terça-feira, 29 de janeiro de 2013


Aldeia Maracanã ou meu amado Museu do Índio
Rio de Janeiro . Brasil

Fernanda Correia Dias . Acrílico sobre canvas . Aldeia Maracanã ou Meu Museu do Índio

Traço absolutamente perceptível no meu retrato são meus cabelos de água, pretos, lustrosos e o mais preto que eu jamais encontrei equivalência em nenhuma coisa, tinta...Até que entrando na Feira da Providencia/Riocentro/1995 e seguindo diretamente para o stand da FUNAI, trazendo uma filha em cada mão, cruzei com um grupo de seis indivíduos nus, vestidos de pintura preta e que nos cercaram, nos cheiraram ao mesmo tempo que me perguntaram:
Quanto tempo você aqui?
-Acabei de chegar... Por quê?
Você Urubu.
-Ah... sim...Meu avô paterno...
Onde está?
-Meu avô paterno? Faleceu.
Você é...
-Por isso estou levando as minhas duas filhas para conhecer a Beleza da Cultura autóctone do Brasil no stand da FUNAI.

Então, quando cheguei no stand, aconteceu algo mais surpreendente.Os clientes voltavam-se para mim, perguntando se eu falava portugues? Se eu sabia o preço dos produtos ou como eram feitos ou qual a finalidade, etc...Precisei dizer a cada um que eu sabia para que servia, ensinar como fazia, mas que eu não sabia o preço, que eu não pertencia ao stand, que eu era cliente como eles e que também estava procurando a quem perguntar sobre os preços...Mas não convenci o grupo de clientes que me respondiam ser "evidente" que eu pertencesse ao stand e que estava de má vontade de atender...
Eu sabia para que serviam aqueles objetos, porque eu conheci o Museu do Índio. Porque me interessei por seus maravilhosos e legítimos produtos de sofisticadíssimo design e inteligência quero deixar aqui um eterno pedido das vozes mais antigas da minha infância ancestral, aos que porventura lerem esta postagem de três mil anos de arte marajoara:
Para o bem do mundo, para o bem do futuro de todas as nações, para o bem do Brasil, mais importante e legítimo que o futebol, é amparar imediatamente, dignamente e generosamente a Aldeia Maracanã, o Museu do Índio com vontade política de realmente respeitar o autentico e ainda original homem do Brasil, que conserva na sua cultura a nossa Maior e Exemplar riqueza: A Inteligência.

Fernanda Correia Dias
in Geografia Familiar
Para todos os que leram até aqui e também para
as minhas filhas Gaya e Kenya,
Para o meu pai, Helio, meus avós paternos, Ana e Athanazio
meus tios Dilermana, Alba e Athanazio, meus primos...
E para os meus avós maternos, Fernando Correia Dias, Cecília Meireles e Heitor Grillo



3 comentários:

  1. Eu. Eu sim. Meu-Eu Ka´apór Urubu, exige a preservação da Aldeia Maracanã ou Museu do índio ou Serviço de Proteção ao Índio ou espaço-maracanã-histórico que as aves verdes(maracanãs) sobrevoando diariamente vigiam e testemunham como gritos legítimos de propriedade garantida em documentos a acordos que... foram rasgados?

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  2. É uma pena que neste nosso Brasil, neste nosso Rio de Janeiro, tenha que se lutar tanto pra se preservar as raízes. Deveria ser naturalmente espontâneo.
    Gostei desta sua história... difícil mesmo de convencer os clientes (rsss).
    Beijocas.

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