sábado, 21 de maio de 2011

Fernanda Correia Dias. Fotógrafa . Lua de Mondrian

Quando a Mamãe me ensinou a jogar Batalha Naval, ela me explicou que sobre o papelinho quadriculado, eu deveria marcar onde estavam os meus navios.
O Papai falou sobre as coordenadas x e y, retas verticais e horizontais, perpendiculares e que o ponto de encontro delas seria a Origem. Falou do sistema ortogonal de René Descartes.
Mondrian me falou que os quadradinhos poderiam ser harmonicamente traçados em preto, com vários tamanhos, pintados de vermelho, azul ou amarelo, sobre fundo branco, dando pesos diferentes a estes espaços.
Na Urca, numa noite destas, a lua reuniu Mamãe, Papai, René Descartes, Piet Mondrian e eu.
E o abstrato era a mais profunda realidade.Como a Bauhaus...
O prédio de mármore branco, tinha linhas pretas preenchidas pelo reflexo de uma imensa noite azul simplificada em quadradinhos azuis e a lua inscreveu-se ali como um pensamento, um navio branco cartesiano...Uma Origem. Sobre o azul, a Mamãe, o Papai e eu que nasci a meia noite. A sugestão de um O de origem ou de zero hora!




In Estas histórias das nossas vidas



Fernanda Correia Dias

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