quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Val e o Valderês
Alto da Boa Vista . Foto Fernanda Correia Dias

Val quando chegou em nossa casa na hora da janta para conversar comigo, viu que uma das meninas estava sentadinha comendo sozinha na mesa de jantar com sua colherzinha, pratinho e guardanapo e a outra estava mamando no meu peito.
Então animada com o ambiente e recém chegada da Paraíba, Val disse com todo o carinho para a Kenya:
"Kenha, se você cumê tudinho, nós vai lá passeá na praça..." A Kenya ouviu a Val falando e corrigiu: Não é nós vai... é nós vaaaamoooosss... Não é mãe? É Kenya... Mas é que a Val fala outro idioma...
"Kenha nós qué que você coma tudinho para ficar com a perna bem forte e correr muito..." A Kenya ouviu a frase longa e corrigiu: Val não é nós qué! O certo é : Nós queremos!
Impressionada a Val perguntou: Quantos anos ela tem? Kenya respondeu: Tenho três vou fazer quatro!
E já é assim sabida?Imagina quando ficar grande vai ser importante porque já fala muito bem! Cumu é qui podi tão pequenininha prestando atenção assim?Vai falar ingual essa gente de outro país!
Não é cumu... O certo é como, não é mamãe? Nem é podi! É podeeee! Não é ingual é igual! Isso é Português!
Antes que minha filhinha me impedisse de ficar com uma moça recém-chegada no Rio de Janeiro, diretamente da Paraíba, insisti com a sabida: Ela não fala português, ela fala Valderês!
E a pequena inteligente, riu desbragadamente até ficar com soluço desconcentrando a irmã menor que por estar mamando e por audição da risada da outra, resolveu também gargalhar!
Hoje, todas nós incluindo a Val falamos além de outros idiomas, o sólido português e o inesquecível Valderês!

Fernanda Correia Dias
In Brasilices


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