras.
Sonhei acordada. As lentes escuras,
nada é suficiente quando os outros estão às cegas 
nesgas, negas e procuram entender o que não entendem.
Um ar quente me suportava era a mão do deserto suavemente.
Vi bem perto a performance do equilíbrio
construindo a transparência do vidro.
A palavra mais difícil era inaudível.
Eu via o gesto
Por aqui...Por aqui...
e as asas estavam sobre as minhas.

Fernanda Correia Dias
in O s grandes desertos



Deserto

O deserto da minha blusa . Foto Fernanda Correia Dias

Todo o mais está por perto sempre.
Deserto dourado logo ali na minha blusa
e os botões de madrepérola costurados em linha de seda
fundo do mar findo, persistindo no nácar 
nada vejo como parte do meu corpo, sopro
já estou do outro lado do espelho e o mundo
é um pensamento encrustado no relevo
da duna que se ergue areia no meu peito.
Fernanda Correia Dias
in Os grandes desertos.


Solidão
A voz da grande nuvem . Foto Fernanda Correia Dias

Ouvia muito os amigos dizerem que estavam lendo Cem anos de solidão. Eu não tinha tempo para longas leituras, precisava produzir imagens com as minhas mãos na mais absoluta solidão,  meus olhos pregados em lapiseiras descrevendo minhas novas idéias ou soluções para determinados desafios... Presos em  tintas, papéis, pontas de pincéis, penas, grafites, janelas de câmeras fotográficas, filmadoras, dirigindo fotógrafos, paginando produtos, layoutando idéias, redigindo textos, títulos, etc... Não era possível ler um livro e desenhar ou fotografar ao mesmo tempo.Ou faltavam olhos ou faltavam mãos.

Então meus ouvidos sonhavam com gravações de textos de todos os autores não lidos e eu sempre pedia aos donos de gravadoras, que chamassem atores de lindas vozes para gravarem livros, em qualquer mídia, que eu já era a primeira cliente da lista de compradores. E nada... Tanto falei que um dia apareceu, mas já era tarde...

Iniciada na poesia desde antes do meu nascimento, filha e neta de Mãe e Avó poeta, Maria Mathilde e Cecília Meirelles, a poesia é sempre o tudo que eu tive e que eu preciso. Enxuta, sucinta. De coração. Perfeita para a velocidade da minha vida. Me especializei. Priorizei. Ficou de lado o texto corrido que me esforçava para concluir a leitura.
Melhor que fossem livros de cronicas que prosseguir a leitura sempre adiada de alguns livros específicos e interessantíssimos de filosofia, sociologia, etnografia... Terminava de ler a cronica mas nunca de ler um romance. Perdia o interesse nos infindáveis parágrafos, como quem dorme lendo sem aprender a conclusão.
Mesmo daqueles livros que os amigos diziam que estavam lendo. Então eu pedia para que me contassem o que aquele romance acrescentou em suas vidas.

Quase sempre nada muito espetacular. Eram os detalhes, o modo, o pensamento mágico, sutilezas.
Eu concluía: A humana companhia.
Por isso eu empilhava os livros e andava pela casa de paredes de livros, querendo conhecer todos eles.
Mas faltavam mais olhos e mais mãos...Eu precisava ter mais cabeças para absorver em simultâneo tantas vozes em humanas companhias.

Só mais tarde, quando meu coração sabia ler, assoviar, tocar flauta  e nadar, tudo ao mesmo tempo, que mergulhei em todos os romancistas mal lidos entre eles Gabo depois que eu ouvi ele falando sobre a carpintaria de um romance:
Eu lembro da voz, lembro das mãos e dos olhos daquela palavra carpintaria nele.

E aquela história de pedras sendo transformadas em água...a população que perdeu a memória...As borboletas amarelas...A solidão como companhia, companheira, a única que realmente temos como a nossa parenta Solanda... Só ela anda...Só anda... Sol anda... dia após dia como sua unica e verdadeira companhia. Solidão. Sem. Com. Anos e anos.
Solidão? Jacinta, Garcia e benevides, bem vistes,  bien venido.

Então lembrei da minha secretária colombiana que me emprestou o livro em espanhol e da reação da minha mãe ao ler o título respondendo:
Ah... filhinha... Nascemos sós. Morremos sós.
Todo o mais é companhia, na alegria e na felicidade, na tristeza e na magia, etc...
Este todo o mais da minha mãe é genial. Ela sempre buscou o entendimento humano. Reunir. Compreender.Conviver. Estar. Ler. Estudar.
Gargalhar, brincar, pertencer, acolher. Ela sabia tudo sobre a solidão e a Solanda, nossa parenta.
Inclusive me ensinou a andar pelo mundo, vivendo, trabalhando muito, lendo e me preferindo bem acompanhada.
Eu também.
Obrigada Mãethilde,
Beijos Gabriel!
Fernanda Correia Dias
in Garcia, marques!











terça-feira, 15 de abril de 2014

Dracena
Dracena vermelha . Foto Fernanda Correia Dias

Delicada a dracena vermelha com folhas rosas e verdes
em dia de chuva!

Fernanda Correia Dias
in Chuvas
Floresta
Floresta . Foto Fernanda Correia Dias

A chuva descendo deliciosamente sobre o chão, as telhas, as calçadas...
Chuva que saudade!
Assim generosa, fresca, fazendo festa nos canteiros.
Fernanda Correia Dias
in Chuvas

domingo, 6 de abril de 2014

Árvore
A árvore na Disneyworld . Foto Fernanda Correia Dias

A beleza do Epcot Center é que em volta daquele lago, cada parte do mundo está representada e conservada com a sua musica tradicional, suas roupas e alfaias, porcelanas, paisagens características, obras de arte, arquitetura, gastronomia, ambientação, idioma...e pessoas vivendo a vida grega, mexicana, espanhola etc...etc...Eu percebo que os países estão ficando todos iguais praticando a globalização.
Revejo meus livros sobre os países do mundo e as diferentes culturas... Revejo as revistas Life, National Geographic...etc... e sinto na minha mão o quanto estas imagens daquelas equipes de jornalistas e fotógrafos maravilhosos são preciosas...Não voltaremos a ser como antes. Seremos sempre os de agora, mas sugiro que você comece a pensar neste instante sobre a cultura do seu país e as tradições.
Aproveita e ouve What a wonderful world cantada pelo Louis Armstrong
Fernanda Correia Dias
in Wonderful world 
Wilker

Frutinhas de Embaúba. Foto Fernanda Correia Dias

Enquanto a fotografia mais precisa e focada reinou tecnicamente no seculo XX,
quase nenhum espaço teve a fotografia desfocada, considerada sempre como imperfeição.
Na adolescência, convidada para fotografar Ouro Preto e fazer o levantamento histórico/artístico de duas igrejas, tive a sorte de levar para o trabalho e viagem uma camera emprestada e com fungo na lente.
O resultado do meu trabalho de portas e janelas de Ouro Preto foi deslumbrante. Muito bem enquadradas as portas e janelas, com lindas cores, traziam tecnicamente a textura de pontilismo. Belo, bela. A obra faz parte hoje do acervo do Museu do Louvre, conforme a declaração da minha orientadora, a maravilhosa gravadora Tereza Miranda.
Igual a uma fotografia desfocada a voz personalíssima de Wilker, marcante como uma fotografia reunia do som da sala aquelas pequenas notas que exibem as grandes composições. Reunia concentradamente. Assim ele leu a minha redação no palco do Colégio Brasileiro de Almeida em Ipanema. Na platéia, Pepê, Menino do Rio, Jobim, Joãozinho Orleans, etc... Antes que ouvíssemos aquela voz lendo a minha redação, Wilker manteve-se de pé no palco, sozinho, em silencio, sem pedir silencio, até que na sala reinasse uma temperatura cristalina onde posou os timbres.
Ficou mais de uma hora esperando a plateia silenciar.
Depois daquele silencio, até hoje escuto trechos da minha redação que foram memorizados por ouvintes daquela ocasião que lembram da marcante musicalidade vocal de Wilker.
José, um beijo da Fernanda
Fernanda Correia Dias
in Das flores e dos frutos


quarta-feira, 2 de abril de 2014

Cecília Meireles e Fernando Pessoa
Vitral . Foto Fernanda Correia Dias

Poucos sabem que o marido de Cecília Meireles, o designer Fernando Correia Dias criou a capa da revista A ÁGUIA em 1912. Revista de literatura  longeva que exibiu por mais de 50 anos a assinatura de Correia Dias na capa. Raro e espantoso.
Nesta Revista Fernando Pessoa estréia como escritor, mas não no primeiro número...Só depois que ele encontrou Fernando Correia Dias.Ou seja no segundo ou terceiro numero.
Pessoa anota o dia, mês e ano que encontrou Correia Dias, em sua agenda, tal importância que teve para si mesmo o encontro.

Em 1934 Fernando Pessoa publica Mensagem.
Em 1934 Cecília Meireles está em Portugal fazendo diversas palestras com muita audiência e êxito, levando sua poesia, assuntos de educação,  a poesia dos novos poetas brasileiros, acompanhada do designer Correia Dias, seu marido e pai de suas três filhas que estão no Brasil. Todos os jornais divulgam as notícias das palestras com as fotos de Cecília, do casal, os desenhos que Correia Dias faz da esposa palestrante e ambos marcam encontro com o amigo Fernando Pessoa num café.  Na impossibilidade de comparecer Fernando Pessoa envia um exemplar de Mensagem e um bilhete.
No ano seguinte, em 1935, falecem Fernando Correia Dias em 19 de novembro e Fernando Pessoa em 30 de novembro.

Em 1938 Cecília ganha o primeiro prêmio de poesia da Academia Brasileira de Letras com o livro Viagem. Mas este não é seu primeiro livro nem o último. Antecedem a este premio, os livros Espectros, Criança meu amor, Baladas para El Rei, O Espírito Vitorioso, Festa das Letras e seguem as publicações de Mar Absoluto, Problemas da Literatura Infantil, Doze noturnos da Holanda, Poemas escritos na Índia, Pequeno oratório de Santa Clara, Giroflê, Giroflá, Romance de Santa Cecília, Pistoia, cemitério militar brasileiro, Romanceiro da Inconfidência, Ou isto ou aquilo, Solombra, Cânticos, etc...

Por volta dos anos 70, quando morei na casa da minha avó Cecília Meireles encontrei na biblioteca o livro Mensagem amarrado com barbante de algodão e o bilhete. Parecia intocado. Constavam as originais páginas dobradas, precisando de espátulas. Abri e li o livro Mensagem. Tornei a amarra-lo com o barbante e encaixar o bilhete. Foi o primeiro livro de Fernando Pessoa que eu li na minha vida. Comentei com minha mãe e minha tia e ela, minha mãe me deu para ler Viagem e Mar Absoluto, escrito pela mãe delas, minha Avó Cecília Meireles.
Ali encontrei o impacto e o estrondo de Viagem e de Mar Absoluto. Uma Cecília Meireles imensa passou a morar em mim. Até meus treze anos eu tinha a Cecília Meireles Avó materna, madrinha do meu batismo, que escreveu A bailarina e Ou isto ou aquilo para mim, mas depois dos treze anos a Cecília Meireles imensa que me despertou a inteligencia literária por sua obra e por todo o ser humano.

Em 1944, é Cecília Meireles quem apresenta  Fernando Pessoa aos brasileiros e ao Brasil.
Cecília escreve o prefácio, comentários e mini bio-bibliografias, seleciona poetas e poesias e publica no livro intitulado: Poetas Novos de Portugal 

Gosto de lembrar que ela fez isso. E fez mais porque trouxe ainda no mesmo livro, Adolfo Casais Monteiro, Afonso Duarte, Alberto de Serpa, Algredo Guisado, Angelo de Lima, Antonio Botto, Antonio de Navarro, Antonio Pedro, Antonio de Sousa, Augusto dos Santos Abranches, Branquinho da Fonseca, Camilo Pessanha, Carlos Queiroz, Cortes Rodrigues, Fernanda de Castro, Fernando Namora, Francisco Bugalho, João Campos, João de Castro Osório, João José Cochofel, João Falco, José Régio, Luis de Montalvor, Manuel da Fonseca, Mario de Sá Carneiro, Mário Dionísio, Miguel Torga, Natercia Freire, Pedro Homem de Mello, Ruy Cinatti, Saul Dias, Tomaz Kim e Vitorino Nemésio.

Fernanda Correia Dias
in Geografia Familiar





Sem Cecília Meireles eu morro
Fernanda Correia Dias fotógrafa e pintora do azulejo Estrela do Mar

Hoje na Academia Brasileira de Letras, estava conversando com a Professora Danielle que me contou que levou as crianças de sua escola na Gávea para conhecer a piscina, o banco e a fonte de cerâmica criados por Fernando Correia Dias. Estes trabalhos que foram imaginados e construídos como mobiliário de jardim para a residencia do Dr. Guilherme Guinle, são mais que simples mobiliários, são verdadeiras declarações arquitetônicas de inteligência e sensibilidade. A piscina convida a desfrutar o frescor das águas do Carioca sem represar as águas, admirar a beleza de nossa fauna e flora sentados num banco ergonométrico e beber águas cristalinas cara à cara com um lindo e generoso tupinambá! A Residencia do Dr. Guilherme Guinle é hoje, o conhecido Parque da Cidade, que fica lá em cima da rua Marques de São Vicente, na Gávea.
Fiquei muito feliz de saber que a professora Danielle levou seus alunos para plantar mata atlântica e conhecer as obras de Fernando Correia Dias. Porque amar o Rio de Janeiro, o Brasil, preservar a Mata Atlântica e respeitar os índios, aprender que eles fazem cerâmicas admiráveis e que dominam tecnologias espantosas, desde fazer uma canoa para 10 indivíduos sem derrubar uma árvore até atravessar mais de mil pessoas sobre um rio muito largo numa ponte desarmável, é iluminar indivíduos para o futuro, é oferecer o ótimo, tão desejado por Cecília Meireles, para a criança, o novo indivíduo do amanhã.
E porque eu falava de meu Avô Fernando Correia Dias e de minha Avó Cecília Meireles, Elissandro Aquino da Livraria Viramundo de São Lourenço me contou que estava na livraria no dia que a menina de 8 anos pediu um livro de Cecília Meireles, ele apresentou dois e ela preferiu o que não tinha nenhuma ilustração. Antes de sair da livraria e abraçada com o livro ela disse:
_Sem Cecília Meireles eu morro.
Concordo.
Beijo para todos.
Fernanda Correia Dias
in Geografia Familiar

terça-feira, 1 de abril de 2014

Caiu, Primeiro de Abril!
Foto Fernanda Correia Dias

De manhã bem cedo, chegava a mentira. 
Uma mentira crível mas enviesada. Daquelas que certamente eu aprenderia mais alguma coisa sobre você e sobre a vida. Alguma coisa que eu ainda não sabia. Por exemplo, você vinha até a minha cama, me acordava e me dizia: Comprei um livro que eu deixei na escada e não acho. Você encontraria para mim? Eu fazia algumas perguntas: Na escada? Qual escada? Aqui dentro de casa ou a escada do jardim? Será que a pastora-alemã, pegou para brincar e está lendo? Será que você guardou no armário e se esqueceu? Trouxe mesmo para casa o livro?  etc...E você tentava responder me convencendo. Acontece que a sua voz descia ou subia uma oitava acima ou abaixo... sua boca firmava uma virgula levantada no vértice, demonstrando que aquilo seria seguido de uma risada,
seus olhos não me olhavam naturalmente e suas sobrancelhas ficavam arqueadas. Seus lábios fechavam de modo leve sem nenhuma naturalidade e então eu descobria A Mentira!
Mas antes que eu dissesse que você estava mentindo, abrindo ainda gavetas empenhada em encontrar o livro, você me vendo tão aflita me dizia: Caiu, Primeiro de abril!
Abria uma gargalhada e ria até chorar de tanto rir, relembrando que eu peguei e subi numa escada para ver se o livro estava no vizinho, que fui até a garagem verificar se tinha ficado no seu carro... Que levantei todas as almofadas do sofá e nada de livro...
Pelo menos você fez isso comigo umas 45 vezes...nos 51 anos que vivemos juntas!
É mãe, você me ensinou tudo o que você sabia. Ler a face de uma pessoa que mente. Ler a situação. Perceber o absurdo, o factível, treinar as minhas perguntas, buscar a lógica, ponderar os fundamentos de uma resposta, etc... E o mais sensacional é que era um dia inteiro de brincadeiras, aprendendo a conhecer o outro, o rosto do outro e A Mentira.
Assim, aprendi todos os seus sinais. Criei até uma expressão: "Está de boca"... eu sei ler seu pensamento por combinações de micro músculos da sua boca, as virgulas do seu olhar, o stacato do ar das suas narinas, as sedas das suas pálpebras e os arcos das sobrancelhas,  que você está mentindo...Eu sei você não me engana e a gente caía na risada!
Então... Hoje você está aqui no meu peito, brincando comigo de lembrar de Caiu Primeiro de Abril!
Em você o mais belo é viver em absoluta verdade, porque toda verdade é forte e bela.
Fernanda Correia Dias
Lições de ser humana
Para a minha Mãe Maria Mathilde