terça-feira, 7 de setembro de 2010

Fernanda Correia Dias. Por que hoje é 7 de setembro


Fernanda Correia Dias . Por que hoje é 7 de Setembro . Aquarela sobre papel . Junho de 2010
" Ela me deu vários presentes maravilhosos.
Um deles foi a primeira caixa de tintas à óleo, que me prometera, com pincéis, palheta e tela.
Disse que eu deveria experimentar e me ensinou a usar a linhaça e o solvente.
Ganhei no dia do meu aniversário e ela parecia mais feliz do que eu,
quando me visitou no meu quarto, na casa da minha Avó Cecília e me entregou a caixa.
A primeira pintura que fiz, com aquelas tintas, foi um cavalinho branco.
Nem percebi naquela tempo, que fiz para agradar à ela, porque em sua casa, sobre o sofá, corriam uns cavalos em nanquim sobre papel branco, emoldurados...traços precisos em movimentos...
O meu era ao contrário... branco sobre fundo preto e figurativo...Não corria, nem trotava. E tinha uma vida improvável: Flutuava.
Conversávamos longamente sobre as artes do meu avô materno e seu pai, Fernando Correia Dias.
Gostava de me surpreender e comemorar meu aniversário na casa dela.
Tinha paciencia para dobrar em origami pequeninos pássaros vermelhos de papel que batiam as duas asas e mexiam o pescoço, quando puxávamos o rabinho e próximo à eles, acrescentar amendoins cobertos de açucar...ovinhos brancos... renascimentos...
Ouvíamos Vivaldi, As quatro estações, tomávamos café sem açucar, comíamos gelatina de morango e rosbife.
Quando ela estava dando aula de português, no Japão, me enviou um quimono de seda pura, azul turqueza, pintado à mão onde nadavam muitos peixinhos...
Marcou a minha vida com imensa e inesquecível sensibilidade.
Posso fechar os olhos e sorrir lembrando suas histórias geniais, seu sorriso e sua risada.
Ainda ouço sua voz, o sino da sua porta e ainda vejo seu sorriso na janelinha do elevador dando tchauzinho...
Mora dentro de mim."
"Elviram" do Ipiranga às margens plácidas...
Saudades da minha tia Viruchinha
Fernanda Correia Dias. 7 de Setembro de 2010.

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