terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Ilha de São Miguel Azores

Meu povo da Ilha de São Miguel . Azores . Portugal . Foto Fernanda Correia Dias

As vaquinhas ficam te olhando entre o céu e a terra, preto no branco, branco no preto e aqueles olhos de terra já viram tudo se repetindo... Os homens e as mulheres cuidando da terra, a terra cuidando das mulheres e dos homens. As vaquinhas ficam te olhando entre a terra e o céu, mas eu encontrei este povo dentro de uma caixa, todos enroladinhos em papéis de seda bem finos, estas mulheres, estes homens e estas vaquinhas de terra. Uns sopram uma flautinha, outros trazem a manta e o guarda-chuva, os dias em terras vulcânicas tem sempre as quatro estações. Estamos no meio do Atlântico, embalados por ondas azuis, o voo que me levou à São Miguel, chamava-se o voo azul. Não sabia se o avião estava voando sobre o céu ou sobre o mar... Por horas tudo era azul... umas baleias brancas? Umas ilhas espumando...? E já estava ali nos braços de Orísia, de Antonio, de Alcides, de Pedro, de Victor, de Antonio, de Lara, de Humberta, de Margaridinha....E não encontrei a outra Margarida nem o outro Antonio, aqueles do Museu Carlos Machado... Mas encontrei outro Antonio e Adelaide...E vi a casa de Armando Cortes Rodrigues e fui no mercado. Andei por toda a Ilha e comprei inúmeras e maravilhosas caixas de queijadas de Vila Franca. "O doce da minha vida"...E sentei diante da lagoa verde e da lagoa azul, e caminhei pelas margens ao lado dos patinhos.... e comi as vagens e as alfaces com as sardinhas e era um sonho e era realidade. Eu sabia onde estava, onde era a Igreja da Nossa Senhora das Oliveiras ao lado da casa dos meus antepassados e li que ali morou Jacinta a Avó de minha Avó Cecília Meireles... E entrei na Escola Cecília Meireles e passeei na avenida Cecília Meireles...Visitei a Biblioteca da Universidade, pedi os livros de Cecília...
E mergulhei nas águas quentes... andei por brumas e vapores, por caldeiras brancas, negras e tomei águas de cobres e mal acreditava que tudo aquilo ainda estivesse por ali  após estradas cobertas com rosas cor de rosa e hortênsias lilases, verdes, pinks... E as sempre-vivas, vivas, nos jardins de Orísia, em torno das casinhas de pedra escura... dura... a mesma que endureceu nas torneiras das bicas de água em 1524.
Este povo saiu de dentro da caixa, estão todos com catorze anos... E tudo parece que foi ontem, mas aprenda, Fernanda, aprenda...As vaquinhas ficam te olhando entre o céu e a terra, preto no branco, branco no preto e aqueles olhos de terra já viram tudo se repetindo... Os homens e as mulheres cuidando da terra, a terra cuidando das mulheres e dos homens.Todos muito amigos e amados. Todos unidos. Muito unidos e morro de saudades verdes e azuis do meu povo da Ilha de São Miguel, meu povo do D´ouro e da Ilha da Madeira , da Ilha Grande e da Ilha de Marajó... embalados por ondas azuis!

Fernanda Coreia Dias
in Perpétuo 


3 comentários:

  1. Ganhei três corações, Telma!
    Mas eu esqueci de escrever o nome do meu irmão-atávico miquelense.... O Tomás Vieira! E faltou a Conceição, e outro Victor...e as minhas amigas das Bibliotecas, e o João Camara, e a minha amiga ligadíssima aos bordados azuis... Ah... Volterei aqui muitas vezes para fixar o nome dos meus amigos!
    Beijo Telma! Como está a poesia da Saara? E o sucesso da tradução de Ou isto ou aquilo? Por que não fazem uma edição trilingue? As crianças como eu, iam adorar! Beijo Telma!
    Fernandinha

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  2. Fernandinha! Suas descrições são tão lindas e tão cheias de sentimento que a gente fica com saudades dos seus amigos como se eles fossem nossos também, mesmo sem tê-los conhecido.

    A poesia da Sarah está linda! Li pouco ainda porque ela é reservada e ainda não quis mostrar tudo, mas amei tudo o que li! ♥ Vou dar seu recado e seus beijos a ela. :)

    Beijo grande! Saudades de nossos papos por email :)

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