Fernanda Correia Dias . Colagem
"Vi o padre Góes algumas vezes e sempre me impressionei.
Usava um chapéu preto de coco baixo e abas largas. Tipo abade...Uma veste preta e sapatos pretos.
Olhando da minha estatura de criança eu o associava diretamente ao próprio retrato de São Judas Tadeu, que ele nos entregava... iluminado...com um livro na mão, e as duas imagens se fundiam com muita graça. Ora eu o via santo... ora o santo era o abade...ora judas aparecia e Tadeu falava...
A igreja ainda estava sendo construída e lembro de montanha de britas próxima de nós.
Quem éramos? Minha mãe, eu, minha avó Cecília e ele.
Trocavam livros, comentavam sobre a gruta de pedras, onde dentro tinha o limo verde e aveludado, com a água correndo fininha entre as avencas e muitos votos pendurados...
Minha mãe e minha avó iam lendo aqueles bilhetinhos pendurados e de vez em quando, soletravam as letrinhas, enquanto eu silenciava observando um pézinho de criança, uma mãozinha... uma cabecinha... esculpidos em madeira...em cera... e tudo terminava, no refrão...pela graça alcançada...
Santa Clara, Santa Cecília...estavam de mãos dadas... atravessávamos a rua, subíamos a ladeira e eu entre as santas repetia silenciosamente o refrão... pela graça alcançada, enquanto elas seguiam calçadas, comigo, na calçada...de mãos dadas... e nós três por padre Góes, abençoadas."
Fernanda Correia Dias
Geografia familiar
28 de Outubro de 2010
Dia de São Judas Tadeu
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