sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Fernanda Correia Dias . Fotógrafa . Bela Emília
"Eu era muito pequena quando descobri no jardim do Walmir Ayala na Victor Maúrta, Fonte da Saudade, Rio de Janeiro, a Bela Emília com uma qualidade além da Beleza!
Uma cola branca descia da haste, quando arranquei o bouquet. Uma seiva leitosa que eu chamei de cola natural, porque colava toda a minha mão.
A minha tia havia me ensinado a cantar "Sous le pont d´Avignon"- uma canção francesa do século XVI- e eu queria agradecer a alegria que ela me deu com aquele presente musical...Então eu pedi ao Walmir para me ceder uma caixinha de fósforos vazia que encontrei na graminha e sobre a caixinha "colei" o bouquetzinho de Bela Emília!
Ah... A Bela Emília, nasce em bouquets naturais com várias belas Emílias!
Mostrei ao Walmir o "presente "que iria oferecer à minha tia Fernanda quando ela chegasse para me buscar e ele me perguntou por que a caixinha estava vazia e ofereceu fósforos... Eu respondi que não era mais uma caixinha de fósforos, mas uma caixinha para guardar muitas coisinhas e inclusive, mais Bela-Emílias... e coloquei mais umas florzinhas avulsas na caixa. Ele achou aquela idéia "Formidável" e quando minha tia veio me buscar, eu ofereci para ela o "presente".
Subimos as escadas de sua casa cantando Sous le pont d´Avignon e quando chegamos no arco da sala minha tia recebeu o "presente" e eu expliquei que aquele bouquet natural tinha cola e que poderia ser usado inclusive como "broche"com a qualidade de não furar o tecido nem o dedo de ninguém e ser molinho e natural.
Naquele tempo homens e mulheres usavam broches nas roupas e broches eram presos com alfinetes de segurança-inseguros, que abriam e que espetavam adultos e crianças. Minha tia me falou que o "presente era "Fabuloso", enquanto eu mostrei que ela também poderia colar as florinhas nas cavas dos sapatos, como eu havia colado nos meus...Para enfeitar os pés como os cabochons removíveis dos sapatos...Mas estes não precisavam de clips...
Então minha tia colou em sua blusa a Bela Emília que estava sobre a caixinha e colou em seu cabelo uma flor e em seus sapatos as florinhas como cabochons... E assim floridas e felizes cantamos sob o arco da residencia Sous le pont D´Avignon, conforme a ilustração do livro francês que ganhei de minha Avó Cecília Meireles e que trazia a música em letra e partitura.
Meu primo e a Babá Sebastiana nos aplaudiram a performance e ela depois foi para o teatro trabalhar enfeitada de Belas Emílias!
Minha tia, uma adorável amiga, valorizou o meu "presente" reconhecendo em mim uma jovem designer-estilista. Entrou no carro portando as flores, na blusa, cabelos e sapatos,quando lançamos beijos da varanda em despedida!
Fernanda Correia Dias
in estas histórias das nossas vidas

Nenhum comentário:

Postar um comentário