domingo, 24 de julho de 2011

Fernanda Correia Dias . Tão simples! . Nanquim sobre papel

"Eu fui convidada para uma festa tradicional e fui. Uma Festa Juliana ! E são duas Julianas!
Nem acreditei que estas festas maravilhosas ainda poderiam existir, porque as pessoas que sabiam fazer estas festas fazem parte da minha infância. Eram famílias que exercitavam reunir os amigos, brincar de verdade.
O dia, era perfeito e a noite trouxe uma lua de cinema.
O local no convite era completamente poético: Praia da Brisa...e não nos perdemos no caminho, porque Santinha estava no carro!
A Festa tinha bandeirinhas, lanterninhas e muitas flores coloridas, uma fogueira lindíssima, sanfoneiro cantando com os músicos, corrida de saco, dança das cadeiras, pescaria, colocar o rabo na burro, jogo de argolas, pipoca, passeio na carrocinha e burrinho com flores, Santo Antonio, salsichão, cachorro-quente com molhinho de pimentão, tomate e cebola, milho cozido, barraquinhas lindas enfeitadas com chita, fitas e flores...Uma família de amigos, dispostos a brincar e brincar mesmo! Todos estavam vestidos com os trajes, até Bia e Clarinha!
Dançamos a quadrilha como se tivéssemos passado dias e dias ensaiando!
Dançaram os casais debaixo daquela lua imensa, tão bonito!
Aparecida apareceu para torcer pelo Nerçon...na dança das cadeiras dos homens...E me protegia guardando lugar para mim! Na dança das cadeiras das mulheres!
Eu me senti com 8 anos e no lugar certo. Todos tinham oito anos. Mesmo os que já contavam oitenta.
Porque saber brincar, como estávamos brincando com todos e daquela forma, era dizer ao mundo que ainda é possível ser gentil, ser amigo, estar disposto, querer participar e participar, ganhar, perder, acertar, viver, sonhar, reunir, abraçar, dar a mão...
Ações positivas, humanas, raríssimas e tão rara que quando dei a mão para os próximos e ficou aberta uma roda imensa sobre o gramado com a fogueira no meio, contei mais de 180 amigos de mãos dadas!
Não é fantástico? Você pode imaginar o que eu senti?
Rodamos sobre o gramado, cantando e dançando, enquanto o sanfoneiro tocava e os olhinhos das crianças aprendiam, que é possível!
É possivel abrir uma roda gigante, com muita gente feliz!
Dona Iara e Seu Fausto reúnem os filhos e os amigos, nestes últimos 14 anos e Bia e Clarinha já estão na festa!
A festa mais poética e inesquecível que eu participei neste ano...na praia da Brisa!



Festa Poética na Praia da Brisa em noite de lua cheia!


Para Ângela E.L. e toda a família!


Fernanda Correia Dias in Estas histórias das nossas vidas.



sexta-feira, 22 de julho de 2011

Fernanda Correia Dias . Buganville II. Fotógrafa

"Quando eu era criança elas existiam aos montes e passavam por nós como equilibristas, jogando braços e pernas com a trouxa na cabeça.
Davam ao mundo, uma sensação de que o que era difícil, era possível de ser superado, com tenacidade e imaginação e Deus certamente colocava a mão para ajudá-las no equílibrio daquele fardo!
Eu tentei algumas vezes, imitá-las por parecer tão fácil...Mas não era fácil não!
As lavadeiras, abriam toalhas de mesa e iam contando as peças que jogavam no meio da toalha, depois de dar o preço pelo serviço. Um espanto, era ver quando a roupa voltava, lavada e quarada no sol, sequinhas e muito alvejadas e perfumadas, todas dobradas e passadas com muito esmero! Agora voltavam empacotadas no pano da lavadeira... um pano de saco de farinha, branco e também muito alvejado... Como um embrulho lacrado com alfinetes de fraldas...Já não existem mais estas lavadeiras e certamente faz mais de 40 anos que não vejo nenhuma passando nas calçadas da rua... Mas hoje eu vi! Negra, linda, redonda e com a trouxa na cabeça, como uma Bahiana que fugiu da Ala das Bahianas do carnaval da minha infância e da minha memória de cotidiano, mas que voltou... Que linda! Obrigada!"

Fernanda Correia Dias

in Estas histórias das nossas vidas





Fernanda Correia Dias . Buganville . Fotógrafa



À mon retour", Até minha volta! Estar de volta! regresso...!
Être de retour!
É o que eu sinto quando eu vejo as flores do Buganville!
E posso ouvir as vozes ao meu lado, muitas vozes, como aplausos dizendo: Que lindo!
Que beleza... Ah...que lindo! Fan-tás-ti-co!
Porque o Buganville tem este pacto com a natureza de colorir o mundo como se fosse um jarro de tinta deitando flores.
E os tons? E a diversidade de cores? E a qualidade e delicadeza das flores?
Você alguma vez pensou na mão que plantou? Na esperança de quem plantou em vê-lo carregado de flores?
Eu sempre lembro do cedro do Líbano, quando eu olho para cada flor que encontro pelo caminho... porque o cedro do Líbano vive por mil anos... E que jardineiro sobreviveria ao cedro do Líbano para vê-lo erguido em toda a sua plenitude? Ah... como são importantes todos os jardineiros do mundo e aqueles que plantam em seus jardins!



Fernanda Correia Dias



In Estas histórias das nossas vidas



sábado, 16 de julho de 2011

Fernanda Correia Dias . Canção do Manacá . Fotógrafa

"Hoje eu acordei cantando esta canção, ao lado da minha mãe:

Lá em cima daquele morro, tem um pé de Manacá,

Nós vamos para lá, vamos passear,

Você quer? tan,tan,tan,tan.tan.tan.tan.tan...

Você quer? tan,tan,tan,tan,tan,tan.tan.tan...

Vou fazer uma coroa para te enfeitar,

Você quer? tan,tan,tan.tan.tan,tan,tan,tan
Você quer?


Então nós rímos muito...Como ríamos!

Porque quando cantávamos, éramos "repentistas" e criávamos com as palavras e em rima o que queríamos falar na canção...De coração!


(a Morte não tem a última palavra...)


Estou trazendo sua coroa para te alegrar...

Nós vamos para lá...Nós vamos para lá...


Será que todos esqueceram esta canção?

De coração?

Eu não.

Fernanda Correia Dias

in Estas histórias das nossas vidas

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Fernanda Correia Dias. Líquens, musgos e brilhantinas . Fotógrafa

"Fiz vestidos de brilhantinas e expus no chão todos os modelos e a Angelina lançou água.

Foram todos para o ralo...

Fiz canções no violão e levarei todas comigo.

Pintei com tintas, mas sei que telas e papéis apodrecem e até muito bem guardados, se desfazem.

Cantei músicas e gravei, mas já nem existem as mídias para as reproduções.

Fiz tantas fotografias...e comecei a fotografar aos 9 anos.

O mundo gira e tudo vai e vem...

Só as nuvens reúnem tudo em recombinações improváveis. Benditos são os líquens, os musgos e as brilhantinas!"

Fernanda Correia Dias

in Perpétuo
Fernanda Correia Dias . Mesinha e banquinho na Floresta . Fotógrafa

"Ainda são roseiras muito antigas. Daquelas que parecem de papel de seda.

Em todos os tons possíveis de cor de rosa.

Ainda são roseiras com perfume. Cálido. Maravilhoso. Poderoso.

Ainda são roseiras. Repletas de rosas e rosinhas. Botões perfeitos. Incríveis.

Vejo as mãos em torno delas. Mãos que falam, apontam, protegem, acariciam...

Sinceramente, caminho diáriamente entre as rosas e o perfume.

E não é uma metáfora. É uma verdade.

Onde estão? Não digo. Caminho diáriamente entre elas e temo todos os dias que desapareçam.

Porque derrubam as casas, destroem os jardins, erguem prédios horríveis e nem as roseiras...

- Plantadas com mãos de esperanças e perpétuo encantamento- ,deixam."

Fernanda Correia Dias

in Perpétuas

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Fernanda Correia Dias . Tanto Mar! Fotógrafa

"Que lindo é ver a traineira navegar em tanto mar e pensar que navegar é possível."

Fernanda Correia Dias

in Designs
Fernanda Correia Dias . Pão de Açúcar . Fotógrafa

"Para Marilinha e família, em Janeiro, no Rio!"

Fernanda Correia Dias

Para Marilinha e família
Fernanda Correia Dias . Orquídea I . Fotógrafa

"Como é que a vida pode oferecer tantas combinações de formas, de cores e de funções?

Quem rege esta orquestra de possibilidades inteligentes?

Como não se perguntar sobre tudo isso?"

Fernanda Correia Dias

in Das Orquídeas

Inteligencia de designs
Fernanda Correia Dias. Orquídea II . Fotógrafa

"Quem pensou a orquídea? E a cor da orquídea? Quem pensou esta forma? Este aroma? Para sobreviver apenas alguns dias e não se repetir jamais?"

Fernanda Correia Dias

in Das Orquídeas

domingo, 3 de julho de 2011

Fernanda Correia Dias . A árvore e a Pedra . Fotógrafa

"Tanta familiaridade atávica com a Mata em torno da Pedra que dá vontade de seguir por esta clareira para um lugar que meu DNA sabe onde fica e o que vai encontrar, mas eu não (!) "

Fernanda Correia Dias

in Geografia Familiar
Fernanda Correia Dias . Caminho no Pão de Açúcar . Fotógrafa

" Queira para si compreender profundamente o Provisório e o Permanente."

Fernanda Correia Dias

Noa Noa - Terra perfumada
Fernanda Correia Dias . Gauguin na ilha . Fotógrafa


"Tive a sensação que Gauguin apareceu na ilha

e enquadrou a luz e o movimento das ondas para que eu visse mais.

E não era um sonho, mas uma sensação de presença e companhia.

E tendo feito a foto, sinto-a impregnada daquelas mãos, daquele olhar."

Fernanda Correia Dias

Noa Noa, Terra perfumada


Fernanda Correia Dias . Espectros aquáticos . Fotógrafa


"Ainda que eu não os soubesse identificar, elas existiriam.

Metáfora ou não, causariam vontade de pensar.

Tanta luz de mãos dadas em gentil movimento, como instante de uma pergunta:

_Diga... Onde estávamos mesmo?

E seguiriam em longas conversas quânticas no meu olhar.

Nota 10. Menção honrosa. Medalha de ouro...Representantes de turmas...

Brilhantes, inteligentes, meteóricas, estrelas sonoras, musicais,

iguais a tudo que de tão sofistificado dá a impressão de muito simples...

Por isso as vejo e as reconheço em singulares Espectros aquáticos."

Fernanda Correia Dias

Para minha mãe Maria Mathilde e minha Avó Cecília Meireles




sábado, 2 de julho de 2011

Fernanda Correia Dias . Leblon e Ipanema no Rio de Janeiro . Fotógrafa
"Entrávamos todos no carro com as pranchas! É... com as pranchas dentro do carro!
Depois, de um lado para outro, de carro, iamos procurando as ondas mais perfeitas no mar.
Alí! Alí... Aqui! Aqui!
É...É... aqui!
E saímos todos do carro, arrastando as pranchas...Com a maior dedicação você me ensinava a remar na prancha!
Pepê, hoje eu te re-encontrei e não pude deixar de lembrar a linda homenagem que você fez para mim na escola... Saudades da Fernanda"


Fernanda Correia Dias


in Estas histórias das nossas vidas