sexta-feira, 22 de julho de 2011

Fernanda Correia Dias . Buganville II. Fotógrafa

"Quando eu era criança elas existiam aos montes e passavam por nós como equilibristas, jogando braços e pernas com a trouxa na cabeça.
Davam ao mundo, uma sensação de que o que era difícil, era possível de ser superado, com tenacidade e imaginação e Deus certamente colocava a mão para ajudá-las no equílibrio daquele fardo!
Eu tentei algumas vezes, imitá-las por parecer tão fácil...Mas não era fácil não!
As lavadeiras, abriam toalhas de mesa e iam contando as peças que jogavam no meio da toalha, depois de dar o preço pelo serviço. Um espanto, era ver quando a roupa voltava, lavada e quarada no sol, sequinhas e muito alvejadas e perfumadas, todas dobradas e passadas com muito esmero! Agora voltavam empacotadas no pano da lavadeira... um pano de saco de farinha, branco e também muito alvejado... Como um embrulho lacrado com alfinetes de fraldas...Já não existem mais estas lavadeiras e certamente faz mais de 40 anos que não vejo nenhuma passando nas calçadas da rua... Mas hoje eu vi! Negra, linda, redonda e com a trouxa na cabeça, como uma Bahiana que fugiu da Ala das Bahianas do carnaval da minha infância e da minha memória de cotidiano, mas que voltou... Que linda! Obrigada!"

Fernanda Correia Dias

in Estas histórias das nossas vidas





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